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20 das faixas mais viciantes da primeira metade de 2020

16 Julho, 2020 - 14:59

Entre janeiro e junho, foram muitas as malhas portuguesas que não conseguimos parar de ouvir. Agora, destacamos algumas dessas faixas.

2Jack4U, Unnaturalism e Menino da Mãe – Liberator [Máquinas em Manobras]
2Jack4U são uma das duplas mais excitantes no país, e o seu recente projeto “Máquinas em Manobras” tem trazido excelentes colaborações até nós. Em Liberator, há fúria analógica de techno acompanhada por uma alucinante letra e voz de Menino da Mãe, num cavernoso tema que é, além de único, impossível passar despercebido.

Blanc Motif – Sereno [1980]
Do álbum “Maze” destacamos Sereno, faixa que dá vontade de ir até o Gare ou Lux, Berghain ou Griessmühle. Servindo o tema de exemplo para aquilo que este longa-duração de techno bem hipnótico representa, por aqui há influências ambient e drone, tudo texturado em detalhes que nos levam para lá do imaginário.

Daino – Quiescence [Percebes]
“Crescendo” é o primeiro lançamento em vinil de Daino e arrisca-se a ser considerado por nós como um dos melhores EPs do ano. Ao longo dos quatro temas há toques de gospel ou funk, mas é Quiescence que não nos sai da cabeça. Em poucas palavras, é do melhor house que se fez no país em 2020. É ouvir para crer.

DJ Lycox – Jam [Príncipe]
“Kizas do Ly” é um EP repleto de amor para dar e vender. DJ Lycox explora aqui o seu lado mais romântico e sentimental, quase melancólico, através de melodias etéreas e ritmos ao jeito do kuduro. E no caso de Jam, fomos de tal forma seduzidos que não há como negar: é uma das faixas mais bonitas de 2020.

DJ Paulo – Dreamy Club [Paraíso]
No meio de tantos “sons para curtir”, o difícil é escolher. Optámos pelo Dreamy Club de DJ Paulo (alias de Silvestre), um funky acid sob batidas cruas de house a fazer lembrar o som primordial dos 90 que a Paraíso tanto almeja e concretiza. Simples, eficaz, e propício a uma bela ginga de anca.

DJ Spielberg – Cyber Gunas [No She Doesn’t]
A presença de Cyber Gunas nesta lista foi uma decisão unânime aqui na redação. O último trabalho da sempre descomprometida No She Doesn’t é um dos mais fortes de todo o seu espólio, e este electro viciante de DJ Spielberg é um dos sérios candidatos a disputar o pódio no que a faixas nacionais de 2020 diz respeito.

Ghetthoven – Learn How [Independente]
Finalmente de regresso aos lançamentos, o portuense Igor Ribeiro mostra toda a garra da sua voz e letras em Learn How. As influências disco, funk ou R&B estão bem presentes, num brilhante tema produzido inteiramente por um conterrâneo de Ghetthoven, Minus & MRDolly. É difícil não ouvir esta pelo menos 10 vezes seguidas.

Herlander – don’t get their name out your mouth [Troublemaker Records]
Herlander costuma cantar nos seus temas originais, algo nostálgicos e com toques de R&B, mas para a compilação “RESISTANCE”, da Troublemaker Records, produziu um autêntico banger. Acompanhado por samples que merecem ser ouvidos numa pista o mais rápido possível, don’t get their name out your mouth obriga a dançar e saltar sem parar. Irresistível.

Insignio – Bourbon Moon [Counterpoint]
Saudamos a ousadia, e Insignio é um projeto de Afonso Silva que explora sonoridades de digestão árdua por parte do público nacional, como é caso de drum’n’bass experimental, juke e footwork. Bourbon Moon é uma faixa subestimada cuja abordagem atmosférica a estes géneros cai que nem ginga nesta época veranil. Uma borliú nunca soube tão bem.

Império Pacífico (ft. Maria Reis) – Camada a Ferver [Variz]
“Exílio”, primeiro LP dos Império Pacífico, é música de dança descomprometida e brilhante do início ao fim. A dupla de trash CAN e funcionário conta com a voz de Maria Reis em duas ocasiões, ela que dá um lado algo pop ao disco. Um desses momentos é Camada a Ferver, tema de ritmos quebrados e synths acutilantes. Tudo no ponto.

