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16 anos de Plano B e uma “ambição cada vez maior”

1 Dezembro, 2022 - 15:20

O clube portuense Plano B continua a desempenhar um papel ativo no circuito artístico da cidade e nós aproveitamos o 16º aniversário para o conhecer melhor.

Entre 2 e 10 de dezembro, celebra-se o aniversário de uma casa que procura dar motivos para festejar todas as semanas. Tal como outras, é certo, mas nem todas com a mesma longevidade ou capacidade. Falamos do Plano B, que, (agora) conhecido por todos, não dispensa apresentações e tão pouco, acreditamos nós, desmerece uma atenção mais profunda. Ainda mais numa data tão assinalável.

São 16 anos desde a abertura do espaço portuense, localizado na Rua Cândido dos Reis. Hoje, é uma paragem obrigatória no roteiro hedonista de vários amantes de música alternativa da cidade. Eletrónica mas não só, a programação é diversa e oferece várias possibilidades aos clientes, que a si recorrem em grande número todos os fins-de-semana. E o calendário de aniversário ajuda a explicar porquê.

Para esta celebração, chegam vários artistas consagrados. Lola Haro (dia 2, sexta-feira), DJ e responsável pela editora Small Steps, Plaid (dia 3, sábado), duo inglês que desbrava os terrenos do IDM desde os 90s, o consagrado DJ Tennis, acompanhado por Trikk (no dia 7, quarta-feira) e, ainda, Leo Pol (no dia 9, sexta-feira), francês da nova geração de DJs. Também há vários concertos – a adiantar mais à frente.

O aniversário é o pretexto que precisávamos para esta conversa com Rúben Costa, responsável pela programação do Plano B e um dos membros da sua estrutura. Entre conversas, revisitamos o passado, fitamos o presente e vislumbramos o futuro de um dos espaços decisivos da noite do Porto nos últimos anos.

Começamos a viagem em finais de 2021, altura em que o clube portuense assumiu nova gerência. Desde então, algumas coisas mantiveram-se, outras sofreram alterações e, ainda que à vista desatenta o maioritário possa soar semelhante, existem naturalmente impressões que revelam uma nova identidade. Prova disso são os eventos realizados fora do clube ou o número de concertos levados a cabo – também já lá vamos.

Para quem nos lê, apresentam-se como uma “pequena equipa multifacetada de 4/5 pessoas” a cargo dos destinos do espaço em matérias de produção, logística e programação. Feitas as contas e acrescentando também quem auxilia nas outras tarefas indissociáveis da dinâmica de um clube – desde a limpeza e manutenção, ao bar e à segurança – funcionam como “uma empresa de dezenas de pessoas”, na qual se procura “a disposição certa para potenciar o alcance da intervenção do Plano B no mundo cultural e artístico do Porto”.

Sobre o último ano, que Rúben Costa confessa ser muito positivo, o programador refere que foram realizadas “obras mais profundas no espaço”: “temos um sistema de som e luz completamente profissional e houve uma mudança na decoração e imobiliário”. Noutros termos, “o número de concertos aumentou de forma significativa, recebemos muitos DJs internacionais (mais do quem em qualquer outro ano) e a experiência ‘Plano B’ consolidou-se”.

O relato é de que “o Plano está melhor do que nunca” e um dos motivos deste sucesso será certamente o catálogo de artistas convidados. Para a casa, saltaram à vista atuações como as de I. JORDAN, Barry Can’t Swim, Marina Trench ou Kelly Lee Owens, mas o contributo nacional é igualmente vincado. “Existe muito talento no nosso país, entre DJs/produtores consolidados e outros que estão a começar o seu caminho” e, também por isso, o Plano B pretende ser “uma cabine de demonstração do quão bem se toca por cá”.

No final, a escolha sobre quem recebem é sustentada em critérios como “a seleção musical e a capacidade dos artistas em se adaptarem às particularidades do espaço”. “O que importa verdadeiramente é o som que sai das colunas”, acrescenta, e, a esse respeito, o mês de dezembro promete corresponder aos critérios mais exigentes com seis noites sobre o pretexto de aniversário, entre o Plano B e a Casa da Música.

Além das três salas do Plano B, onde vão ter lugar vários concertos, entre os quais Sensible Soccers (no dia 7) e Holy Nothing (no dia 10, sábado), a Casa da Música recebe um evento externo do Plano B, depois de uma atuação de Max Cooper em outubro.

Antes disso, recordamos, o clube havia realizado um outro evento fora de portas, nos Jardins da Casa Tait, e futuramente haverá mais. Como nos adianta Costa, esta é uma forma de, “por um lado, acolher mais pessoas do que o nosso espaço permite e, por outro, motivar as pessoas a quererem ir ao Plano B e a conhecer melhor a nossa casa e história”. E a equipa não tem dúvidas: esta é mesmo uma aposta a manter.

Virando as atenções para o futuro, a ambição não esmorece e, segundo Rúben, “a experiência Plano B estará mais forte do que nunca no próximo ano”. Depois de em 2022 o objetivo ter passado por “nos destacarmos como o melhor clube do Porto, 2023 será um ano de consolidação do Plano B enquanto espaço de referência a nível nacional”, explica.

Sobre o que aí vem, levanta o véu de algumas mudanças estruturais e desvenda um all night set de Talaboman (John Talabot + Axel Boman) no primeiro trimestre. Além disso, deixa-nos um enigma: “O Plano B irá assumir-se como uma marca que poderá acompanhar as pessoas diariamente de diversas formas” – o que será, afinal?

Antes de ir, ainda nos conta algumas histórias daquelas que só se ouvem da boca de quem trabalha nestas andanças. “No momento, não foram assim tão divertidas”, começa por dizer, enquanto revisitamos o esquecimento de Byron The Aquarius, que, quando subiu à cabine para iniciar o seu gig, soube que não tinha consigo a pen. Ou de Fort Romeau, que adormeceu antes da sua atuação e levou o driver ao desespero. No entanto, “ambas terminaram bem, com sets muito eficientes”, remata.

No fundo, o que é a sair à noite senão uma odisseia de fortúnios e infortúnios, que esperamos terminar em bom porto? E, no Porto, a porta de entrada do Plano B estará sempre mais perto de nos levar onde precisamos do que o contrário. Por isso, por lá, continuaremos a dançar a música que nos move. Por cá, a testemunhar sobre a ação, que traz essa música ainda mais perto.

Fotografias por José Guilherme Marques (cedidas pelo Plano B)

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