O seu trabalho favorito até à data, diz Rafael Toral.

Responsável por cessar o hiato da Moikai mais de 20 anos após o último lançamento, Rafael Toral lançou esta sexta-feira o novo álbum “Spectral Evolution”, o “melhor [disco] que já fez”, nas palavras do próprio em entrevista com Joshua Minsoo Kim.

De guitarra nas mãos, instrumento com que compõe muita da sua influente música desde os primeiros discos, Toral desdobra-se também no baixo e em instrumentos eletrónicos construídos por si ao longo destes cerca de 47 minutos. Este é um “produto de três anos de experimentação e gravação” e “sintetiza os conhecimentos de mais de 30 anos de pesquisa musical”, pode ler-se nas notas oficiais.

Falar sobre Rafael Toral é falar sobre um dos mais importantes nomes da música ambiente ou experimental em Portugal. A influente guitarra ouvida em “Sound Mind Sound Body” (1994) ou “Wave Field” (1995), discos lançados por editoras como a “nossa” AnAnAnA e posteriormente reeditados por selos como Drag City, foi eventualmente pousada e Toral formou o famoso Space Program, com o qual se aventurou mais em instrumentos eletrónicos, muitas das vezes desenvolvidos por si – como o que toca ao lado dos Mão Morta nesta atuação.

Seguir-se-ia mais na vida de Toral, como os Space Quartet ou a mudança para as montanhas no centro de Portugal. Mas, antes disso, esteve envolvido em bandas como Pop Dell’Arte ou SPQR, bem como em inúmeras colaborações ao longo da carreira. Um dos nomes com quem colaborou foi precisamente Jim O’Rourke, o responsável por esta Moikai, sub-label da Drag City que pôs cá fora trabalhos tão relevantes quanto uma reedição do seminal “Plux Quba”, de Nuno Canavarro.

“Spectral Evolution” está disponível nos mais variados sítios: desde plataformas de streaming até lojas de especialidade. Segundo se sabe, não restam muitas cópias do disco em vinil.

Fotografia por Vera Marmelo