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Lançamentos favoritos de maio

9 Junho, 2022 - 12:40

Chegou a hora de recordar maio e alguma da música de que mais gostámos nesse mês.

ACID_LAB – Pegasus / Awake Now [Ascension Music]

Quantos de vós conhecem Acid_Lab? Pois, é normal. Acid_Lab é um dos produtores mais subestimados da cena drum’n’bass mundial, mas cuja qualidade e prolificidade absurda já o levou a assinar por gigantes como a Renegade Hardware, Dispatch, ou a Paradox Music. Este duplo single trata-se de uma conjugação retro-contemporânea de jungle que parece ter sido resgatado diretamente do catálogo primordial 90´s da Metalheadz. Mas se jungle não for tanto a vossa praia, e preferirem um drum’n’bass mais minimal e techstep, espreitem o recém-lançado “Soulshine EP”. Não se vão arrepender. RC

Big Hands & Abraham Parker – Aria Aperta [Trule]

O italiano Big Hands dá as mãos ao trompetista Abraham Parker para criar este EP. Entre jams hipnóticas, sopros místicos e ambientes tribais, podemos encontrar ainda um remix de Al Wootton da faixa do duo 278 Dub. No ponto. JF

Blast & Friends – Misfits EP [Future Sickness Records]

Ah, caro technoid, como é bom voltar a ouvi-lo. Mesmo quando saiu das tendências, das pistas e dos ouvidos dos fãs das vertentes mais pesadas de drum’n’bass, Blast manteve-se fiel a este subgénero, e é com foco no futuro do mesmo que nasce este “Misfits EP”. Aqui, o produtor portuense uniu-se a oito amigos com este amor em comum, e o resultado foram seis portentosas faixas que nos trazem um sabor dicotótimo – ora de nostalgia, ora de novidade. Acceleration é a nossa arma predileta, e se fecharmos os olhos quase que nos sentimos a bordo do Gandufe (if you know, you know). RC

ELLES – A Celebration Of The Euphoria Of Life [naive]

É difícil não olhar para o álbum de estreia de ELLES como um dos discos mais bonitos de maio. “A Celebration Of The Euphoria Of Life” é um álbum coeso e pensado ao pormenor, com diferentes elementos a juntarem-se numa só receita altamente sedutora. É, aliás, um disco que vai além da música e que tem um lado poético bem evidente – por aqui, há uma história sobre a vida noturna que se escuta nas palavras, sim, mas também no pop desenhado através de sonoridades como acid, electro e por aí fora. Imperdível. DD

Fixate – Fixate [Exit Records]

Caros leitores, se não conhecem Fixate… O britânico é, muito provavelmente, um dos maiores propulsionadores de uma constante renovação sónica da cena bass mundial, com uma mescla de influências tão abrangente que leva a que produtores díspares entre si, como Ross From Friends, Goldie, Call Super ou Madam-X, representem os seus temas ao vivo. Esta ampla abrangência sonora está bem representada neste álbum homónimo, com vertentes como o footwork, jungle, drum´n´bass, dubstep ou grime, a fazerem-se sentir de forma híbrida. Depois do estrondoso sucesso que foi o álbum antecessor “What Goes Around”, temas como Ruminate, Off The Hook ou Gristle prometem uma aclamação tão ou mais merecida a este trabalho. RC

Naajet – Rocket Science [Community Center]

Rocket Science é o EP de estreia de Naajet. Wait, what? EP de estreia?! Dificilmente nos vem à mente uma estreia tão fortíssima quanto a desta parisiense. Getting real hot é umas das faixas mais efusivamente smooth que ouvimos este ano, e tem levado com um loop incessante na nossa redação. “Mas espere, há mais!” Take me there vai levar-te precisamente lá, àquele mood regozijante, de olhos fechados e bambolear de pescoço ritmado. Já o house clássico, festivo e percussivo de Chic chicka vai-te dar vontade de “abanar o capacete” (como dizem os jovens) na pista mais próxima. RC

