Do regresso dos Amnesia Scanner à estreia de Abyss X em Portugal, há muito para ouvir nesta edição.

O 10º aniversário do Mucho Flow está aí a chegar. Nos dias 2, 3 e 4 de novembro, o festival vimaranense volta a ocupar vários espaços da cidade, como o Centro Cultural Vila Flor, São Mamede CAE e Teatro Jordão, e a trazer muita música de diferentes coordenadas. Em jeito de antevisão e de recordação destes anos, estivemos à conversa com dois nomes da organizadora Revolve.

Apesar de o festival ser cada vez mais bem-sucedido e de hoje em dia ser subsidiado pelo Município de Guimarães, “nem sempre foi assim”. Miguel de Oliveira e Bruno Abreu recordam como “durante grande parte da história vinha tudo dos seus bolsos.”

Para esta 10ª edição, o Mucho Flow conta também o apoio da DGArtes, “mas não chega para a loucura que [a equipa] traz.” Os dois organizadores explicam como “é sempre difícil justificar uma insanidade” como esta: “É um ano de trabalho, ao fim ao cabo, de uma equipa pequena que dá o corpo ao manifesto.”

“Todos os anos parece que dobra a complexidade do ano anterior a todos os níveis, seja de programação, nível de produção, investimento, logística”, continuam na conversa via email. “O lado bom disso é que temos vindo a aprender muito e a formar uma equipa incrível que torna o festival realidade todos os anos, apesar de nos propormos sempre a desafios que parecem impossíveis.”

Quando se fala em Mucho Flow, fala-se sobre um festival que tem como grande propósito ajudar a “descobrir música nova e criar um espaço de comunhão.” Nas palavras de Miguel de Oliveira e Bruno Abreu, o evento “acaba por ser um espelho do projecto enquanto Revolve e até da forma como este se enquadra geograficamente.”

“A constante mutação, a procura de espaços inusitados, a vontade de apresentar projectos que habitualmente percorrem apenas os grandes centros europeus, a procura do artista emergente, são tudo traços que definem a Revolve”, contam ainda. “O resto vem do ambiente vivido nos três dias de festival, e das pessoas que formam o público precioso que nos tem acompanhado.”

Há algumas novidades no festival itinerante para este ano: “A ocasião do 10º aniversário pareceu-nos oportuna para a adição de um dia que nos permita receber quem vem de longe com alguma programação, e também acrescentar conversa e reflexão ao universo do festival.”

O dia extra, neste caso o primeiro, marcado para quinta-feira, irá trazer o espetáculo Atavic Forest, de Jonathan Uliel Saldanha com LSRU, e pablopablo. O cartaz de 2023 inclui também, entre outros, Aïsha Devi, Contour, Lost Girls, Heith, LCY, King Kami, DJ Lynce (live), Miguel Pedro e OK Williams.

O que não é novidade é que o Mucho Flow é responsável por muitas estreias em Portugal. Este ano, Abyss X, Evita Manji, Emma dj e Lankum são quatro exemplos. Em edições anteriores, contam-se nomes tão relevantes quanto black midi, Amen Dunes, Loraine James, Jockstrap ou Blackhaine.

E a equipa, note-se, não quer deixar de trabalhar neste “processo contínuo” e “constante procura por novos artistas, novos discos.” Muitas vezes, aliás, “por uma questão de agenda”, o Mucho Flow até deixa em aberto o convite para edições futuras, como é caso de Evian Christ este ano.

Há muito suor e esforço, mas também há “o maior motivo de orgulho”, que é “fruto de muito trabalho”: “A confiança no que fomos desenvolvendo, a confiança nas escolhas que fazemos ao fim de 10 anos”, referem Miguel de Oliveira e Bruno Abreu.

“O maior elogio que recebemos, e felizmente é algo recorrente, é quando nos dizem que já compraram bilhete sem sequer ver o cartaz”, dizem ainda. E a julgar por este e outros anos, não há dúvidas de que se pode confiar no Mucho Flow como um dos festivais mais certeiros para quem gosta de eletrónica desafiante, clubbing e, na verdade, até pop e muito mais.

À data de publicação, ainda há bilhetes para o Mucho Flow 2023 disponíveis

Fotografias por João Octávio Peixoto / Mucho Flow