AUTOR

A Cabine

CATEGORIA
Artigo

Sónar Lisboa: 15 atos que não queremos perder

20 Março, 2024 - 15:08

Prestes a rumar ao Sónar Lisboa, escrevemos sobre 15 nomes que queremos ouvir com toda a atenção.

É já este fim-de-semana que acontece a terceira edição de Sónar em Lisboa. Com o Pavilhão Carlos Lopes, no Parque Eduardo VII, como centro da ação, o festival desenrola-se de 22 a 24 de março e traz muita música de dança, sim, mas não só.

Naquele que nos parece ser o melhor cartaz de Sónar Lisboa até à data, a verdade é que esta lista deve ser vista como uma seleção ilustrativa. Reparem que há inúmeros nomes que gostaríamos de destacar, mas que, por um motivo ou outro, não surgem aqui. No entanto, merecem toda a nossa atenção, como são exemplo DJ Gigola, Eliza Rose, Florentino, Helena Hauff b2b Imogen, Ikram Bouloum b2b Odete, Laura BCR, Magupi’n’liquid bass, Perel, Sevdaliza, Supa b2b Ghetthoven, Vhoor ou Wata Igarashi (live).

Além da música, ao longo dos três dias de festival, há Sónar+D, que inclui a lisboeta ZABRA a apresentar “LIMBIC LANDMARKS” na Estufa Fria, a menos de 5 minutos a pé do Pavilhão Carlos Lopes. Os horários podem ser consultados aqui e os bilhetes aqui, embora não restem muitos.

Tiga & Hudson Mohawke apresentam “Love Minus Zero” [sexta às 01h25, SonarClub]
Logo na sexta-feira, Tiga e Hudson Mohawke. É preciso dizer mais? O primeiro é um nome incontornável do Canadá, veterano DJ e produtor reconhecido por todo lado, patrão da Turbo Recordings e com um currículo único. O segundo é escocês e começou a mostrar-se pouco depois do início do milénio, mas o reconhecimento mais amplo chegou quando assinou álbuns tão aclamados quanto “Lantern” (2015) ou o irreverente “Cry Sugar” (2022), ambos pela Warp. Estarem juntos aqui não é por acaso. No ano passado, editaram o aplaudido “L’Ecstasy”, álbum pelo qual devem viajar em Lisboa, marcado por uma abrangente nostalgia rave que há de encher corações no Sónar. DD

Jennifer Loveless [sexta às 04h15, SonarClub]
Uma das nossas humildes preferências para o Sónar Lisboa 2024 recai em Jennifer Loveless. Encarregue de fechar a primeira noite do festival, entre as 4 e as 6h, confiamos que a DJ australiana trará música eletrónica rápida e sensual, à volta do house mas a tocar noutras frentes mais frenéticas. Uma escolha interessante para rematar. Menos óbvia. Por cá, nunca a vimos e consideramo-la como uma das artistas da nova escola a não perder neste cartaz, o que só aumenta a especulação. NV

Conferência Inferno [sábado às 15h25, SonarVillage]
Autointitulam-se de trio badwave e são uma das bandas mais especiais a emergir do Porto nos últimos anos. Nenhum é natural da cidade, aliás, mas foi esta que os inspirou no álbum de estreia, “Ata Saturna”, e há de ter inspirado o segundo disco, “Pós-Esmeralda”. Este último trabalho é fruto de um período mais atribulado para Francisco Lima, José Miguel Silva e Raul Mendiratta, algo evidente no que se ouve, mas a poção pós-punk e new wave que bebe do dia-a-dia e que é feita por meio de caixas de ritmos, synths ou a incontornável voz nunca abranda e cada concerto é especial. Como será, certamente, num palco tão grande quanto o do Sónar. DD

Lê também: De boas músicas está este inferno cheio

Oneohtrix Point Never [sábado às 16h15, SonarClub]
Sim, não foi assim há tanto tempo que Oneohtrix Point Never passou por Lisboa, mas uma oportunidade nova para o ouvir é sempre recomendável. Neste caso, com efeitos visuais de Freeka Tet, conhecido por colaborar com nomes como Amnesia Scanner, Daniel Lopatin apresenta o mais recente e aclamado álbum “Again”. Música e músico especial, reconhecido pelo seu trabalho sério a solo e até por dar de si a artistas como Anohni, Caroline Polacheck, Rosalía ou The Weeknd. Se não for muito a tua cena, então não percas o português Magupi’n’liquid bass. DD

