AUTOR

Daniel Duque

CATEGORIA
Reportagem

A dançar com vista para o Douro no RPMM

31 Julho, 2018 - 21:22

No último fim-de-semana de julho, 35 horas de música marcaram a primeira edição do festival RPMM na Alfândega do Porto.

O relógio marcava as 12h quando Alfonsvs fez as honras do grande palco que serviu o RPMM. Juntamente com Pixel 82 e Robert Mott, os três de portugueses deram o mote para as sonoridades do primeiro dia de evento. Matt Tolfrey veio depois, mas a maioria mantinha-se ao longo das sombras da Alfândega do Porto, afastados do palco. Os corpos, ainda assim, não paravam de dançar.

Entretanto, na segunda sala, Cleymoore, português baseado na Alemanha, selecionava discos que penetravam os ouvidos completamente. Durante grande parte do seu set, que foi para além das duas horas agendadas, o público estava concentrado no palco principal, mas nada disso impediu Bruno Filipe de nos mostrar, convincentemente, a sua capacidade de misturar música – e vinis.

Às 19h, Matthew Dear estava pronto para dar um concerto que durou cerca de uma hora. Dear percorreu músicas recentes e antigas ao longo do reportório, e chegou mesmo a agradecer aos presentes por estarem ali para o ouvir, acrescentando que “também sou dj, mas não esta noite”. Ainda que as músicas fossem reproduzidas sem qualquer intervenção de Dear, cantou durante todas, servindo-as, pelo meio, com efeitos das máquinas ou riffs de guitarra.

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O pôr-do-sol apareceu durante o grande concerto de Matthew Dear, mas ainda havia luz quando Kristian Beyer dos Âme entrou em cena. De elementos mais festivos a outros mais psicadélicos, ou até mais pesados como em Wildfires de Marco Bailey, o alemão marcou o passo da noite: uma dança incessante em completa concordância entre os presentes.

Depois de Âme, às 22h, o israelita Guy Gerber apareceu para completar, e de que maneira, as festividades do primeiro dia na Alfândega do Porto. Inevitavelmente um momento chave de RPMM, Gerber foi um autêntico monstro dos decks, fazendo vibrar com músicas como a viciante I Want You de Trus`me (o remix de Alan Fitzpatrick) ou Doiicie A de Minilogue, a passar por remixes do próprio como de Set The Controls For The Heart of The Sun ou Catch You By Surprise.

No after de sábado, para ouvir Darius Syrossian, Matthias Tanzmann ou Margaret Dygas era preciso escolher um local: Gare, Cais Novo ou Industria, respetivamente. Muitos, numa de loucura como se ouviu no domingo, foram mesmo às três festas. Talvez por isso, durante o início da tarde do último dia, o espaçoso recinto não tinha muita gente.

Não foi por isso que a armada feminina que foi responsável por abrir o último dia fez mais ou menos, obviamente. Aliás, fez muito até. Em primeiro lugar, às 13h, a portuense Su M, e depois, às 15h, a dupla lisboeta Heartbreakerz, de Analodjica e Vanessa Kokeshi. Diana Oliveira chegou a seguir, às 17h, e os três atos ficaram não só marcados pela paixão com que envolveram, mas também com a certeza de que os djs (as, neste caso) portugueses são do melhor que há. Os estrangeiros é que o disseram.

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Por entre os inúmeros nomes, a organização quis presentear-nos com música ao vivo – tinha-o feito com Matthew Dear no primeiro dia. No domingo, foram dois concertos consecutivos que moveram os corações dos ouvintes. Francesca Lombardo deu um concerto com cerca de uma hora e meia em que, mesmo incluindo maquinaria, o cerne era a voz da italiana.

Às 19h30 era vez de Damian Lazarus, e assim ir jantar era difícil. Acompanhado pelos The Ancient Moons, por entre fatores como o britânico altamente concentrado nos pads ou o baterista Ben Chetwood, a fórmula comprovou ser eficiente mesmo para aqueles que não estão muito virados para espetáculos do género.

Para fechar a história no palco principal, Jackmaster e Jasper James uniram-se durante duas horas para um momento muito mais clubbing, orquestrando todos os que dançavam incessantemente. Infelizmente, o set não durou as 2h30m previstas, mas D’Julz mantinha-se firme a abanar as paredes da sala dois até o fim.

Depois, o Cais Novo foi o palco para um impressionante after, do qual destacamos o enorme b2b entre B.Traits e La Fleur. Mas no final, o que fica na memória é a banda sonora acompanhada pelo Rio Douro, de um lado, e a cidade, do outro, a olhar para nós a dançar. E a sorrir.


Fotografia por André Teixeira

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