Paralell Manifesto – 2044 [Ilian Tape]

São sete faixas que nos dão uma sensação física de texturas. Viajamos entre linhas de synths rústicas, ambientes melancólicos e atmosferas que nos remetem para universos similares ao Blade Runner. Não há muita informação sobre este artista/grupo que possamos divulgar, mas a música que provém do estúdio deve ser partilhada e sentida por todos aquele que leem este pequeno texto. Agradeçam depois. JF

Serpente – Dias da Aranha [Souk Records]

A incursão de Bruno Silva pelos campos mais experimentais da música traz sempre discos muito próprios e especiais. Em maio, Silva fez chegar “Megadawn”, assinado pelo pseudónimo Ondness, e este “Dias da Aranha”. Qualquer um destes trabalhos deve ser escutado com atenção, mas, neste caso, o destaque vai para o disco de Serpente. Por aqui, ao longo de cerca de 40 minutos, entramos num convidativo ritual que, mais do que respirar o engenho de Silva, respira também o génio artístico de nomes tão pulsantes quanto Maxwell Sterling, Pedro Sousa ou Gabriel Ferrandini. Viciante até mais não. DD

Sopa de Pedra – Do Claro Ao Breu [Lovers & Lollypops]

Sopa de Pedra é um dos grupos portugueses mais excitantes dos últimos anos. Quase cinco anos após “ao longe já se ouvia”, este grupo de 10 mulheres agarra em arte como poemas de Eugénio de Andrade para nos servir composições vocais que abraçam a tradição portuguesa com uma genialidade sem par. No Lado A está presente um lado “mais luminoso” e no B um mais “obscuro”, como é explicado nas notas oficiais, mas o melhor é mesmo passar por esta brilhante peça de Pedro João Santos para conhecer todo o misticismo de Sopa de Pedra ao pormenor. DD

Studio Bros – Different

Diretamente da Quinta do Mocho, a dupla Studio Bros volta a provar a riqueza musical que reside neste país. Há 15 anos nesta aventura pela música, Famifox e Nunex lançaram este primeiro álbum, “Different”, no qual mostram a sua própria abordagem – segundo os próprios, um “lado mais livre”. Se há mais de uma década se inspirou em vizinhos como DJ Nigga Fox e Firmeza, o duo é hoje um ato que trilha o seu próprio caminho, um caminho festivo e enérgico. Neste caso, esse caminho conta com o apoio de cerejas no topo das faixas, como é caso das participações de Táyra, Natália Paris, Lilocox ou Pierre Kwenders, e nós somos mais do que convidados a caminhar por lá.

Torn – 47028 [47]

A editora de Tommy Four Seven abre sempre dimensões nos seus lançamentos – e este é mais um. Torn, produtor de São Petersburgo, apresenta-nos um EP de três faixas que vão do techno dark denso até ao drum’n’bass tribal em formato half-time. É um lançamento, e um nome, a não perder. Fresquinho, obscuro e pesado, como a malta gosta. JF

Vários Artistas – Bloop 25 [Bloop Recordings]

O 25º lançamento da editora portuguesa é especial. Por vários motivos, sendo o maior deles, naturalmente, a música, que chega de vários artistas e dá vida a um duplo vinil categórico com oito temas. Os primeiros quatro são de artistas internacionais – Fernando Constantini, Evan Baggs, Modex, Andy Catana & DJ Void6; os outros, exclusivamente de nacionais – Magazino & Tiago Marques, Cruz, Kaesar e Model 9000. Um elenco de luxo de DJs que alimentam as fragrâncias mais ousadas do techno e do house, um núcleo, onde, no fundo, não interessam as origens, visto que o destino é a (compreensão da) pista. Orgulho. NV

Textos por Daniel Duque, João Freitas, Nuno Vieira e Rui Castro

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