João Pais Filipe – XV [Lovers & Lollypops, Holuzam]
“Sun Oddly Quiet” é o que se chama de um “trabalho e peras”. Escolhemos o tema de avanço XV, ainda assim com dificuldade em selecionar um favorito entre as quatro faixas hipnóticas. Este single teve direito a videoclip realizado pela artista visual Maria Mendes, o que proporciona uma viagem ainda mais intensa.

João Vairinhos – Vala Comum [Regulator Records]
O tema de avanço do primeiro lançamento a solo do lisboeta, composto por três faixas de ambientes distópicos, marcou-nos pela positiva e pelos drums repetitivos e enrolados carregados de reverb e saturação. O EP teve direto ao seu lugar nas escolhas da equipa no passado mês de abril e Vala Comum é, definitivamente, uma faixa a relembrar.

Kiyotaki – Death Culture [Independente]
Extraído diretamente de “Logos Spy”, primeiro EP de Kiyotaki em 2020, Death Culture é uma faixa de drum’n’bass recheada de breaks clássicos, atmosferas cinemáticas, havendo até espaço para um toque de jazz. O lançamento é independente e, claramente, subvalorizado. Se ainda não conheceste, agora é o momento.

Nídia – Nunun [Príncipe]
As influências africanas são inegáveis, mas é possível que existam também outras inspirações por trás de Nunun. O que sabemos é que nesta faixa há um trabalho de percussão invejável, acompanhado por um synth do qual somos autênticos reféns, especialmente no breakdown. “Nídia é fudida”, mesmo.

Oma Nata – Everything [Discotexas]
Ideal para quem gosta de produtores como Four Tet, Everything é o tema que abre o EP com o mesmo nome, lançado no início do ano. A linha de baixo vibrante e a encantadora melodia acompanham o groove da batida, num momento de influências house, leftfield e até ligeiramente dub. Uma autêntica malha.

Roundhouse Kick – Prana [ELBEREC]
A ELBEREC entrou em 2020 em grande, com uma compilação 100% nacional a estrear o seu catálogo. Destaque para a contribuição daquela que é uma das melhores duplas a produzir e atuar em Portugal – em Prana, os Roundhouse Kick exibem toda a polivalência rítmica que os caracteriza, com uma pujança exemplificativa do que podem esperar dos seus live acts. Venham daí mais destas.

Stasya – Culpa (ft. Odete) [HiedraH]
O contraste entre caos e ordem é presença assídua em temas de Stasya, e em Culpa, uma colaboração com Odete, essa dualidade continua presente. É uma faixa áspera mas polida, com recurso a kicks duros, samples como vozes, synths incisivos e outros pormenores que, juntos, são ideais para destruir qualquer pista.

Temudo – Tough To Say [Soma]
De regresso à Soma, com “Unnecessary”, o torreense mostrou, mais uma vez, por que razão é um dos nomes em maior destaque na cena de techno nacional. Com uma abordagem ligeiramente diferente do habitual, Tough To Say chega a ser claustrofóbica com cada detalhe, textura e pormenor que a compõe. Arrepiante.

Vasco Completo (ft. João Tamura) – Serotonina (RLGNS remix) [Independente]
Esta reinterpretação de Serotonina, pelas mãos dos RLGNS, agarrou-nos por completo. Num convidativo universo de eletrónica sonhadora, as cordas continuam lá, a voz idem aspas. Com o ambiente aqui criado e com esta letra, ouvir isto num clube seria emocionante. Emocionante ao ponto de fechar os olhos e deixar o espírito fluir.

VIL – 97-1 [Hardgroove]
A maturidade de VIL é cada vez mais audível e, só por si, o facto de esta malha integrar um EP lançado pela Hardgroove, de Ben Sims, prova que Nuno Costa não está aqui para brincadeiras. 97-1 arrebata desde o primeiro segundo, envolvendo-nos por entre pads e ritmos que se esperam nas pistas de techno mais exigentes.

Textos por Daniel Duque, João Freitas e Rui Castro

Fotografias retiradas do site Unsplash e captadas por Sean Chen (à esquerda) e Clem Onojeghuo (à direita)

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