AUTOR

A Cabine

CATEGORIA
Artigo

Lançamentos favoritos de julho

4 Agosto, 2023 - 17:11

Ambient, jungle ou techno. Houve muita coisa a passar por cá em julho.

Active Surplus – Mirroring [Telephone Explosion Records]

“Mirroring” tem música que tanto serve para palcos chill out como para ouvir em casa ou para pôr corpos a viajar no clube. Dupla de Toronto, Active Surplus assina neste novo trabalho uma espécie de eletrónica algo house com paisagens ambiente, que vive de arpejos e pads sonhadores, ritmos tão certos quanto quebrados ou basslines corpulentas e viciantes. Vale bem a pena conhecer e entrar na viagem. DD

Cloze Encounter – Mamb [Liberta Records]

A estreia de Vitor Tomás na Liberta Records é merecedora de um lugar nas melhores do mês. Os quatro temas presentes neste EP são abastecidos de texturas, grooves viciantes e um toque notável da maturidade que é característica deste nome. “Mamb”, senhoras e senhores. JF

DJ K – Pânico no Submundo [Nyege Nyege Tapes]

Não fosse o selo da Nyege Nyege Tapes e talvez não conheceríamos este trabalho. A verdade é que fomos arrebatados. Uma autêntica loucura funk marcada por sexo, rua, linhas de baixo gordas e distorcidas, kicks para partir pistas a meio, synths tanto típicos como absurdos, samples reconhecíveis, tudo numa ótica dura e ríspida de “bruxaria” – termo cunhado pelo próprio. Da favela para as pistas, DJ K. DD

Fresko – Bravado [Planet Rhythm]

A assinatura e o traço sónico do produtor já são evidentes. Depois do EP ”Inner Funk”, via HAYES, Fresko estreia-se pela Planet Rhythm com “Bravado”. São cinco temas sem rodeios – tecnologia, groove, texturas e claro… um toque muito, muito fresco. Disponível em formato digital e em vinil, é um “Bravado” muito bravo. JF

Joana de Sá – Lightwaves [sirr-ecords]

Mais de um ano após o álbum de estreia “Shatter”, Joana de Sá voltou à sirr-ecords para lançar “Lightwaves”. Emotivo e cativante, o novo álbum foi feito entre Porto, Viseu e Lisboa, pelos quais a música andou a fazer gravações ao longo dos últimos meses para trazer um disco que “parte da sua experiência pessoal nestes lugares.” A guitarra e os sintetizadores são a base, mas há também violoncelo (Louis Wilkinson), vozes e, acima de tudo, o coração de Joana de Sá. DD

Klin Klop – Something New [Discotexas]

“Something New” de Klin Klop. Se em “Lua Nova” estava mais inclinada para o que normalmente se chama house e techno melódico, a violinista (e tanto mais) Inês Meira anda por novos caminhos no regresso aos EPs e à Discotexas. Aqui, até nem larga esse lado em B4 U, mas inclina-se para uma vertente mais minimal num caso e para outra mais acid na colaboração com Gazpa. Belo trabalho. DD

Nuno Loureiro – Lua Onus [SUPERPANG]

“Lua Onus” é o primeiro álbum de Nuno Loureiro em nome próprio. Esteve em discos de Fugly ou Solar Corona recentemente, mas o último lançamento a solo tinha sido como Lorr No. Nesse “Alergia” (2020), pela Favela Discos, que ele tão bem conhece, entrávamos numa viagem mais new age de modulação. Agora, pela italiana SUPERPANG, Loureiro ainda trabalha essa sintetização, mas aqui há mais elementos. Vozes, teclas, ritmos ocasionais, minuciosidade, muito ambient e experimentação ou até breves rasgos de techno em Luz. Tão ofegante quanto calmante, esta parece ser a obra-prima do portuense. DD

Portway – Dropshipping / Lithium Souls [Gimme A Break Records]

A Gimme a Break Records classifica este produtor, DJ e designer de camaleão desafiador de géneros (soa melhor em inglês – “genre-defying chameleon”) e refere que a sua abordagem, futurista e fora da caixa, já lhe valeu apoios de artistas como Skream, A.Fruit ou Lcy. Só isso já é suficiente para gostar de Portway. Mas o leftfield bass progressivo, com ênfase na percussão e naquela bassline oscilante de Dropshipping veio confirmar esse veredicto. Em Lithium Souls, este mantém a tonalidade progressiva com um two-step UK bass bem rapidinho. Resumindo, cá está um duplo single capaz de fazer os bassheads ficar de olhos em bico e ouvido quentinho. RC

Prestes – É Difícil [XXIII]

É difícil não ficar rendido ao trabalho da Príncipe Discos (e de outras, claro) e que o digam Bruno Martins (Bruno de Seda) e José Pedro Santos (DJ Ideal). E neste caso também é difícil não ficar rendido a Prestes e a este EP de estreia. Nomes que partilham projetos como José Pinhal Post Mortem Experience, os portuenses “foram ganhando interesse no movimento musical afro diaspórico” e começaram a dupla com o propósito de aliar o psicadelismo da eletrónica (e das máquinas) aos beats lentos e românticos que chegam de sonoridades como kizomba e tantas outras – ouça-se a brilhante Temporada no Abismo, por exemplo, feita ao lado do cabo-verdiano Claiana e de Filipe Azevedo. Rematado por um remix de Cash From Hash, “É Difícil” é para toda a família, sim, mas também para pistas sedentas de hedonismo. DD

Refreshers – Bugged

“Bugged” mostra jungle londrino produzido em 2023 mas a pensar nos anos 90. Luke Blair já assinou música como Lukid, com vários lançamentos pela Werk Discs, e com a dupla Rezzett, que ainda este ano voltou a editar mais um disco pela The Trilogy Tapes, mas é como Refreshers que nos envolve na mais detalhada e enérgica programação rítmica e levita em basslines acompanhadas por vocais que tanto vão à Jamaica como ao UK. São bombas cheias de emoção para pistas, para despachar trabalho no escritório ou simplesmente para ouvir em casa de olhos fechados. DD

Rift – Mood Swing [Counterpoint Recordings]

Este lançamento marca o regresso das séries Counter x Culture, segmento dedicado a produtores em ascensão, da editora portuense Counterpoint, que se encontrava hibernado há mais de 2 anos. Aqui, o produtor inglês Rift abraça a filosofia da editora e explora diversas vertentes do drum’n’bbass, desde o neurofunk de Blood Star, o liquid de Veil ou a pujança melodicamente efusiva de Mood Swing. Mais um lançamento para o já fértil espólio da sempre persistente Counterpoint Recordings. RC

Tom Arkay – Inner Spirit EP [Sengiley Recordings]

Por vezes “tropeçamos” em lançamentos sem saber bem como, nem de quem são, e este foi um desses casos. Mas o garage house, “inspirado no som de Nova Iorque dos anos 90”, da faixa homónima foi o que nos trouxe até ele. Que coisa mais gourmet, até dá vontade de ouvir a torcer o bigode fictício. No entanto, foi Rise que conquistou o lugar nos nossos favoritos. Aqui, o DJ e produtor parisiense transforma o mood em algo mais deep, que nos faz debitar, imediatamente, um beicinho de aprovação. E a espontaneidade deste, meus caros, não engana. RC

Textos por Daniel Duque, João Freitas e Rui Castro, imagem por Catarina Ribeiro

relacionados

Deixa um comentário







t

o

p