Dresden (Ivan Smagghe e Manfredas) [sábado às 19h20, SonarVillage]
Entre o lote de DJs mais experientes, é impossível não mencionar Smagghe e Manfredas, que se intitulam Dresden quando tocam em conjunto, como acontece neste caso. O primeiro, embora francês, remonta à noite londrina comandada pela lenda que é Andrew Weatherall, de quem será um dos maiores discípulos, enquanto o segundo moldou a atividade cultural de Vilnius com um clube em particular, o Opium. Ambos são figuras incontornáveis, ainda e sempre imperdíveis para quem gosta de música de dança. Tem tudo para ser um final de dia estimulante para o que se segue, já que o set acontece entre as 19 e as 21h de sábado. NV

Nia Archives [sábado às 00h10, SonarClub]
Depois de Sherelle e Kode9 terem dado um bailarico de bass music mais frenética na edição de 2023 do Sónar (a mais lenta e grave ficou a cargo de Mala b2b Skream), este ano esse slot é dado à jovem proeminente Nia Archives. Excelente sucessão, cá para nós. Se não conheces esta DJ, cantora e produtora britânica, fica a saber que podes contar com uma mistura retro-futurista na qual jungle e breakbeat serão reis e senhores, com ragga-jungle, drum’n’bass primordial, R&B e soul a espreitarem ocasionalmente (aconselhamos vivamente o Boiler Room Londres de 2022 para perceberes do que estamos a falar). Com uma carreira curta de apenas quatro anos, Nia Archives tem visto a sua aposta pessoal dar frutos e é com enorme expectativa que aguardamos a sua estreia em solo nacional. O próximo álbum, “Silence is Loud”, sai a 12 de abril, por isso, cara Nia, venham daí essas novidades. RC

Marie Davidson (live) [sábado às 01h20, SonarClub]
A polivalência sónica, o experimentalismo e a desconstrução de padrões são características comuns ao Sónar e a Marie Davidson, o que fazem deste um palco perfeito para assistirmos a uma performance ao vivo da artista canadiana. Em 2016, a Pitchfork considerou o seu álbum “Adieux au Dancefloor” como um dos 20 melhores álbuns de eletrónica desse ano, mas foi com “Working Class Woman”, editado pela aclamada Ninja Tune, que Davidson se afirmou por completo, com faixas como Work It, Workaholic Paranoid Bitch ou So Right a ecoarem pelo mundo fora. Foi protagonista, com outros artistas, como Seth Troxler, Martinez Brothers ou Nina Kraviz, de um Between The Beats da Resident Advisor, que aconselhamos vivamente. Tentar catalogá-la num ou outro género seria subtrativo, por isso a nossa única sugestão é que tenham a mente aberta e os ouvidos alerta – esta vai ser especial. RC

2manydjs convidam Éclair Fifi e Erol Alkan [sábado às 02h25, SonarClub]
Há muito para ouvir por entre os 50 atos que vão passar pelo Pavilhão Carlos Lopes. Entre os quais, os veteranos 2manydjs, que convidam nada mais nada menos do que Éclair Fifi e Erol Alkan para se juntarem nos pratos. Um set a oito mãos, pouco provável de se apanhar num qualquer clube ou festival. Também por isso, o set destes quatro chama-nos a atenção. Por isso e por tudo aquilo que cada um destes nomes representa, claro. Sons vindos da Escócia, onde Fifi se catapultou para as cabines de todo o mundo, e da Bélgica e Reino Unido, onde os 2manydjs e o senhor da Phantasy Sound não fizeram por menos. Tão imprevisível quanto excitante. NV

DJ Minx b2b DJ Holographic [sábado às 04h30, SonarClub]
Difícil não olhar para este como o ato clubbing mais especial de toda esta edição de Sónar Lisboa. A fundadora do coletivo Women on Wax, DJ Minx, e DJ Holographic, lado a lado, a fechar a noite de sábado a partir das 4h30. Estamos a falar de duas das mais importantes DJs da cidade-berço de Detroit, mais do que prontas para envolver a pista nas fundações do techno ou do house com uma escola que poucos têm o prazer de ter. Preparem-se: este vai ser memorável. DD

