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Melhores lançamentos de setembro

8 Outubro, 2019 - 17:40

Daniel Duque e Rui Castro escrevem sobre os lançamentos que mais nos marcaram ao longo do mês de setembro.

Vários Artistas – Small Hours 002 [Small Hours, 1 de setembro]
Que Youandewan é sinónimo de house refinado, já todos sabemos. O que desconhecíamos é que este possui uma editora dedicada apenas ao lançamento de VAs em vinil, sempre com amigos do produtor a assinar o ecletismo. E nesta segunda edição da Small Hours – fortíssima, há que o admitir – há house para todos os gostos. Mas foquemo-nos na jóia da coroa, a Hey Fredo de Huerta. A ginga na anca é inevitável, e até involuntária, e o arrepio na espinha denota o brilhantismo da mesma. Queres ouvi-la novamente? Pois, é normal, também nós. E só nos resta ouvir até à exaustão… se conseguirmos.



Barker – Utility [Ostgut Ton, 6 de setembro]
Com este álbum de estreia, o cofundador da Leisure System volta a afirmar-se como um daqueles produtores que explora o mundo do techno sem necessariamente utilizar os habituais padrões de kicks. É claro que Sam Barker inspira-se também na música ambient, breakbeat ou leftfield ao longo deste trabalho, mas o que mais vicia são as melodias sonhadoras, as modulações sonoras, os variados elementos a que recorre. Utility é o quarto disco de Barker a solo e, para já, resta-nos embrenhar neste primeiro longa-duração por mais uns tempos.



Black Light Smoke – Nothing Makes Me Feel (Good Anymore) [Scissor & Thread, 6 de setembro]
Depois de City Life, editado em março passado, também pela Scissor & Thread, o produtor, compositor e músico norte-americano regressa com Nothing Makes Me Feel (Good Anymore), um EP com faixas inteiramente da sua autoria com recurso a um deep house cru, e por vezes melancólico, mas pleno de groove. Poderíamos destacar uma ou outra faixa, mas este é um EP positivamente homogéneo e bastante coeso, portanto, façam as vossas próprias escolhas.



Lewis Fautzi – Extinction [Soma Records, 6 de setembro]
Já lá vão alguns anos desde que o DJ e produtor de Barcelos começou a cimentar o seu lugar não só na cena nacional, mas também na internacional. A Soma Records foi uma das primeiras a apostar no português – além de EPs como Turn, de 2013, lançou os dois primeiros álbuns do barcelense, The Gare Album e Space Exploration – editora à qual Lewis Fautzi regressa para mostrar o quanto evoluiu, o quão maduro está. No caso de Extinction, ouvir o EP não faz saltar da cadeira fora, mas faz entrar num mundo completamente à parte.



Peer Du – For Those EP [Haws, 10 de setembro]
Groove, groove e mais groove. Talvez até um bocado mais, que nunca é demais. É o que nos apraz dizer sobre este lançamento do berlinense Peer Du pela Haws. São seis faixas de house mui gourmet com toque clássico, sonhador e intemporal. A versão original de For Those, com vocais subtis e pontuais de Shanice, constitui um “clássico instantâneo para qualquer fanático de deep house”. Já 5am interlude, explodiria o barómetro de vibes, se este existisse. É uma espécie de slow electro sob ambiente deep e elementos minimais que, acompanhados de uma bassline dopante, formam os ingredientes necessários para elevar os níveis de serotonina auditiva.



DJ Firmeza – Ardeu [Príncipe, 13 de setembro]
Batida, kuduro, vozes do próprio e até sirenes, há muito por explorar no regresso de DJ Firmeza à Príncipe, pela qual tinha lançado Alma Do Meu Pai em 2015. DJ e produtor natural de Angola, o lisboeta representa na perfeição o mundo da eletrónica com influências africanas que tem surgido pelo país. De DJ Nigga Fox a DJ Marfox, a passar por outros, DJ Firmeza é um dos grandes e, aparentemente, um nome em que podemos confiar para nos presentear com bons trabalhos.



DWART – Electricidade Estética [Strangelove, 20 de setembro]
Mesmo fazendo parte da era avant-garde que se viveu em Lisboa há mais de 30 anos, esta é apenas a segunda vez que o projeto de António e Manuela Duarte vê um disco ser editado – o primeiro foi Taipei Disco pela Holuzam. Só esse fator poderia ser suficiente para destacar Electricidade Estética como um dos mais importantes trabalhos do mês de setembro, mas é o seu belo lado new wave e synthpop que nos leva a destacar este longa-duração. Afinal, à excepção de Mate, tratam-se de faixas inéditas e gravadas nos anos 80, agora editadas pela neozelandesa Strangelove. Mas continuam a saber a futuro.



Violet – Bed Of Roses [Dark Entries, 20 de setembro]
É inegável: nos últimos tempos, Violet tem-se afirmado como um dos mais importantes nomes da cena eletrónica em Portugal. Seja pelo trabalho com os projetos naive, mina e Rádio Quântica, ou por produções como o EP de fevereiro New Visions, editado na Paraíso, Inês Coutinho tem chamado a atenção de tudo e todos, incluindo da imprensa internacional. Em Bed Of Roses, Violet afasta-se do presente e regressa ao passado. Num trabalho inspirado pelas memórias de infância e adolescência, a DJ e produtora lisboeta apresenta-se mais emotiva e inclusivamente explora outras sonoridades, tudo enquanto conta uma história para ouvir com especial atenção.



Stave – PI07 [Pi Electronics, 20 de setembro]
O lançamento é de um artista residente em Chicago, Stave, mas o expoente máximo vai para o remix de Pi07.4, por parte de Pessimist. O produtor de Bristol faz uso das suas vastas influências para explorar terreno híbrido entre drum’n’bass e o techno, e fá-lo de forma majestosa. Em sentido progressivo, as batidas rudes e maquinais fundem-se com o ambiente sinistro num sincronismo metódico que torna a faixa estranhamente dançável. Combinações sonoras únicas que enaltecem o cariz ímpar do remix, levando-o para catalogações sem rótulo pré-definido.



VIL – Trap [Float Records, 23 de setembro]
Se dúvidas houvesse, Nuno Costa acaba com elas neste Trap. Depois de lançar trabalhos como os EPs Old Turns New e Commander, o cofundador da Hayes volta a provar que é um nome a manter debaixo de olho com esta estreia na holandesa Float Records. Três faixas duras, aceleradas e de fazer abanar o capacete como poucos releases de techno em setembro. O remix de TWR72 não fica nada atrás, mas é o groove de VIL que não nos sai da cabeça.



Alessandro Cortini – Volume Massimo [Mute, 27 de setembro]
O músico italiano toca com os Nine Inch Nails, lidera os SONOIO e já esteve envolvido em muitos outros projetos, mas aqui a conversa é outra. Aqui, a conversa é Volume Massimo, um brilhante álbum que explora ambient e muito mais, no qual Alessandro Cortini compõe música com instrumentos como guitarras ou sintetizadores. E o trabalho, como o próprio nome indica, é para ser escutado no volume máximo – pode não ser, mas um bom sistema de som é recomendado para mergulhar nos elementos e detalhes que marcam este belo longa duração.



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