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A Cabine

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Lançamentos favoritos de junho

11 Julho, 2023 - 13:45

De Cinthie a Tracing Xircles, a passar por nomes como Diogo, Fresko ou Marie.

Cinthie – Musique for Discothèques [Elevate.Berlin]

Cinthie sabe bem como pôr gente a dançar. Pelos anos que leva a consumir e a tocar discos, certamente, mas também pelo seu próprio paladar. Ouça-se os temas que abrem “Musique for Discothèques”, por exemplo, com acordes de piano e linhas de baixo que acenam aos clássicos do house ou com a voz doce e que hipnotiza pistas de Won’t U Take Me. A surpresa chega em Masterplan, uma faixa de footwork que abre depois espaço para o remix bem corporal de St. David ao tema introdutório. Com estas malhas, o sucesso é garantido em qualquer dancefloor. DD

Diogo – Quem é o Criminoso? [Extended Records]

Cara Extended Records e Discos Extendes, este ano está a ser upa-upa! Este é já o quarto lançamento de 2023 para a editora nacional, que conta com o regresso de Diogo, que assinou o trabalho mais prolífico desta, com “Finalmente!” em 2022. Agora, o DJ e produtor natural de Fafe exibe todo o seu esplendor breakbeat com quatro faixas dedicadas diretamente à pista, sendo que I Don’t Give A F*ck é claramente a que mais se destaca no EP, não só pelo nome sonante como fundamentalmente pela onda e progressão rítmica da mesma. Aproveitem e ponham os olhos (que é, como quem diz, oiçam) no “junglyze remix” de Tsuri a Move On. Esquizofrenia mais do que bem-vinda. RC

Fresko – Inner Funk [HAYES]

Não é novidade que Fresko é um daqueles nomes portugueses de techno para manter debaixo de olho. Sabemo-lo há muito tempo – pelo menos desde 2020, quando lançou o nosso então favorito “Is It”, também editado pela HAYES – e é cada vez mais certo que este nome é uma garantia no nosso cenário. “Inner Funk”, que assinala o primeiro vinil de Francisco Barahona, tem beats repletos de elementos ideais para qualquer fã do género, leads alucinantes, uso certeiro de vozes e até um tema final mais quebrado. Entretanto, também já saiu outra bomba: o EP “Bravado”, pela Planet Rhythm, também este uma verdadeira arma de destruição maciça. DD

Holandês – Poder Paralelo [XXIII]

O que é que funk brasileiro, electro e miami bass têm em comum? Se quiserem a resposta,ouçam o lançamento mais recente da XXIII, editora que promove constantemente choques de cultura tão gostosos quanto este. Em poder paralelo, o jovem produtor de funk de Recife, no Brasil, dá uma roupagem rave ao funk, levando-o para um lugar simultaneamente sujo e obscuro que todos queremos estar. Rave de favela, vamo ki vamo. RC

Karenn – Everything is Curly [Voam]

A música de Blawan e Pariah como Karenn não é para meninos nem meninas. Até poderá ser, vá, mas, mesmo sendo de pista, pode não agradar a todos. Trata-se de techno ríspido, com muita incidência em síntese modular e com um lado experimental e ruidoso sempre presente, que não deixa de lado, no entanto, elementos que atraem até os ouvintes mais difíceis. Feeling Horizontal, por exemplo, destrói qualquer pista enquanto abraça uma voz punk-industrial-obscura que nos entra pelos recantos do cérebro adentro sem pedir permissão. Já Happy Birthday, mantendo a dureza, tem um lead de synth quase cómico, ideal para promover as danças mais loucas por essas pistas fora. Hoje e sempre, esta dupla britânica tem sido garantia de techno certeiro. Ela e a sua editora Voam. DD

Marie – Fragments

Trabalha como engenheira de som na TSF, é formada em música clássica, estudou Ciências Musicais e Produção Musical entre Lisboa e Derby. Mariana Aguiar, aliás Marie, tem o currículo que carimba a certeza de que este é um nome para ouvir com atenção, mas nem sempre isso se traduz em génio artístico. Neste caso, também em sinceridade artística. Marcado por ambient subtil e envolvente, mas não só, o álbum de estreia “Fragments” é feito por gravações de campo, cordas, teclas e tanto mais, tudo ao lado de vários nomes ao longo dos cerca de 40 minutos, como é caso dos portugueses ZZY e Vasco Completo ou de Andres Jacques, Sachi Kobayashi e Maiya Hersey. Um disco terno, apaixonante e a não perder. DD

Rrose – Please Touch [Eaux]

O ideal era que quem vos escrevesse este texto percebesse bem de produção musical. É que, nestes ouvidos leigos, não há muitos detalhes pelos quais possa entrar. Posso, no entanto, afirmar que Rrose assina aqui mais um álbum repleto de texturas, pormenores e atenção ao detalhe – como sempre, aliás. Continua a haver um lugar reservado para o techno – talvez não tanto quanto em “Hymn to Moisture” – num trabalho marcado pela imersividade habitual. Para ouvir de olhos fechados e com fones, aqui há drones, ritmos complexos e uma sensação de claustrofobia da qual, surpreendentemente, não queremos sair. No fundo, a sempre bem-vinda magia de Rrose. DD

Soul Groove – Jaded [Feedasoul Records]

Soul Groove… só o nome já da para perceber a onda, certo? O britânico fez uso pleno das suas influências de jazz, afro beats, electronica, house ou neo soul para nos dar três faixas carregadas de gourmet. Jaded Love é a mais festiva do EP e tem um rework que transporta o ritmo para uma vibe mais pausada, com o intuito de explorar o lado mais atmosférico e melódico que o próprio vocal impõe. Entre os dois, não vamos dizer venha o diabo e escolha, porque cheira-nos que este iria gostar mais da ginga original. Portanto, escolham vocês. Já Late Night Caller é broken beat super smooth, cujo nome justifica o espírito da faixa, mas cuja sonoridade nos pode transportar para o amanhecer, anoitecer ou final de noite. RC

Teej – Anti Roller Roller Club [Flexout Audio]

Uhh-la-la. Olha, olha, se não é o drum’n’bass a fazer das suas. Com a vibe minimal a estar novamente na ribalta, encontramos aqui um lançamento digno de ser debitado em todas e quaisquer raves regadas a suor por esse mundo fora. E o nome do EP é confuso, mas intuitivo. Será que há rollers? Então não! A faixa homónima é o exemplo perfeito. O restante nem tanto, mas nem só de rollers se vive. Em suma, parabéns, Sr. Teej. RC

Tracing Xircles – First Contact [Candy Mountain]

Com selo da Candy Mountain, o estúdio, label e espaço de Steffi e Virginia em Portugal, “First Contact” é o mais recente fruto da dupla Tracing Xircles, de Blue Hour e A-JX. Apesar do título do EP, não é o primeiro contacto entre os dois, mas talvez seja um relato da primeira interação do duo com vida alienígena. É um trabalho enérgico que anda por trilhos electro e bass, tocando até em techno e não só, sempre com melodias, baixos e tantos detalhes que nos põem no espaço sideral. E se todo o EP já é bom, imagine-se o remate do mestre de ritmos (e tanto mais) dBridge. DD

Textos por Daniel Duque e Rui Castro, imagem por Catarina Ribeiro

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