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Daniel Duque

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Morreu o influente e icónico Jon Hassell aos 84 anos

27 Junho, 2021 - 15:49

A notícia foi confirmada pela família na madrugada deste domingo.

Faleceu o autor, trompetista, compositor e, acima de tudo, inovador Jon Hassell. O norte-americano tinha 84 anos e morreu no sábado, dia 26, por causas naturais, embora estivesse há mais de um ano a lutar contra “complicações de saúde”, explica a família numa publicação disponível no Facebook.

“Os seus últimos dias foram rodeados por familiares e entes queridos que celebraram com ele a vida de contribuições que deu a este mundo – pessoal e profissionalmente. Ele acarinhou a vida e deixar este mundo foi uma luta, dado que havia muito mais que ele desejava partilhar na música, filosofia e escrita”, pode ler-se ainda nesse texto.

Nasceu em 1937 em Memphis, no estado de Tennessee, e formou-se na Eastman School of Music, na Universidade de Rochester, onde terminaria o seu mestrado em composição. Daí, Jon Hassell viajou até Colónia, na Alemanha, para estudar “com [Karlheinz] Stockhausen e todo o movimento avant garde do final dos anos 60”, segundo palavras do próprio em entrevista à World Music Magazine.

Pelo caminho conheceria nomes como Irmin Schmidt e Holger Czukay, colegas de turma que viriam a formar os Can, ou até Terry Riley e La Mount Young, “que andavam a fazer o que viria ser chamado de música minimal”. “Toquei com eles, e estava a fazer as minhas próprias composições, mas saí daquele mundo de música clássica. Havia demasiada ‘racionalidade’, digamos”, disse o próprio nessa mesma entrevista.

E a verdade é que Jon Hassell quis sempre ir mais além. Com inúmeros discos no currículo, a solo e não só, como é caso da sua estreia com o seminal “Vernal Equinox” (1977) ou até da colaboração com Brian Eno em 1980, “Fourth World, Vol. 1: Possible Musics”, o compositor foi traçando as bases daquela que viria a ser conhecida como “música do quarto mundo”, termo cunhado pelo próprio.

Essa “música do quarto mundo” é amplamente descrita e conhecida como “a fusão do lado tradicional e espiritual do terceiro mundo com a tecnologia do primeiro mundo”.

Com uma vida repleta de experiências ricas, como se tornar amigo de Robert Moog, colaborar com nomes como Peter Gabriel ou Talking Heads e até ser aluno do clássico cantor indiano Pandit Pran Nath, Jon Hassell deixa neste mundo um legado único. O seu último álbum saiu em 2020, “Seeing Through Sound”, e é a segunda parte do disco de 2018 “Listening to Pictures”.

No GoFundMe, há uma campanha de angariação de fundos em nome de Jon Hassell, criada pelas suas afilhadas há mais de um ano. Todo o dinheiro angariado, pode ler-se na supracitada declaração da família, permitirá que o “enorme arquivo pessoal [do compositor], muito dele inédito, seja preservado e partilhado com o mundo durante os próximos anos”, bem como para apoiar “questões próximas ao coração de Jon, como o apoio aos direitos de trabalho dos músicos”.

Jon Hassell estreou-se em solo português em 2009, quando passou pelo Teatro Maria Matos, em Lisboa. Cerca de quatro anos depois, o estadunidense regressaria ao mesmo teatro, dessa feita numa atuação mais virada para o jazz – afinal, tratava-se da apresentação de “Sketches of the Mediterranean: Celebrating Gil Evans”, concerto que celebrava a vida desse compositor e pianista de jazz canadiense.

Nas redes sociais, inúmeras vozes têm reagido à morte do compositor, como podes encontrar alguns exemplos abaixo:

Fotografia por Roman Koval (retirada da página de Facebook do músico)

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