Ana Pacheco [domingo às 14h00, SonarPark]
É cada vez mais raro encontrar DJs como Ana Pacheco. Percurso sério que passou por rádio ou programação, inconformada que foge ao capital do Spotify, guardiã de cabras e dos discos mais sérios, inusitados e obscuros, daqueles que dificilmente ouviremos ao longo de todo o festival. A própria escreveu no Instagram que quer progredir bem devagar até aos 140 BPM para abrir o caminho para DJ Lynce e é por isso que esperamos e que a destacamos: música valiosa de diferentes anos e coordenadas para ouvir atentamente, com tanto tempo e calma quanto possível. DD

DJ Lynce (live) [domingo às 15h55, SonarPark]
DJ Lynce é um dos grandes. Não só no Porto, mas em todo o país. Apelidado de “animal noturno” pela organização, Pedro Santos é reconhecido pela grande e variada bagagem de discos que manuseia sem problemas e de forma exemplar, sempre de mente posta na pista. E tocando em live no Sónar Lisboa, o destaque é inevitável. Quem já o ouviu em tempos recentes nesse formato – no Mucho Flow ou em noites da Príncipe, por exemplo – sabe do que falamos: drum machine, 303 e efeitos em comunhão para uma atuação absurda e de energia lá no alto, com inspirações acid, jungle, hardcore e até de possíveis coordenadas techno. Reiteramos: é imperdível. DD

ZenGxrl [domingo às 16h30, SonarVillage]
Diz que toca o que bem lhe apetecer e é mesmo desse tipo de DJs que gostamos. ZenGxrl é um nome a ter cada vez mais em conta, uma promessa tornada certeza por entre a cena de Lisboa com ligação à música desde cedo. A jogar em casa, vai mostrar aquilo de que é feita neste Sónar e provar por que razão tem sido chamada para eventos como o Waking Life 2023, onde tocou ao lado de Yizhaq. Podes contar com um set variado – como no exemplo abaixo, no qual vai de amapiano a baile funk, de kuduro a house, de Akon a Paul Johnson – e com todo o carisma que ZenGxrl transporta para a música e até para o mundo da moda. DD

Xexa [domingo às 17h05, SonarPark]
Assinou um dos nossos álbuns favoritos em 2023, mas manteve sempre a humildade. Na verdade, a própria disse à A Cabine que “não estava à espera de nada, nada mesmo.” Segunda mulher a assinar um disco pela Príncipe, assinalou também o momento mais ambient de todo o catálogo. “Vibrações de Prata” é fruto de um nome que, apesar do passado académico ligado à música, não se quis reger a normas e traçou o seu próprio e peculiar caminho. No domingo, a visão afrofuturista de Xexa diante os nossos olhos e ouvidos. DD

Vanyfox [domingo às 19h30, SonarVillage]
Florentino toca à mesma hora e é outro nome a não perder, mas a verdade é que Vanyfox faz a sua muito aguardada estreia nos grandes palcos em Portugal neste festival. O produtor e DJ tem vindo a conquistar pistas de dança pelo mundo inteiro, não só pelos seus sets, mas também por êxitos como Rave no Rio ou Off-White. Do seu set no Sónar, esperamos uma energia e versatilidade própria de Vanyfox, com sonoridades do movimento da batida e também de outras incursões ligadas ao movimento global de afro beats. Se a sua recente aparição no Boiler Room for presságio de alguma coisa… é de que não vamos conseguir parar de dançar. JA

Shygirl apresenta “Club Shy” [domingo às 22h25, SonarClub]
Uma das artistas mais marcantes e versáteis da música eletrónica alternativa na última década, a DJ, cantora e rapper britânica vem apresentar o mais recente “Shyclub”. Depois de discos como “Nymph” ou de colaborar com nomes como Arca, FKA Twigs ou até Bjork, Shygirl abraça definitivamente a dança, num EP de club pop que conta com a presença do produtor Boys Noize. Se ao vivo já nos impressionou pela energia apresentada no palco da ZDB, em 2019, os ingredientes de “Shyclub” fazem-nos antecipar um concerto eufórico, a encaixar perfeitamente no espírito do festival. JA

Textos por Daniel Duque, João Antunes, Nuno Vieira e Rui Castro; imagem por Catarina Ribeiro

relacionados

Deixa um comentário







t

o

p