Há muito para ouvir e estes são apenas 6 dos vários atos que merecem a nossa atenção durante o Elétrico 2023.

Está aí à porta a edição de 2023 do festival Elétrico. No Parque da Pasteleira, no Porto, a festa arranca esta sexta-feira e estende-se até à noite de domingo.

São muitos os atos que vão passar por lá que merecem destaque, como é caso de Zip, DJ Tennis, Moullinex e GPU Panic ao vivo, Yen Sung, Superpitcher, Rui Vargas ou a live band de S. Moreira. Neste caso, no entanto, vamos olhar para outros nomes.

O festival Elétrico, como habitual, não se fica pela música. Ao longo das manhãs e das tardes do evento, vai haver também yoga, workshops, arte e não só.

Os bilhetes ainda podem ser comprados via E3cket. Já as nossas sugestões podem ser encontradas abaixo:

Margaret Dygas [Sexta-feira às 21h]
Depois de testemunharmos Margaret Dygas no Waking Life, a vontade de a voltarmos a ouvir esta sexta-feira é inevitável. Por lá, encantou a pista durante cinco horas a fio com discos raros e desconcertantes, que só estão ao alcance de quem se dedica a este ofício há décadas. Outra prova da sua experiência é a técnica que demonstra ao atravessar os submundos do house e do minimal, nos quais sustenta os seus sets habitualmente.

Por cá, duas horas devem ser suficientes para comprovar a irreverência de uma artista indissociável da Perlon, que começa o fim-de-semana a tocar no Porto, atua em Manchester no sábado e nos dias seguintes em Los Angeles, Nova Iorque e Miami. Características de uma DJ da velha guarda e razões mais do que suficientes para a considerarmos o primeiro ato imperdível desta edição do Elétrico. NV

Ricardo Villalobos [Sexta-feira às 23h]
Não há muito para dizer sobre Ricardo Villalobos que não tenha sido dito anteriormente. Para muitos, é um produtor revolucionário que desencadeou um teor mais minimalista dentro da música eletrónica. Para outros, é um DJ excêntrico entre o lote dos melhores da história atrás dos pratos. Ainda há quem o considere um artista demasiado repetitivo e descuidado.

Parece que todos o conhecem. Também por isso, deverá sentir-se o entusiasmo no ar quando subir à cabine esta sexta-feira no Parque da Pasteleira, onde o mais certo é esperarmos todos algo de diferente do chileno que emigrou bem cedo para a Alemanha, tamanha é a sua dimensão, e ainda assim sairmos surpreendidos. Digam o que disserem, é uma aparição imperdível no cartaz do Elétrico e uma escolha obrigatória para esta nossa seleção. NV

Caroline Lethô (live) [Sábado às 14h]
Nós sabemos que é difícil ir cedo para um festival depois de uma noite de festa, mas neste caso vale a pena. A abrir a programação musical de sábado, Caroline Lethô apresenta o live act que ainda recentemente mostrou ao público do Waking Life.

Carolina Mimoso é um ato indispensável no país. Foi um dos poucos nomes portugueses a passar pela Red Bull Music Academy, esteve por trás da Intera ao lado de Telma e é conhecida por fazer rádio na Rádio Quântica e, mais recentemente, na Refuge Worldwide.

A sua história não se fica por aí, pois claro. Tem temas e trabalhos lançados por editoras como INFINITA, ELBEREC, Rave Tuga ou Reif, por exemplo, e é uma DJ muito capaz que chama a atenção pela seleção variada e certeira. Mas no Elétrico, às 14h, é na música ambient que centra o seu live act. Tendo também em conta as sombras e o vasto espaço verde do Parque da Pasteleira, todo o contexto nos parece ideal para começar sábado da melhor maneira. DD

Todd Terje [Sábado às 21h30]
Lindstrøm, Skatebård, Jenny Hval, Prins Thomas e tantos outros. Há muita vida na eletrónica norueguesa e um dos nomes que salta à vista é Todd Terje. Quase 10 anos após a última passagem pelo Porto, no Primavera Sound 2014, o norueguês está de regresso para uma atuação no Elétrico.

Esse hiato de atuações a norte do país é um dos motivos que nos leva a escolhe-lo para esta lista de sugestões. Mas há mais. Estamos a falar de um músico que chama a atenção desde 2004, quando lançou o EP “Eurodans” pela Soul Jazz Records. Já aí mostrava uma inclinação para o disco, algo que o acompanha até aos dias de hoje.

Com um nome inspirado em nada mais nada menos do que o veterano nova-iorquino Todd Terry, mostrando assim o respeito que tem pela música house, Todd Terje é garantia de música feliz e de fusões mais do que bem-vindas, como prova o aclamado “It’s Album Time” (2014). Venha daí o norueguês. DD

A Guy Called Gerald (live) [Domingo às 17h]
Antes de tudo, tenhamos em conta que A Guy Called Gerald não passa pelo Porto desde 2018, ano em que ajudou a soprar as velas do 12º aniversário do Plano B. Entretanto teve pelo menos uma ocasião em Lisboa, mas este momento no Elétrico assinala o aguardado regresso à cidade Invicta.

Gerald Simpson não tem lançado muito material novo nos últimos anos, mas não deixa de ser um nome indispensável da música de dança, do movimento acid house e de Manchester. Um dos membros da formação original dos igualmente influentes 808 State, Simpson editou por selos como Perlon e K7!, além da sua própria Juice Box Records, pela qual inclusivamente assinou vários discos de jungle.

No festival Elétrico, A Guy Called Gerald apresenta-se ao vivo, um formato pelo qual é especialmente conhecido dado o seu à vontade com as drum machines ou os sintetizadores. Motivos não faltam para ouvir o responsável pela inesquecível Voodoo Ray e, quem sabe, ainda teremos a sorte de ouvir esse tema por lá. DD

Kyle Hall [Domingo às 18h]
Kyle Hall é um dos segredos do cartaz desta edição do Elétrico, acreditamos nós. Raramente em Portugal, o artista de Detroit é um exemplo categórico da sonoridade que o Elétrico tem sedimentado para o seu terceiro e último dia de festival. Música mais leve. Acima de tudo house, mas também funk, disco e outros estilos de inspiração norte-americana.

Vem, portanto, lembrar-nos das raízes da música de dança e muito mais. Semelhante ao seu conterrâneo Moodymann ou ao inevitável Theo Parrish, o ainda jovem DJ e produtor estreia-se no Porto e diz que já ouviu muitas coisas boas sobre a cidade. Assim como nós ouvimos sobre ele. Não escondemos: estamos entusiasmados com o próximo domingo. NV

Textos por Daniel Duque e Nuno Vieira, imagem por Catarina Ribeiro