AUTOR

Rui Castro

CATEGORIA
Podcast

N’A CABINE #021: Fragz

20 Setembro, 2019 - 13:05

Fragz entra n’a cabine para explorar terrenos inóspitos nestas edições. Seja bem-vindo, caro drum’n’bass.

Foi pelos subúrbios de Gaia que o interesse pela cultura urbana e citadina começou a assumir as rédeas da interação social e profissional da vida de Fragz. O background musical de punk/hardcore/metal, de bandas como Alkaline Trio, Champion, Have Heart, NOFX, MXPX, Rise Against, The Bloodhound Gang ou CKY, levou-o mais tarde ao encontro do drum’n’bass – género que considera ter a energia do punk rock e o feeling do hardcore. Foi pela influência de amigos que rumou ao Swing, na Boavista, em 2006, para ver Pendulum – “não gostei muito para ser sincero [risos]” – mas a partir daí o bichinho pelos 172bpm nunca mais desapareceu. E, para isso, contribuiu a “constante mutação do género, que o torna praticamente impossível deixar de estar interessado”. “Todos os anos temos artistas novos”, acrescenta João Fragoso, “com novas vertentes a serem exploradas e misturadas com outros estilos. Esta é a beleza deste género, que nunca para de nos surpreender. E, acima de tudo, a comunidade é muito crítica mas unida ao mesmo tempo, e isso faz com que nós, produtores e DJs, estejamos sempre atentos à mudança, de modo a acompanhar os tempos”.

Fragz sempre deu maior ênfase à produção do que ao djing – em grande parte devido ao background de baterista durante a adolescência – e foi por aí que o seu percurso musical se iniciou. “Só mais tarde, graças ao meu amigo e DJ da Garagem, Zé Guilhas, é que comecei a comprar os meus primeiros discos e a dar as primeiras mixes”. Quando questionado sobre as suas atuações, este confessa que prepara sempre minimamente os sets, com o objetivo de levar muito material novo, sejam musicas da sua própria autoria, da SRVLNC ou dubs de outros produtores, amigos e labels, mas a seleção é feita no momento, consoante o feedback do publico – “Já cheguei a preparar o set da primeira a última malha, e muitas vezes acaba por não sair bem, pois um dos alicerces de um bom DJ é saber ler a pista, e aí não há Rekordbox nem Traktor que te safe!”, explica.

É praticamente impossível desassociar o percurso artístico de Fragz à Yellow Stripe, uma das maiores editoras/promotoras a nível mundial, da qual foi membro durante grande parte da sua carreira. Embora este refira que esta foi uma peça fundamental para evoluir como artista e promotor, confessa que “chegou uma altura que me deixei de identificar com certas coisas e a minha criatividade pedia por algo mais”. Foi então que nasceu a Surveillance Music, editora inaugurada este ano e na qual o artista tem focado grande parte das suas energias. “Ainda bem que tenho um parceiro (Blast) que está exatamente com o mesmo mindset que eu, assim como coletivos tipo Counterpoint, Konnect Crew que representam muito o que nós queremos fazer daqui para a frente, e principalmente, como o vamos fazer. Passado é passado e só quero é saber do futuro”.

E, ao que parece, o futuro está a ser construído com base em muita música nova. “Vou lançar um EP na Cause4Concern, algo mais funky do que tenho feito, single na SRVLNC, mais umas músicas soltas em várias editoras, sendo uma delas um milestone na minha carreira, mas para já não posso revelar, por isso fiquem atentos. Collabs com Optiv, Nickbee, LaMeduza, Vowel, Molecular, Volatile Cycle, e dois remixes a anunciar em breve também” – “para não falar nos lançamentos da Surveillance, que, felizmente, começam a ser bastantes na agenda”, remata o DJ e produtor gaiense.

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