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Daniel Duque

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Notícias

DVS1: “O som tem de ser a estrela do espetáculo”

11 Março, 2019 - 17:20

Em entrevista à The School of House, Zak Khutoretsky explicou a sua visão sobre o panorama atual da cena de música eletrónica.

Segundo o próprio, o melhor é chamar-lhe o panorama atual da indústria e não da cena, isto porque DVS1 considera que numa cena dá-se e recebe-se suporte numa “shared culture”, algo que não vê nos dias de hoje. O americano vem de uma altura em que os próprios flyers incluíam o sistema de som que estaria presente numa festa, algo que o motivara tanto quanto o dj convidado.

No início da entrevista, Khutoretsky diz sentir-se feliz por ter conhecido a cultura underground desde cedo, nunca tendo oportunidade para conhecer o lado mais comercial da música eletrónica. A certa altura afirma que estamos perante uma indústria, acrescentando que “se conhecesse um promotor há 20 anos, sabia que não o fazia por carreira mas sim por paixão”.

Num outro tópico, “Money vs Art”, DVS1 declara que “dinheiro e sucesso abastardeiam qualquer arte”, além de ser um problema para os mais novos. Aron Friedman chega a questionar acerca de como é que a fama e o dinheiro influenciaram o dj e produtor, que acredita que merece o sucesso, “mas que tem de ser tratado com respeito” – “vi muitas pessoas a perder o foco, perder a direção, perder as suas visões por terem sucesso”. É esse sucesso que o leva a falar sobre estes tópicos abertamente pois crê que a maioria das pessoas “tem muito medo de julgar”.

Entre outros aspetos, como os valores que existem no panorama, Zak Khutoretsky tece críticas aos festivais, mesmo referindo o seu ceticismo em relação a este tema graças à eventualidade de ter de parar de tocar nesses eventos para evitar ser hipócrita – algo sobre o qual ainda não tomou uma decisão. Além de referir os problemas que os festivais trazem para os clubes, refere também as consequências para a audiência. Com sets de 90 minutos e inúmeras pessoas para agradar, um dj num festival, segundo o americano, sabe que “tem de tocar bangers” para não perder o público. E se alguém perguntar “porquê pagar 20€ por um bilhete para ouvir um dj num clube quando posso pagar 40€ para ouvir vários num festival?”, Zak responde que isso não acontece pois, num evento com vários palcos, um espetador e o seu grupo de amigos pode facilmente ir de palco em palco, nunca prestando real atenção a uma atuação do início ao fim.

Nesse sentido, Khutoretsky afirma que “a audiência está a perder o valor pelos djs, o respeito, e que os djs estão a perder o lado de serem um artista e criativo”. “Também danifica promotores que trabalham regularmente”, acrescenta, não deixando de mencionar que há espaço para festivais e clubes. Apenas não quer que um danifique o outro pois acredita que “o lado rave e o lado festival são totalmente separados”.

DVS1 começou como promotor na sua cidade de Minneapolis, onde era tudo feito com poucos recursos e numa cultura DIY, e recentemente arrancou com a série de festas Wall of Sound, um dos tópicos desta conversa. Nesse projeto, o dj não está visível, sendo que o sistema de som está localizado no habitual sítio da cabine.

Ouve esta imprescindível entrevista com DVS1 aqui ou abaixo.

School of House

Few artists in the techno genre are as outspoken as Zak Khutoretsky aka. DVS1. In recent years, the Russian-American DJ/producer has been the instigator of many a fierce discussion on electronic…

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