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A Cabine

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Lançamentos favoritos de fevereiro

10 Março, 2023 - 14:38

10 discos que ainda hoje não queremos parar de ouvir.

Dj Gigola – Fluid Meditations [Live From Earth]

Trabalhou em medicina, mas preferiu a música. Lançou vários trabalhos, mas nunca se sentiu tão livre quanto agora. Neste “Fluid Meditations”, é a nós que nos liberta. Álbum de estreia que parece mais nosso do que dela. Oito temas com a voz de Dj Gigola em meditações guiadas, movidas por downtempo ou pelo techno mais enérgico. Ideal para ouvir em afters mais íntimos (e a qualquer outra altura) ou para pôr pistas a vibrar (ouça-se Gratitude Practice). DD

HDSN – Beyond Linguistic Templates [NBAST]

Vocal feminino, fundo sonoro sonhador, uma pitada de melancolia e uma vibe ora smooth ora extasiante. “Onde é que eu já ouvi isto?” A fórmula não é nova, mas é sempre vencedora. Sejam bem-vindos ao lo-fi/deep house do germânico HDSN. Já agora, sintam aquele snare ressaltante de Light Lives In Dark Places. RC

Man Power – Wallsend’s Finest [Nocturne]

Man Power começa o ano em grande. O primeiro EP de 2023 para o curador das festas e editora Me Me Me chega com o selo da Nocturne e traz dois temas plenos de intenção. Overbite foi daquelas que nos deixou estáticos, boquiabertos e sem reação. Dançar ou contemplar, eis a questão. Não é uma faixa de fácil intrusão, mas, quando se entranha, percebemos a genialidade criativa por trás da mesma. Já Full Body Gurn saltita do house para o bass e é menina para agradar aos amantes de ambos os géneros. Tal como a sua parceira de EP, a sua construção atípica cativou-nos a atenção e conquistou-nos pela ousadia (mesmo com aqueles gritos angustiantes). Que viagem! RC

Marlene Ribeiro – Toquei no Sol [Lovers & Lollypops/Rocket Recordings]

Numa nova edição conjunta entre Lovers & Lollypops e Rocket Recordings, “Toquei no Sol” é o convite perfeito para o mundo de Marlene Ribeiro. Já a conhecíamos por ter tocado com os Gnod, pelo projeto Negra Branca ou por ter assinado um disco ao lado de Valentina Magaletti em 2020. Agora, o “dreampop hipnótico” é tão pessoal quanto possível. Em parte inspirado pela sua avó Emília, de quem se ouve a terna voz no primeiro tema, o primeiro álbum de Marlene Ribeiro em nome próprio é tão envolvente quanto se possa imaginar: gravações de campo, letras em português, instrumentos variados, sinceridade e coração. Avé. DD

Moss Kissing – Pass Through [Vilamar Records]

Álbum de estreia brilhante de Moss Kissing. “Pass Through” chegou com selo da igualmente incrível Vilamar Records, que volta a fazer correr uma brisa necessária nos catálogos de eletrónica que se escutam por cá. O disco, exclusivo em vinil, é uma jornada única pelos meandros da música britânica (dubstep ou jungle) com pés bem assentes noutros mundos (ambient, por exemplo) e em vozes tão bem trabalhadas que a pele até arrepia. Para ouvir do início ao fim – com o volume bem lá alto, claro, para deixar que cada ínfimo detalhe e textura nos penetre o cerne. DD

Pedro Ricardo – Soprem Bons Ventos [Soundway Records]

Pedro Ricardo é um verdadeiro tesouro. Talvez já o tenham ouvido como Hai e Bababa ou a chamar a atenção na berlinense HÖR. Se calhar até em nome próprio a desbravar house cheio de instrumentos ou nos trabalhos da sua Hear, Sense and Feel. Agora, assina com o Ricardo este “Soprem Bons Ventos”, disco com selo Soundway Records no qual se escuta desde logo a técnica de dedilhado deste músico. Há cordas e teclas, há percussão e canto, há jazz e pitadas de eletrónica, há tradição portuguesa e além-fronteiras e há futuro. Há unicidade e há, acima de tudo, a obra-prima do portuense. DD

Phoebe – Sempre A Correr [Extended Records]

Não duvidamos nada de que a vida de Phoebe seja sempre a correr. Bruno Trigo desdobra-se em projetos como Planeta Manas ou Rádio Quântica, por exemplo, e ainda tem tempo para misturar discos ou para produzir trabalhos como este. “Sempre A Correr”, que assinala a sua estreia pela Extended Records, é um EP de quatro faixas com a mira apontada para a pista de dança. Quatro armas para pôr corpos a mexer por meio de explorações rítmicas ou incursões house e outras tantas. Nem Sempre Estou No Mood é o exemplo perfeito disto mesmo, com synths que vão esvoaçando ao lado de jogos de vozes ou outros ingredientes ideais para qualquer rave. DD

Pugilist – Negative Space [Of Paradise]

Circuit Breaker é daquelas faixas que nos faz involuntariamente colocar em pose típica de suricata, como que a tentar decifrar de onde vem tamanha pujança. O seu ritmo viciante e diferenciador foi o chamariz para o resto do EP e Daggers a confirmação da qualidade do mesmo. Em “Negative Space”, Pugilist explora os meandros do techno, do offbeat, dub, breakbeat e da bass music, levando-nos a mergulhar num vórtex com paisagens sónicas dignas de pertencer à banda sonora de um filme de sci-fi pós-apocalíptico. RC

Trikk – Fauna & Flora [Innervisions]

Não é meu hábito ouvir Innervisions, mas não podia deixar escapar este álbum de estreia de Trikk. Portuense talentoso que, aqui, chama a atenção não só pela música, mas também pela frescura que dá à sua discografia e ao catálogo da editora de Dixon (que, diga-se, foi produtor executivo deste disco). “Fauna & Flora” é daqueles verdadeiros álbuns que contam uma história. E esta história, imagine-se, vai ao baile funk, ao punk, ao techno e a muito mais sem nunca deixar de ser congruente. Próprio, sim, mas de portas bem abertas. DD

Violet – HEART/BREAK HARD/CORE [naive]

Este EP é esquisito. E esquisito enquanto adjetivo de conotação positiva, não fosse “HEART/BREAK HARD/CORE” um dos mais interessantes e intrigantes trabalhos a sair da fornada tuga. Esquisito, que chega a roçar o esquizofrénico por vezes, talvez fruto do psicodelismo, das variações rítmicas ou das transformações e deambulações alucinantes de géneros dentro das mesmas faixas – veja-se Core, por exemplo, onde na mesma faixa encontramos batida de funk, kuduro, pitadas de samba e techno; ou Hard, cuja intro, com uma espécie de militarystep de outrora, se funde com funky techno e jungle desenfreado. Vindo de Violet, esta criatividade não nos surpreende, mas ficamos sempre agradados com o arrojo. RC

Palavras por Daniel Duque e Rui Castro, imagem por Catarina Ribeiro

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