Com o verão e muita festa à porta, mas sempre com discos a rodar.

Carrier – In Spectra

Novo registo de Guy Brewer, outrora Shifted, como Carrier. Breaks doidos e desafiantes, qual matemática, que tanto podem remeter para raízes dub, drum’n’bass ou footwork como para aventuras de João Pais Filipe. Mas não se enganem: “In Spectra” é único, dispensa etiquetas e é da eletrónica mais desafiante que se pode encontrar por aí. DD

C.K. – Power Infusion [PRS]

House minimalista quanto baste num LP que merece destaque nos nossos favoritos do mês. Da autoria do dinamarquês C.K., o trabalho chama a atenção pelos nove temas altamente consistentes e apelativos à dança. Poucas vocais, mas muito ritmo e hipnotismo. Faz-nos pensar em Raresh ou Jorge Caiado, por exemplo, sem deixar de ir temas mais leves, algures entre o ambient e downtempo. NV

funcionário – Momento Claro [Glossy Mistakes]

Um dos nomes mais especiais da música ambiente em Portugal, desta feita pela madrilena GLOSSY MISTAKES. Trabalho influenciado pelas últimas obras de Jon Hassell e Hiroshi Yoshimura e com companhia de nomes como Gabriel Ferrandini (na bateria do tema homónimo) ou Damian Schwartz (masterização), “Momento Claro” é imperdível e especialmente bem-vindo no mundo célere em que vivemos. DD

Iglooghost – Tidal Memory Exo [LuckyMe]

Iglooghost continua os seus ensaios em “Tidal Memory Exo”, desta feita com a sua voz bem presente ao longo dos cerca de 40 minutos. Uma espécie de rap de clube experimental, este é um disco fácil de ouvir apesar da complexidade em matéria de sound design e de desconstrução. DD

L.B. Dub Corp – Saturn to Home [Dekmantel]

Mestre Luke Slater a fazer das suas como L.B. Dub Corp. E de baquetas nas mãos. Aura sci-fi a flutuar por entre diferentes géneros (passa até por disco) e a ser acompanhada por nomes tão especiais quanto Robert Owens em You Got Me. Mais uma garantia de qualidade numa discografia já irrepreensível. DD

Sepehr – Genesis Domain [Dekmantel]

Nome que se estreou este ano em Portugal, o americo-iraniano Sepehr tem muito para mostrar na sua música. Em “Genesis Domain”, dança que vai ao acid, electro, trance e tanto mais – daquela para fechar os olhos na pista e deixar o corpo e a mente fazerem o resto. DD

sús – Entre [Raso]

Disco soturno mas esperançoso, “Entre” é o primeiro álbum a solo de sús e foi inteiramente produzido pela própria. Um “processo longo e muito empoderador”, o trabalho traz a unicidade de Susana Neves: vanguarda pop experimental de olhos postos na tradição portuguesa. Brilhante. DD

Trent Voyage, Elena Moroder – Aquamarine [Quirk]

Disco saído pela Quirk de Alexander Skancke, que é sempre um bom começo. Por lá, Trent Voyage e Elena Moroder editaram o seu primeiro trabalho no ano passado. Teve eco, mas “Aquamarine” pode elevar a magnitude destes DJs e produtores. O tema que dá nome ao curta-duração é um hino ao deep house mais clássico, com vocais e linhas de baixo inebriantes. Os outros temas não ficam atrás. Música para se ouvir debaixo de sol nesses festivais de verão. Que venham eles! NV

Vários Artistas – Omni (Part I) [Blue Hour Music]

Música de pista certeira curada por Blue Hour, que assina a faixa tão mental quanto corporal que abre este VA, Afterglow. Compilação rica e para diferentes gostos, com temas que tanto se poderiam ouvir numa extinta Deep Sessions no Gare (Liquid Reality, de Oprofessionell) como numa festa de trance em Valongo (Sprawl, de Eyerate). DD

Verraco – Breathe… Godspeed [Timedance]

Nome forte de Medellín, Verraco merece toda a nossa atenção, como já havia provado pela Voam, no ano passado, com “Escándaloo”. Agora pela Timedance, “Breathe… Godspeed” volta a mostrar a abrangência do nome da TraTraTrax: uma receita de dança exemplar com ingredientes vindos da América Latina, do Reino Unido ou da horta que só este colombiano consegue criar. DD

Textos por Daniel Duque e Nuno Vieira, imagem por Catarina Ribeiro