No oitavo lançamento da INFINITA, Hugo Barão assume-se azul-revolto e entrega-nos “Sem Adubos” e “Arável 70%”.
Hugo Barão é médico de família e produz desde 2013, no “pouco tempo que lhe resta” (palavras do próprio). Apesar de não fazer live acts há algum tempo, já passou por festivais como o ZigurFest e Rodellus, e por casas de renome como o Musicbox, Café au Lait, Maus Hábitos, Lux ou ainda o Colston Hall, em Bristol, e o londrino Rhye Wax, já como azul-revolto.
Barão é também a figura por detrás de DJ Spielberg, mas achou boa ideia separar os dois projetos pelas sonoridades distintas que os definem. À A Cabine, conta que, inicialmente, azul-revolto teve mais influências de dubstep e bass nos primeiros EPs, com uma abordagem mais naive em relação a géneros de musica eletrónica, ritmos mais crus e sonoridades mais ácidas e melódicas. Nos últimos tempos, está mais colado ao house. Já o seu outro projeto, DJ Spielberg, começou por samplar disco colado a ritmos de house a 4×4.
O EP, uma experiência sónica mais uplifting inspirada na horta do quintal de Hugo Barão, conta também com três remisturas. Duas delas são de Hugo Vinagre, metade da INFINITA e responsável pela masterização, enquanto Miguel Torga, provedor de house campestre que não hesita em mudar uns vasos de sítio e plantar uns morangos neste backyard musical. É aquilo a que chama o “tratamento Miguel Torga”: retirar os estrangeirismos e tornar a coisa “mais galo de Barcelos”. Na remistura de Sem Adubos, isto traduziu-se na remoção das samples vocais anglofónicas e na inserção de novas vozes, com a ajuda de Carolina Bernardo. Já em Arável 70%, Torga retirou também as vozes originais mas optou por jogar entre o inglês e o português, usando a sua voz e uma outra para simular um curto diálogo bilingue apaixonado.
A última e segunda remistura da Sem Adubos vem pelas mãos de Diogo Vasconcelos, vimaranense a cargo do projeto Diogo e integrante desde 2016 da Extended Records. O artista dá uma nova vida à faixa através de uma reorganização percussiva intensa acompanhada por ecos modulados que dão uma aura mais sombria e psicadélica ao tema.
Editado a 27 de outubro, o lançamento está como sempre disponibilizado através do Bandcamp em regime de “paga o que puderes”, como de resto estão todas as outras faixas lançadas pela INFINITA.
Fotografia por Mariana Belo
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