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Lançamentos favoritos de janeiro

7 Fevereiro, 2022 - 19:25

Nomes como 2Jack4U, Armando Teixeira e Joana Gama & Luís Fernandes abrem a primeira lista de favoritos de 2022.

2Jack4U – PA Editions [Kepler Live]

2Jack4U é uma das grandes duplas portuguesas a agarrar em máquinas (e tem muitas no seu covil!) para compor eletrónica à séria. Neste caso, o duo estreia-se pela Kepler Live, de Raver’s Diary, para lançar um EP que não se cinge a uma só estética: em “PA Editions”, há muito por onde o ouvinte se aventurar, como é caso de techno cru e duro ou o que parece ser uma passagem por breakbeat hardcore. Fogo até mais não.

Armando Teixeira – Cidade Modular

Nome por trás da génese de projetos como Balla ou Da Weasel, Armando Teixeira chamou a nossa atenção em 2021, com o regresso da dupla Knok Knok em “Gravidade”, um dos nossos favoritos desse ano. Melhor ainda, o músico entrou em 2022 com o lançamento de “Cidade Modular”: pensado para ser apresentado em formato audiovisual, estamos diante um disco que resgata sons da cidade de Lisboa para serem trabalhados através de sintetizadores modulares. Brilhante, emotivo e rico como poucos em janeiro.

Burial – Antidawn [Hyperdub]

Há muita música melancólica a chegar do Reino Unido – em tempos recentes, sim, mas também no passado – e “Antidawn” é o exemplo perfeito de janeiro. Aqui, Burial encontra abrigo na música ambient – sim, por aqui não há batidas – feita a partir de recursos típicos do britânico, como é caso de vozes etéreas ou gravações de campo, como chuva e não só. No trabalho mais longo desde o incontornável “Untrue” (2007), o produtor oferece 44 minutos de puro amor para ouvir vezes sem conta.

Dylan Dylan – Euphoria LP [Shall Not Fade]

Haverá álbum mais diversificado do que este? É possível, mas não nos lembramos de um oponente à altura. No seu longa-duração de estreia, a francesa Dylan Dylan expressa toda a sua polivalência sem, aparentemente, nenhum fio de condutor conceptual que restrinja sonicamente as faixas contidas no trabalho. Desde o deep house mais minimal de Charonne, passando pelo electro subtil de Interlude #1, o downtempo melancólico de You ou o house pujante de I Got a Feeling, há escolhas para todos os gostos. Façam a vossa.

GHETTO 25 & WILT – Goa Pussy [Clan Destine Records]

Ghetto 25 levou o seu nome à letra e transportou essa vertente diretamente para as faixas que construiu com o seu compatriota francês Wilt. Este EP, de ritmos frenéticos, transpira rave por todo o lado, e ora as melodias psicadélicas sob retro eletro de Goa Pussy, ora o ghetto house revivalista de Beach on the floor, são dinamite pronta a explodir em qualquer pista. Mas se for numa ao ar livre (nas florestas de Goa, por exemplo) tanto melhor.

Joana Gama & Luís Fernandes – There’s No Knowing [Holuzam]

“There’s No Knowing” assinala o regresso do trabalho feito a meias entre Joana Gama e Luís Fernandes, uma colaboração que conta já com cerca de uma década de experiência. Este novo disco surgiu na sequência de um convite de Nuno M. Cardoso para compor a banda-sonora da série “Cassandra” e, bem, parece que estamos mesmo diante uma OST.

Desta vez, a pianista Joana Gama pega também no sintetizador Korg MS-20 para acompanhar a eletrónica de Luís Fernandes, tudo envolvido num trabalho bem minucioso – é essa minúcia, aliás, que melhor caracteriza o lugar distante mas convidativo em que esta música se encontra. Assinado por um ato extremamente relevante no país, este é mesmo a não perder.

Kör Boira – Superficial EP [Syntax Electronix]

OK, pára tudo! Caro ouvinte/leitor, se porventura conhecia Kör Boira e nunca nos mostrou, é pena. Deparamo-nos com este “Superficial EP” e, após escuta atenta, chegamos à conclusão que o nome não poderia ser mais antagónico, dado ao conteúdo relevante que lá consta. O valenciano, que atualmente reside em Berlim, explora electro arruaceiro, com elementos guetto, e toda a crueza que dele deriva. Todas as faixas são portentosas, mas o crème de la crème (na nossa opinião) está em Bounce, muito por causa do twist inesperado com a incorporação de elementos juke ao electro reproduzido inicialmente. Uma fórmula vencedora, sem dúvida.

Monster Heart Driver – Do Palm Trees Dream of Snow [Pace Keepin Records]

Caro Monster Heart driver, nunca saberemos responder à sua questão (Do palm trees dream of snow?). O que sabemos, com quase 100% de certeza, é que estas gingariam – quase tanto como nós – com as faixas deste EP. Sobretudo com a mistela entre o deep house e o breakbeat acid da sublime Boulevard, ou com a misteriosa Isn´t it e o seu “proto boom bap” carregado de groove.

NO FUTURE – GALERIE Y FIORE [Monster Jinx]

NOFUTURE, aliás Ivo Diodato, não é um artista que se limite a um género ou outro. É, na realidade, um nome portuense que não tem qualquer problema em se aventurar por aquilo que bem lhe apetece. Fossem necessárias provas, este álbum de estreia, “GALERIE Y FIORE”, mostra com precisão esse mesmo génio artístico: trata-se de um disco que caminha por vários movimentos (industrial, jungle, techno) e que é, acima de tudo, uma história muito bem contada.

Shinichi Atobe – Love of Plastic [DDS]

Nome forte do Japão, Shinichi Atobe assinou mais um brilhante trabalho pela DDS, “Love Of Plastic”. Estamos diante um disco bem rico e que caminha maioritariamente pelos campos do house: ao longo de 55 minutos, o japonês mostra um total de 9 faixas prontas para serem ouvidas em qualquer hora e contexto. Carreguem no play e digam-nos se não concordam – mesmo que não concordem, este vai continuar a girar por aqui mais umas quantas vezes.

Textos por Daniel Duque e Rui Castro

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