AUTOR

Rui Castro

CATEGORIA
Entrevista

“Não queremos ser mais uma label de drum’n’bass”, diz a Surveillance

2 Julho, 2019 - 12:00

A nova editora e promotora de Fragz e Blast, a Surveillance Music, lançou o seu EP de estreia na segunda-feira, e aproveitamos a ocasião para questionar os fundadores sobre este novo projeto.

Com um reportório já extenso e uma larga experiência de cabine que lhes abriu portas a inúmeras atuações internacionais, Fragz e Blast não são novatos nestas andanças. Após uma longa relação como membros daquela que foi a editora nacional com maior projeção internacional dentro do género – a Yellow Stripe – os dois amigos portuenses decidiram convergir ideias e aplicar toda a experiência adquirida na criação de um projeto da sua própria autoria. Assim surgiu a Surveillance Music – ou SRVLNC – uma editora e promotora com conceito e visão bem definidos, que promete vigiar o panorama e extrair o que de melhor este tem para oferecer. O primeiro trabalho, intitulado The Blacklist EP, já foi lançado exclusivamente no Beatport e conta com vários artistas nacionais e internacionais – Fragz com Mean Teeth, Vowel, Volatile Cycle e ainda Screamarts – num misto de experiência e juventude que servirá de amostra e montra para o que ainda está para vir.

A Surveillance revelou ainda que já tem novos singles prontos. Resta-nos esperar para ouvir o que aí vem, mas, para já, podem encontrar The Blacklist EP aqui.

Porque é que decidiram criar esta nova editora?
Depois de vários anos a trabalharmos juntos, decidimos que esta seria a altura ideal para começar este projeto que, de certa forma, serve para trazer a lufada de ar fresco que este género precisa. Somos a favor do lema “música primeiro, o resto depois”, por isso, esta editora/promotora é feita com o intuito de educar o público e de levar o nome do nosso país além fronteiras. E, acima de tudo, ter em mente os nossos artistas locais pois achamos que temos bastante talento por cá, e queremos também servir como fonte de inspiração para iniciantes. O futuro é o caminho e é nele que queremos apostar.

E qual é a visão que têm para o projeto?
A Surveillance Music pretende ser mais do que uma editora e promotora, somos um conjunto de pessoas que vive a arte e a cultura urbana de forma intensa, por isso queremos que toda a nossa música, e visuais, contenham uma história. Cada nota e cada beat é como se fossem palavras, e não apenas um conjunto de sons misturados. Hoje em dia, com tantos releases e com tanta música a ser feita, sentimos que às vezes falta um certo caráter na maior parte das produções e conceitos adjacentes.

De onde surgiu o nome “Surveillance Music”?
O nome foi algo que surgiu muito naturalmente depois de varias sessões de brainstorming entre nós (Fragz e Blast) e o nosso designer Ivan Alves. Somos todos fãs da obra de George Orwell “1984”, e o conceito da editora baseia-se nisso mesmo, daí o slogan/tema ser “We Are Watching You”. É uma analogia aos tempos que vivemos atualmente, no qual estamos constantemente a ser observados, e inconscientemente contribuímos para isso.

De certa forma, este The Blacklist EP já é revelador da vossa linha sónica. Mas que tipo de sonoridades pretendem explorar?
Conforme referimos anteriormente, a base do nosso som é o caráter. O contraste da melodia com o mistério e a aposta nas sonoridades do futuro. Sempre nos interessámos bastante pelo drum’n’bass exatamente por causa disso, é um género que está em constante mutação e a implementar elementos de outros estilos, criando sempre uma dinâmica infinita.

Portanto, queríamos que este EP servisse de montra para o tipo de sonoridades que vamos lançar na Surveillance. Apesar de as quatro músicas serem diferentes (mau era se fossem iguais ‘ahah’) todas têm algo em comum: melodia e mistério.

Este primeiro lançamento conta com artistas diversos como Fragz, Mean Teeth, Vowel, Volatile Cycle e Screamarts. Qual foi o critério para a escolha destes artistas?
Uma das bases da nossa editora é trabalhar com amigos e com artistas que nos dizem algo. Não queremos ser mais uma label de drum’n’bass, e para isso é preciso encontrar um equilíbrio entre as relações pessoais e profissionais. Acreditamos que quando as coisas acontecem assim, tornam-se muito mais especiais e, no final de contas, o público, quer consciente ou inconscientemente, acaba por sentir isso e dar outro valor ao nosso output. Por isso é com enorme prazer que podemos dizer que temos estes nossos amigos a trabalhar connosco. Principalmente nomes como Vowel e a própria Konnect, que são peças fundamentais neste projeto.


Quais são os planos para o futuro?
O nosso objetivo é, fundamentalmente, ter uma evolução progressiva e sem pressas, sempre com o lema “Less is More” como fundamento, quer para a nossa sonoridade, como para a frequência de lançamentos. Queremos que o facto de lançar na SRVLNC seja algo especial e não apenas mais uma imprint onde os releases sejam apenas mais um.

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