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Lançamentos favoritos de junho

13 Julho, 2021 - 13:13

Sim, chegaram com algum atraso. Mas, com discos destes, mais vale tarde do que nunca.

ASC & Inhmost – Dimensional Space [Auxiliary]

ASC, o homem das “7 artes”, juntou-se pela primeira vez, num álbum colaborativo, com Inhmost, num trabalho artístico extrapolar. O que nos guia são brilhos, luzes, atmosferas esplêndidas e um estado de espírito de emoção. São oito faixas, cerca de 70 minutos, num cosmos à parte daquele que o conhecemos, onde a hipnose toma conta de nós. A editora é a Auxiliary, plataforma por onde ASC lança, e lançou, grande parte do seu material quer no panorama do techno, drum’n’bass ou até ambient e dubstep. Um álbum fresquinho e com carácter. JF

Gabriel Ferrandini – Hair of the Dog [CANTO]

Para quem ouviu o baterista a caminhar por ruas nortenhas no seu álbum de 2019, “Volúpias”, pensar em “Hair of the Dog” antes de o ouvir remete logo para um universo de jazz livre e viciante. Mas não. Este é viciante na mesma, augura liberdade ao cérebro que o escuta, mas nada tem que ver com “Volúpias”. A estrear o catálogo da CANTO, nova editora de Sérgio Hydalgo, Gabriel Ferrandini veste-se de um ambiente experimental e ressonante, sempre com a bateria a marcar o passo e, de certa forma, a servir de auxílio para não perdermos o fôlego. E bem que precisamos disso – afinal, “Hair of the Dog” persiste em cortar-nos a respiração ao longo dos seus cerca de 40 minutos. DD

ghent – Fumo [Variz]

Talvez o mais cuidado trabalho da dupla que une Fernando Fadigas e Nuno Moita, “Fumo” cruza drone e ambient com dub e industrial com a naturalidade que só dois veteranos do experimentalismo conseguem ter. O resultado foi um lançamento para escutar com calma e que, parafraseando Nuno Moita, pode muito bem ser o mais cuidado trabalho da dupla até à data, já que junta sonoridades muito trabalhadas e já conhecidas dos dois artistas a novas experiências com camadas e dissipação de som, fazendo jus ao nome do álbum. DR

Gustavo Costa – Entropies and Mimetic Patterns [Sonoscopia / Lovers & Lollypops]

Está na hora de nos sentarmos pois o professor de percussão vai dar a aula. Chama-se Gustavo Costa e é um daqueles promotores da música portuguesa que percebe da arte como poucos – estudou para isso, deu aulas e já teve oportunidade de colaborar com nomes como John Zorn. E se colaborar é sempre uma tarefa enriquecedora, imagine-se quando este representante da associação Sonoscopia assina um disco a solo – e “Entropies and Mimetic Patterns” é de tal forma intenso que saímos dele com a mente aos turbilhões. A não perder. DD

Hania Rani – Music for Film and Theatre [Gondwana Records]

O último trabalho de Hania Rani, “Music for Film and Theatre”, é uma ode à versatilidade e à reutilização de projetos. Completamente diferente do resto do repertório de Rani, “Music for Film and Theatre” aposta mais nos elementos eletrónicos, na voz e na acústica, afirmando a identidade da artista além do piano e dos teclados. Para além disto, importa salientar a componente narrativa, talvez mais forte aqui do que em qualquer outro trabalho anterior de Rani, que cria na música a sensação de viver histórias, através dos sons, dentro das histórias visuais que acontecem nas curtas-metragens e peças para as quais as músicas foram feitas.DR

Jorge Caiado – Time & Space Remixes [Groovement]

As remisturas ao álbum de estreia de Jorge Caiado são uma delícia. E, perdoem-nos a arrogância, não esperávamos outra coisa. Com Steve O’Sullivan, Brawther, Dyed Soundorom e John Thomas, ao serviço da virtude do português, estava tudo alinhado para dar certo. E deu. Por aqui, reina o house francês e o minimalismo da música de dança. Dancemos. NV

Phoebe – if i was simple in the mind, everything would be fine [Rotten \ Fresh]

Podem dizer que é ambient distorcido com toques de shoegaze ou rasgos de outras influências, mas prefiro dizer que é uma banda-sonora de tempos modernos ideal para ouvir num mundo sem esperança à vista. Nome forte da Troublemaker Records, Phoebe já nos deu acid e drum’n’bass em Living On Valued Energy (2020) ou até o altamente emocional “Affection” (2019), mas é mesmo com field recordings que nos traz agora a sua estreia na Rotten \ Fresh, um trabalho que nem parece ter sido feito praticamente ao primeiro take. Nós agradecemos. DD

Ricardo Martins – Incerteza Absoluta [Revolve]

Baterista de Lobster e Cangarra, trata dos ritmos por de trás dos Pop Dell’Arte, Jibóia, Papaya, ALGUMACENA, Deriva, Silvar, Fumo Ninja e no sexteto Chão Maior. O seu currículo musical estende-se e não nos esquecemos dos lançamentos a solo. No mês de junho foi lançado “Incerteza Absoluta” – composto por duas faixas completamente espaciais, são cerca de 24 minutos de experimentação, tecnologia e ritmo. Admitimos um certo carinho por um lançamento como este onde a bateria se funde com a eletrónica, abrindo portas a um novo caminho. Obrigatoriamente nos melhores do mês. JF

Rui Reininho – 20.000 Éguas Submarinas [Turbina]

É possivelmente o melhor disco nacional do ano até à data, quem sabe um dos melhores álbuns portugueses dos últimos anos. Chega a ser algo indescritível. Num regresso aos trabalhos a solo depois de “Companhia das Índias” (2008), o incontornável Rui Reininho regressa antes ao seu lado mais experimental. Por entre gongos, taças ou sintetizadores, o vocalista dos GNR conta com a produção de Paulo Borges e a ajuda de nomes como Alexandre Soares para nos levar por temas cujos títulos já passam parte da mensagem deste disco (Ressonância Magnífica, Namastea, Tan Tan No Tibet), mas é mesmo a relação semiótica entre som, voz e letra que se eleva como uma santíssima trindade que nos leva daqui para lá, a mais de 20 mil léguas. Ou éguas, aliás. DD

Vários Artistas – Spy Technologies 8: Pandemic [DSCI4]

Os apaixonados pelo lado techy do drum’n’bass conhecem bem os volumes da Spy Technologies. O último foi lançado em 2015 com nomes como Verb, Acid Lab, Loxy, Gremlinz, entre outros. Uns bons anos depois, a editora de DJ Trace volta a causa pânico entre a comunidade, uma vez que este V.A foi anunciado em 2020. Uma compilação que retrata bem o estilo super-sónico que vai desde o punchy techstep, de kicks 808 bem pesados, das rollers até aos breaks. Podem contar com nomes como Survey & PRTCL, HLZ, Agent 932, e a lista prolonga-se. Algo a não perder de vista. JF

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