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Lançamentos favoritos de maio

7 Junho, 2023 - 16:57

A caminho do verão.

Ana Lua Caiano – Se Dançar É Só Depois

Ana Lua Caiano continua na senda de valorização da tradição, mas com o toque próprio e eletrónico que merece e deve ser ouvido por todos. Ora se ouvem sintetizadores, ora adufes, ora palmas, sempre com a magia concisa que se ouvia no EP de estreia e que há de trazer o seu primeiro álbum nos próximos tempos. A melhor parte é que tudo isto é embelezado por letras atuais e inspiradoras. Viva a música portuguesa e viva Ana Lua Caiano. DD

Anna Wall x Corbi – Satellite EP [Drifted Records]

O quinto lançamento da Drifted surge de uma colaboração entre os londrinos Anna Wall e Corbi, com quatro setas distintas apontadas diretamente à pista. A vibe techno velha guarda, de loops dopantes, de Satellite constitui a figura de proa deste lançamento, mas a two stepper de batida bem definida e bass oscilatório de Mind Sweeper ou a intro e batida de XTC, que quase parece a Togetherness da Violet, mas cuja progressão é mais breakbeat e menos garage, também não ficam aquém da faixa homónima. De qualquer modo, a seleção fica à escolha do freguês. RC

Ângelo Selvagem – Parab​é​ns Sara! [Extended Records]

Este é daqueles lançamentos em que não parece haver meio termo. Ou se adora ou se detesta. Estranho? Sim. Bom? Muito! Desde o conceito do tema (uma prenda de aniversário em formato canção, no qual o gato de Sara a parabeniza e se declara a esta aquando da sua ida a Milão para ir ter como namorado), à performance vocal de Marta absolutamente dopante, e as “batidas quebradas e inspiração retro a lembrar várias referências pop dos anos 80”, tudo junto torna a sua audição obrigatória. Apesar da crença, que partilhamos com a Discos Extendes, de que a versão radio edit é altamente improvável de vir a passar na rádio, pode ser que daqui a uns tempos alguém a debite numa plataforma de alta visibilidade, como quando os Dekmantel Soundsystem passaram a Excesso, Aqui, dos Ban, num Boiler Room em Amesterdão. Isso sim seria épico e, acima de tudo, meritório. RC

Meta_ – XIV- A Integra​ç​ã​o

Se ainda não conheces Meta_, aproveita este álbum de estreia para o fazer. Mariana Bragada, que participou no Festival da Canção 2019 com Mar Doce, é um nome que chama a atenção pelo canto e pelo prazer que tem pelas raízes. Mas não se fica por aí. Em “XIV – A Integração”, o lado eletrónico é ainda mais evidente – há drum’n’bass pelo meio – sem deixar que temas como a morte deixem de fazer parte da fórmula. Influências de todos os cantos – nacionais e não só – estimuladas pela colaboração com nomes como Bom Beijo ou Larie e cantadas em português, espanhol e inglês. Uma “simbiose da folk com a eletrónica” para manter bem de perto. DD

Minus & MRDolly – Giant Stops [Jazzego]

Longe vão os tempos em que olhávamos para Minus como um dos melhores rappers do Porto e da zona norte. Ainda olhamos para ele assim, claro, mas Hugo Oliveira tem-se dedicado à música instrumental. “Giant Stops”, uma clara referência ao seminal “Giant Steps”, de John Coltrane, é o epítome desta faceta chamada Minus & MRDolly. Jazz com um lado eletrónico do melhor que se faz por cá, com a companhia de banda e de vozes de Luca Argel e Meta_. Brilhante. DD

Retromigration – Straight Foxin’

Em 2021 identificamos “Bloom Street EP”, de Retromigration, como um dos nossos lançamentos favoritos e mencionamos que este era “apenas mais uma acha deitada para a fogueira do seu estatuto, que floresce a olhos vistos.”. Quase dois anos depois, o alemão atinge a maturidade com o lançamento do seu primeiro álbum, “Straight Foxin LP”. As 14 faixas que compõem este trabalho cobrem todas as suas influências, desde as vertentes mais jazzy e classy do house e deep house, até ao hip-hop, footwork e drum’n’bass, sempre com o toque de good vibes a que já nos habituou. Para explorar à Lagardère. RC

TOMÉ – VALE_​Ј​̵​Θ​Ј​̵ [Rotten/Fresh]

“VALE_Ј̵ΘЈ̵ ” é TOMÉ inclinado para a cultura de ritmos quebrados que bebem de mundos mais IDM ou leftfield. Embora o trabalho rítmico seja particularmente notável, todos os detalhes fazem deste um dos nossos lançamentos favoritos do mês. Ideal para quem gosta de nomes como Koreless e Two Shell ou até para quem gosta de estar atento à exploração nacional mais fora da caixa. Selo de garantia Rotten/Fresh. DD

Tommy Lee Bones – Genesis EP

O que é que Blast, God Blast You, Blueshift e Tommy Lee Bones têm em comum? Não, não é o facto de todos debitarem gourmet, cada qual da sua respectiva casta. É que todos são Tiago Braga. Depois de drum and bass, electro ou experimentalismos minimais, o portuense multifacetado vira-se agora para os breaks, UK garage e derivados neste novo projeto. “Genesis” surge de forma autónoma e vê Tommy Lee Bones a explorar terrenos pouco usuais nas cabines deste pais. Seja na tonalidade criminal presente no 2-step de Prime Suspect, a mistura híbrida de garage e dubstep de Trust No One ou ainda a fusão entre vibes etéreas e pujança antagónica de I Would, a ousadia está sempre presente e a vontade em fazer algo diferente também. Venha o próximo. RC

Outros destaques de maio:
Amor Satyr – Transfer
Blawan – Dismantled Into Juice
Croatian Amor – A Part of You in Everything
Hudson Mohawke, Nikki Nair – Set The Roof
Sandra Snares – Los Anjos
VA – Off Topic 002
Wata Igarashi – Agartha
upsammy – Germ in a Population of Buildings

Textos por Daniel Duque e Rui Castro, imagem por Catarina Ribeiro

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