AUTOR

Rui Castro

CATEGORIA
Entrevista

Diana Oliveira: “Não acredito em timings certos”

5 Junho, 2020 - 12:12

Após uma década a tocar como DJ, Diana Oliveira revelou a sua faceta de produtora. Ficámos curiosos e fizemos algumas questões sobre esta nova fase.

É um cliché, mas a DJ Diana Oliveira praticamente dispensa apresentações – basta estar minimamente atento ao roteiro clubbing do nosso país para perceber a sua presença em muitas das cabines por esse país fora. Portanto, quem quisemos verdadeiramente conhecer nesta entrevista por texto foi a Diana Oliveira produtora, vertente “nova” que desvendou com o lançamento do seu primeiro EP, “Goal”.

O trabalho estreou a 4 de junho, com selo da Discotexas, de Moullinex e Xinobi, e nele podemos encontrar a abrangência rítmica que a artista demonstra ao vivo – desde a batida quase UK garage da faixa homónima, ao toque acid de Shut Off ou ao techno dopante de Stuck In My Head.

O título deste teu primeiro EP surge precisamente do alcançar de um objetivo pessoal e profissional? Ou tem outro significado?
Antes de mais obrigado pelo convite para esta entrevista. Sim, a história do EP rege-se à volta de tudo aquilo a que te propões para alcançar os teus objectivos, têm significados muito próprios da minha vida subentendidos, no qual acho que muitas pessoas se podem conseguir rever também. Retrata acima de tudo a viagem que tu fazes a partir do momento que estabeleces o teu objectivo.

Já tocas há muito tempo. Porquê este intervalo até lançares a tua própria música?
Não acredito em “timings” certos e não acredito que todos os DJs tenham de ser produtores, portanto para mim não houve intervalo.

Todo o processo de aprendizagem é constante e requer tempo, tempo esse que foi, sem dúvida, me dado durante esta pandemia, e que me permitiu terminar muitas das ideias que tinha. O tema Goal, por exemplo, já foi feito em 2017, mas só agora ganhei a confiança de o mostrar. Como os feedbacks foram bastante positivos, achei que estava na altura de tentar pôr os temas cá fora.

Como DJ, sempre primaste que fosse a vibe da pista a guiar a sonoridade dos teus sets. No caso da produção, e deste trabalho em concreto, que rumo/sonoridade procuraste seguir?
Prefiro definir-me por não ser estática, o teu estado de espírito não é igual todos os dias, os momentos que passas também não, por isso dentro da minha música tento sempre encontrar um equilíbrio com o público e sobretudo com o momento. Na produção isso acabou por se refletir também, explorando algumas sonoridades diferentes para momentos diferentes.

Algumas das tuas faixas têm vocais femininas. A título de curiosidade, és tu quem dá a o corpo – ou a voz, melhor dizendo – ao manifesto?
Sim, os vocais são meus. Sempre tive o gosto de escrever às vezes simples frases ou textos, o que é certo é que o bloco de notas do meu telemóvel por exemplo está recheado, textos esses que deram asas depois a muitas das músicas. Há uma música, por exemplo, que não está neste EP, que tem um texto escrito em 2010. Acho que consegui juntar dois mundos que gosto, e encontrei a minha forma de expressão.

Não é qualquer artista que tem o privilégio de lançar o seu primeiro trabalho pela Discotexas. Como surgiu esta oportunidade?
Um enorme privilégio. Como disse anteriormente só há pouco tempo é que comecei a mostrar alguns dos meus trabalhos, e com os feedbacks positivos foi me dada a confiança para ir avançando. Tanto o Bruno [Xinobi] como o Luís [Moullinex] têm sido extremamente disponíveis e estou muito agradecida por acreditarem neste “Goal”.

Podemos esperar mais produções no futuro? Se sim, é esta a linha sonora que procuras?
Já tenho uma boa dúzia de temas finalizados e estou a trabalhar já noutros. A linha sonora vai sempre reflectir a minha energia e o que estou a sentir. Dito isto, acho que sim, este EP será uma boa amostra do que vem por ai.

Achas que este passo rumo à produção própria poderá alavancar ainda mais o teu estatuto a nível nacional e até internacional?
Espero que sim, tenho trabalhado bastante nesse sentido, mas o futuro, especialmente neste momento, está muito indefinido.

Foste adicionada recentemente aos quadros da Match Attack, e apelidaste esta adesão nas tuas redes sociais como “novo capítulo”. Em que medida é que este configura uma mudança na tua carreira?
Este novo capítulo já configurava na minha cabeça o lançamento do EP e esta mudança para a Match Attack, muito antes até de se antever toda esta pandemia. Confesso que fiquei assustada quando isto tudo começou a acontecer, pois tinha este dois bons momentos na minha carreira prestes a acontecer e de repente tudo fecha! Mas mais do que nunca não podia baixar os braços, o que acabou por trazer uma motivação extra. Continuo a trabalhar com a RDZ, mas a mudança para uma agência onde estão nomes como Dj Vibe, Moullinex, Xinobi, Rui Vargas, Magazino, entre tantos outros, só pode ser benéfica e abrir novas portas.

Falaremos de algo sempre incerto, e hoje em dia ainda mais, por questões óbvias – o que esperas do futuro, e o que ainda tens para alcançar neste nosso mundo da música eletrónica?
Pois, é um tema transversal a todos, mas especialmente para este movimento da musica electrónica, é muito difícil perceber o que vem aí mas, como em todas as crises, não virão só coisas más, e espero agarrar-me ao que vem de positivo. Ainda tenho muito para alcançar, aprender e evoluir. Gostava, quem sabe, de apresentar um live nos próximos anos.

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