AUTOR

Daniel Duque

CATEGORIA
Artigo

Lançamentos favoritos de agosto e setembro

1 Outubro, 2024 - 15:00

Estivemos fora em agosto, mas nem por isso deixamos de ouvir música. Nesse mês e em setembro, claro.

Alexandre Centeio – Silvo [Colectivo Casa Amarela]

Respiremos fundo antes de pôr “Silvo” a tocar. Alexandre Centeio tem chamado a atenção com a sua assinatura experimental e este terceiro álbum não é exceção. Se ouviste “Panorama”, editado este ano pela Discrepant, prepara-te para outro tipo de arrebatamento. Partindo da SOMA Lyra-8 como fonte principal, notou o próprio nas redes sociais, Centeio traz aqui uma jornada pela “evolução e transformação de sons ásperos numa narrativa musical, empregando dissonâncias, glitches e complexidades texturais de forma melodiosa”, escreve o Colectivo Casa Amarela. Semioticamente, aliás, a capa ajuda a prever o que esperar.

DJ Vicecity – Tugacore Vol. 1 & 2 [Rotten \ Fresh]

Dama Bete, Fingertips, Floribella ou Toy por entre breaks, jungle ou techno? Sim, por favor. Os volumes 1 e 2 de “Tugacore” – o primeiro já havia saído pelo Coletivo Lenha – foram editados pela Rotten \ Fresh e prometem virar pistas do avesso. “Porque não homenagear a nossa identidade colectiva, enriquecendo a nossa cultura e ao mesmo tempo criando algo diferente do que é habitual?”, questionou DJ Vicecity ao Rimas e Batidas. Nós concordamos e agradecemos.

Gonçalo F Cardoso – Exotic Immensity [Discrepant]

Gonçalo F. Cardoso é especial. A Discrepant idem. O 100º lançamento da editora parece uma celebração disso mesmo. “Exotic Immensity” é envolvente até mais não e uma amostra da música do português dos mil e um pseudónimos. Synths ou cordas esparsas, vozes mutadas, field recordings, momentos assombrosos e outros mais luminosos, tudo envolvido numa espécie de abordagem espiritual a acenar à natureza. Um mundo que nos convida a fechar os olhos, a ouvir com toda a atenção e que insiste em não nos largar. Brilhante.

HYOS – Float EP [Analytical Convenience]

Depois de uma “experiência de storytelling” na forma de “Rebirth”, EP editado em agosto pela bracarense wav.in, HYOS volta (em parte) à sonoridade pela qual é mais conhecido em “Float”, trabalho rematado por um remix de Mikrotakt. Nesta estreia a solo pela Analytical Convenience, editora e coletivo que integra, Hugo Basílio traz techno com textura, detalhe e ambiência (ouça-se As The Sun Sets, The Sun Bleeds), bem como groove, pujança e rapidez com espaço para respirar e sentir.

Nídia & Valentina – Estradas [Latency]

O facto de Nídia e Valentina Magaletti se juntarem num disco colaborativo já é motivo de excitação suficiente para nós. De um lado, uma das mais relevantes DJs e produtoras que andam por cá. Do outro, a incrível percussionista italiana que não é estranha a trabalhar ao lado de portugueses. A melhor parte é que o resultado é aquilo que se esperaria e até mais. Um álbum certeiro e obrigatório marcado por muita exploração rítmica. E não só.

Ler também: Valentina Magaletti: “Nós vamos fazer a nossa cena e exorcizar todas as bad vibes. Através da música, da dança” (André Forte, Rimas e Batidas)

RS Produções, Henrique J. Paris – Ressurgência

Que trabalho, este. “Ressurgência” partiu da instalação multimédia “Padrões da Polifonia”, de Henrique J. Paris, uma “crítica artística, arquitetônica e institucional que atualmente se infiltra no Monumento colonialista dos Descobrimentos em Belém, no âmbito da exposição Álbuns de Família”, pode ler-se na descrição no Bandcamp. Ao seu lado, neste EP, Paris conta com a incrível tropa de RS Produções “para construir um repertório sonoro a partir do legado das tradições e do significado político” da batida e kuduro, traçando “a história da sua composição sonora como um canal para a ruptura colectiva que traz alegria radical e fé como uma ferramenta para comunidades negras marginalizadas.” Palavras à parte, ouçamos esta imperdível “Ressurgência”.

TM – Layers Of Meaning Part I [O’Clock]

Estreia a solo de Telmo Moranguinho, aliás TM, DJ e produtor conhecido por estar por trás da portuense O’Clock. A primeira parte de “Layers of Meaning” conta com três faixas e foi arquitectada com princípio, meio e fim, sempre com orientação mental e introspetiva. Bom EP.

Veiga – Dyskinesia [trau-ma]

Não é de agora que conhecemos este nome. É metade da dupla ERR0 e já passou muito por aqui como ZZY, pseudónimo com que explorava eletrónica que nos poderia levar ao ambient, experimental, bass, glitch e até jazz – ouça-se “Plastic Jazz” (2019). Como Veiga, tem sido altamente prolífico na procura por techno sério e de pista. “Dyskinesia” é uma das várias provas disso mesmo.

Outros a não perder:
Holy Tongue, Shackleton – The Tumbling Psychic Joy of Now [AD93]
JPEGMAFIA – I LAY DOWN MY LIFE FOR YOU
Jichael Mackson – Wait For It [Ilian Tape]
Loidis – One Day [Incienso]
Rrose, Polygonia – Dermatology [Eaux]
Tinashe – Quantum Baby [Nice Life Records]
V.A.L.I.S – Valis 01

Imagem por Catarina Ribeiro

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