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Lançamentos favoritos de novembro

10 Dezembro, 2021 - 18:10

Novembro já vai lá atrás, mas recordemos alguns dos discos de que mais gostámos.

Autokinetic – Mistress 16 [Mistress Recordings]

Mike McClure estreia-se na editora de DVS1 com um lançamento abastecido de groove, alguma melancolia, alguma tendências hipnóticas e com uma onda bastante deep e soulful. Nas cinco faixas o produtor e live performer viaja pelo seu hardware entre o house e o techno, mas sempre com uma trajetória uniforme e harmonizada. Os cinco temas adaptam-se a tanto um sunset relaxante à beira mar, como a um ambiente clubbing mais dark e caótico. JF

Black Girl/White Girl – 777 Squadron [Balkan Recordings]

777 squadron é o trabalho mais cru e direcionado à pista que o duo holandês Black girl/White girl produziu até hoje. A fusão de influências da eletrónica de outrora, com o choque das diferenças culturais musicais de cada uma das membros do grupo, deu azo a um EP pleno de sonoridades festivas, vibrantes e cativantes.

Phaeses, por exemplo, tem a vibe do auge da house music mais comercial dos anos 2000, com um toque mais jackin, acid e bleeppy que a moldam num formato revivalista e contemporâneo. Já Freaqs In The Dark é uma mistela improvável entre o acid house do final dos anos 80 e o minimal dos anos 2000, que a torna noutra das nossas favoritas do EP. RC

Donato Dozzy – 124 [Tresor]

O maestro italiano volta à Tresor depois do seu “Le Confort Electronique”, editado no início de maio. A altura para o lançamento do “124” é perfeita, uma vez que a intemporal editora alemã celebra o seu trigésimo aniversário este ano. Seguindo as texturas, ritmos minimalistas, linhas de synth carregadas de ressonância, e alguma hipnose à mistura, Donato Dozzy abre-nos a possibilidade de ouvir qualquer um destes temas no clube – ou então em casa, se preferirem. JF

Jannah Quill – Jannah Quill

A artista multidisciplinar australiana Jannah Quill, cujo trabalho deambula entre instalações, performances e colaborações, exibe-se agora ao mundo em nome próprio, com a estreia do seu primeiro trabalho musical a solo. Este trabalho homónimo é o espelho de toda a experimentação artística a que se propõe, e tentar enquadrá-lo num ou noutro rótulo estilístico é mera perda de tempo. Aqui, a escuta deve ser encarada sem preconceitos para se embraçar todo o desenho sónico ousado e diverso que está presente.

PS: se procuram uma banda sonora para a passagem de ano que se avizinha, “New Year New Paranoia” pode ser uma escolha interessante. RC

Jon Hopkins – Music For Psychedelic Therapy [Domino]

Lukey – Other Worlds Vol. 1 [Carpet & Snares]

Em bom rigor, o irlandês era um perfeito desconhecido para nós até há umas semanas atrás, mas, entretanto, saiu um curta-duração chamado “Other Worlds Vol.1”, com quatro temas a orbitar entre o house mais espacial e o electro – e ficamos estarrecidos. Sim, estarrecidos, como quando ouvimos um tema pela primeira vez e sabemos que há ali alguma coisa de diferente. Parece que lhe sentimos a alma. Depois da primeira escuta, a virgindade não se repete – o mesmo não se pode dizer da experiência, e é aí que percebemos. Mais uma vez, o selo é português, neste caso, da fantástica Carpet & Snares, através da sub-label LAB, que descobre outro talento, agora no frio de Dublin. Fica o aviso: a música é quente e o volume dois já está prometido para breve. NV

Máquina Magnética – Máquina Magnética [Crónica / Sonoscopia]

Quatro monstros do experimentalismo português juntos – Gustavo Costa, Rodrigo Carvalho e o duo @c. É preciso dizer mais? Ouçam e viajem.

Moreno Ácido – You Deserve Love. You Don’t Need To Question It Anymore [1980]

Já não temos dúvidas de que Moreno Ácido é um produtor de excelência em solo nacional. Habitou-nos a dançar em discos como “91 Fahrenheit”, lançado também pela 1980, ou até o aclamado “Roçadas”, produzido ao lado de Diogo. Imagine-se, então, uma história de amor escrita através de sintetizadores convidativos, ocasionais vozes etéreas, enfim, uma belíssima viagem de 10 temas. Se este trabalho é dedicado a um qualquer amor, parece-nos que acertou em cheio.

Morrice – Back On Tracks [Paraíso]

Um dos pioneiros da música techno no norte editou este EP pela Paraíso. Entre as seis faixas presentes no “Back On Tracks” podemos encontrar arpejadores rústicos, linhas bem ácidas, um toque old school bem notável com um sabor raw e fresh do techno dos anos 90’s. Para além das faixas a solo, é possível encontrarmos ainda uma remistura da DJ e produtora lisboeta Violet, que remata da melhor forma este aguardado disco de Morrice aka Fauvrelle. JF

Primal Code – 2099 Saga [Hypnus Records]

Quem segue a viagem musical e discográfica de Primal Code reconhece a linha misteriosa, eerie e hipnótica que o produtor traça. Este é o seu quinto lançamento na editora sueca Hypnus Records, label que faz lançamentos a todas luas cheias, desde 2013, como podemos ler no Bandcamp. Melodias, percussões sintetizadas, tablas orientais e pequenos sound FXs – é isso mesmo que podemos encontrar no “2099 Saga”. São quatro faixas que vão desde o andamento lento hipnótico e dançável do techno até ao microfunk. JF

Seb Wildblood – MDS EP

As contas só se fazem no fim, e até o ano terminar ainda continuarão a sair trabalhos que nos fazem cada vez mais acreditar que 2021 não foi tão mau quanto isso. É o caso deste “MDS EP”, de um dos artistas mais interessantes da cena underground do UK, Seb Wildblood. A faixa homónima divide-se em 3 versões: a original, onde os vocais e rimas de Theophilus London (que já colaborou com gigantes como Tame Impala ou Kanye West) se exibem na totalidade com o esplendor house tribal/garage a acompanhar; o remix mais dub, experimental de Dj Plead (a nossa versão predileta); ou o Warehouse Mix cuja pujança subtil é altamente aditiva.

A outra música do trabalho, cujo nome, Night Ride, sugere o formato correto para uma boa apreciação, resulta do combo sublime entre o sussurro melancólico de Lex Mor e a batida uk bass/garage. RC

Tó Mauzão – O Grande Tó Mauzão [Fungo]

Com um artwork concebido por um menino de cinco anos chamado Miguel, “O Grande Tó Mauzão” assinala a estreia de Tó Mauzão (Marco Guerra, Citizen:Kane). Com carimbo da Fungo, este álbum guia-nos ao longo de 10 faixas por um universo bem caricato, marcado por um descomprometimento com relativo humor e por sonoridades que têm tanto de electro como de infinitas inspirações e referências. Ideal para ouvir do início ao fim sem compromisso.

Textos por Daniel Duque, João Freitas, Nuno Vieira e Rui Castro

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