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A Cabine

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Lançamentos favoritos de abril

9 Maio, 2023 - 11:09

Muita música para diferentes gostos.

DJ Danifox – Ansiedade [Príncipe]

Mais um do mestre Daniel Veiga, AKA DJ Danifox, que sucedeu o igualmente brilhante “Dia Não Mata Dia” com este primeiro LP a solo. Membro do grupo Tia Maria Produções, Veiga traz neste “Ansiedade” a habitual propulsão rítmica, as linhas de baixo acentuadas, os acordes românticos ou o trabalho de vozes. Mas o sabor é outro nesta amálgama de batida, kuduro ou tarraxo. É sabor a obra-prima do sempre certeiro DJ Danifox. DD

DJ Spielberg – Torque [No, She Doesn’t]

“Torque” marca o regresso da No She Doesn’t aos lançamentos, mais de dois anos após o último “Carregada/Calibrada”, também de DJ Spielberg, que figurou na nossa lista dos 20 EPs nacionais de que gostámos em 2021. Este é um trabalho homogéneo e coeso, com as sonoridades dreamy do lo-fi e influências do UK a que DJ Spielberg já nos habituou. Assume-se ainda a inspiração em Four Tet e artistas como Burial, Overmono ou Koreless, que incutiram um toque extra de bass ao EP. Belo regresso. RC

German Army / Group – Caras Rotas [Faith Disciplines]

Assombroso split de German Army e Group lançado pela Faith Disciplines, sub-label da espanhola Subsist. De um lado, a banda anónima apresenta uma poção industrial que recolhe amostras da música mais tribal e étnica, bebendo também do dub e não só pelo caminho. Do outro, o projeto igualmente anónimo até reduz a fúria e abre de modo mais contemplativo, mas somos sempre levados até coordenadas idênticas às anteriores, num mundo industrial repleto de distorção e polirritmia. Agonia mais do que convidativa, esta. DD

Holy Tongue – Deliverance and Spiritual Warfare [Amidah Records]

Extravagância dub-punk-jazz da dupla formada por Al Wooton e Valentina Magaletti, agora com a companhia de Susumu Mukai no projeto e de Steve Beresford, Abraham Parker e David Wootton em alguns dos temas deste primeiro álbum. Música para ficar rendido e viajar graças à comunhão que existe entre a bateria de Magaletti e outros instrumentos de percussão, vibrafone, baixos, xilofones ou sintetizadores que nos envolvem no mais espacial psicadelismo. DD

Larry Quest – Austro [Percebes]

Depois de “Faíscas”, em 2022, Larry Quest está de volta à lisboeta Percebes com um novo trabalho e uma nova faceta. Desta feita, em “Austro”, o francês mantém as influências de Chicago, que lhe são intrínsecas, mas adopta uma aura deep house com toques bem carregados de jazz e soul. O snare distinto e ritmo viciante de fusão jazz de Shoredance foi o que mais cativou as nossas papilas auditivas e tem todo o potencial para ser a banda sonora de degustação de mojitos numa esplanada perto de si. RC

Le Matin – We Can Change the Party [LAN]

“Convencionalismos? Desconheço”, isse Le Matin numa afirmação fictícia que acabamos de inventar. Mas esta não estaria de todo errada, caso tivesse sido proferida pelo francês. É que este álbum emana desconstrução rítmica. Isso e mescla de géneros. Em We Can Change the Party, Le Matin empregou estilos como o footwork, techno, grime ou hip-hop e agregou-os com mestria numa fusão rave que abraçamos com grande vigor. You and Me, March e Lifts são as nossas prediletas, mas sintam-se à vontade para explorar as restantes armas. RC

Perfo – Parade Nuptiale [HAYES]

Recente projeto do francês Thibaud Guillemin, tanto que o primeiro EP saiu em 2022, Perfo estreia-se pela HAYES com um trabalho mais do que ideal para arrebatar qualquer pista ou casa. “Parade Nuptiale” traz cinco faixas que se querem afastar de cânones óbvios, não deixando de ter elementos que atraem o fã de techno mais ou menos exigente. Rico em texturas e detalhes, é um EP algo complexo mas que não provoca alienação – experimentem ouvir Crépuscule, por exemplo, e imaginá-la num qualquer peak time de um clube suado. Bomba. DD

Photonz – Orpheus [One Eyed Jacks]

O regresso de Photonz aos EPs a solo marca também o regresso da sua One Eyed Jacks. Em “Orpheus”, o lisboeta assina um slow burner cheio de ritmo e melodia capaz de aquecer qualquer cérebro ou par de pés. O trabalho é rematado por três remixes, incluindo dos sempre importante nomes nacionais Kara Konchar e Lake Haze, com o de SHE Spells Doom a chamar particularmente a atenção graças à assinatura típica do DJ e produtor da Zâmbia. Rave sem fim, pois claro. DD

Takuya Matsumoto – 90-93 [Clone Jack For Dazed]

Depois do aclamado EP de tributo às origens da house music, “85-88”, o veterano Takuya Matsumoto edita agora a segunda parte dessa homenagem, desta feita aos primórdios do house dos 90, com claras influências de Chicago e Nova Iorque. Da moody/dreamy 90 à trippy 91 ou à festiva 93, esta é uma (re)criação histórica que nos cativou pelo conceito e nos agarrou dada a qualidade e diversidade das suas faixas. RC

TYGAPAW – love has never been a popular movement. [fabric Records]

O novo álbum de TYGAPAW é um disco techno de consumo fácil, mas nem por isso menos interessante. Faixas mais do que ideais para pôr clubes a suar, a cereja no topo do bolo é ouvir as vozes de LSDXOXO e de George Riley, com especial destaque para a segunda dada a estreia desta voz R&B nestas sonoridades. DD

Veelain – A Portrait of a Villian [Monster Jinx]

Quase um ano após o EP de estreia, “Land of the Sun”, chega o primeiro álbum. E se, por essa altura, Veelain dizia que tinha álbuns prontos mas que sentia que “não tinha O álbum”, a certeza chegou agora. Novamente via Monster Jinx, coletivo e editora ao qual pertence, “A Portrait of a Villian” é um disco de hip-hop, sim, mas vincadamente mais expansivo. Há momentos refletivos e mais íntimos, há outros mais enérgicos e abertos. Também há vozes em português (Maze participa num dos temas) e está tudo envolvido em inspirações que bebem até de jazz ou de outros campos de eletrónica. No ponto. DD

Textos por Daniel Duque e Rui Castro, design por Catarina Ribeiro

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