AUTOR

Daniel Duque

CATEGORIA
Reportagem

A dançar no PARQ, a felicidade é inevitável

10 Julho, 2018 - 13:03

No passado sábado, Aveiro recebeu a primeira edição de PARQ. Muita música, sol, e A Cabine lá para saber o que se passou durante mais do que 12h de festa.

Em pleno Parque de Santo António, o cenário da primeira edição de PARQ saltava à vista já antes de entrar no recinto. Com um lago a atravessar o verde da natureza, o calor, inevitavelmente, sentia-se desde a primeira hora. A par do tempo abrasador, a sonoridade também era veranil, evidenciando que todos os artistas sabiam o que estavam ali a fazer.

Servido de todas as condições, o PARQ, pelo menos durante as horas que decorreu no parque, provou ser um evento para todas as idades. Com um ambiente familiar, e um insuflável instalado perto da zona que contava com alimentação ou até massagens, as crianças também dançaram – embora acabassem por priorizar a bola que faziam rolar na relva do espaço.

Ninguém se importou com isso, mesmo que a bola fosse ter aos seus pés. Pés, esses, maioritariamente descalços, não fosse o verde e o calor altamente convidativos. Foi graças ao sol radiante que, pelo início da tarde, a maioria se juntou na sombra formada por uma árvore situada perto do palco.

O palco era mais do que suficiente para os artistas e ouvintes presentes. E apesar do público ainda não ser muito quando o homem da casa Pedro Menício e o veterano Rui Trintaeum subiram à cabine, não foi isso que os intimidou. A seleção de ambos provou ser suficientemente capaz de seduzir os corpos que dançavam no PARQ.

Sedutor é o adjetivo ideal para descrever o momento Jazzanova no parque, com Alex Barck, membro fundador da banda alemã em 1995, a deleitar os ouvidos com a sua seleção. É claro que as sonoridades mais jazzy estiveram bem presentes, mas Barck não se cingiu a isso. As vertentes do house também foram uma constante, e o alemão dava prioridade a músicas altamente melódicas e envolventes, como foi exemplo Muyè de Rampa, Adam Port e &ME ou Let It Go de Skream.

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Depois das duas inesquecíveis horas de Alex Barck, chegou a vez de JEPE mostrar aquilo que anda a ser feito por Berlim – ou, melhor ainda, aquilo que JEPE anda a fazer pela Alemanha. De regresso à terra natal para um dia no PARQ, João Silva uniu-se ao público – que parecia conhecê-lo bem – durante uma hora. Essa união era tão grande que JEPE preocupava-se em manter um contacto com o público, notando-se até algumas reações na sua expressão facial.

Gusta-vo, esse respeitado selecionador da invicta, deixou rolar a última música de JEPE, Glue de BICEP, para arrancar com a sua hora. Pouco se pode dizer sobre esta metade dos Freshkitos: ciente do que aconteceu antes e do que viria a acontecer depois, manteve as vibrações e o groove em altas. A dupla aveirense Sam U e Zé Nuno, associados à organização do festival, o Ballroom, seguiu e cumpriu com as expetativas, abrindo caminho para o antecipado live de Steve O’Sullivan.

O’Sullivan, armado com um gigantesco mixer da Midas, um MPC da Akai, uma Roland TR8 e, pelo menos, mais um Octatrack da Elektron, embrenhou-se por entre as máquinas, focado naquilo que estava a fazer sem olhar para trás – ou para a frente. Ali, o fundador da Mosaic viajou pelas profundezas da música que criava durante 1h30m e, mais ainda, os presentes também.

À hora de jantar, Dyed Soundorom trouxe um ritmo mais acelerado até ao PARQ. Com muito house à mistura, o membro dos Apollonia, além de uma pen ligada a uma CDJ, tinha dezenas de vinis que ia selecionando para rodar numa das duas turntables à disposição. Por entre Underground Morality de Ricky R ou Shut The Door de Louie Vega e The Martinez Brothers, a intenção do francês era só uma: pôr todos a dançar sem parar.

Max Cooper chegou a Aveiro com o seu novo espetáculo, e álbum, audiovisual, e não se deixou cingir por estilos ou normas que escutara antes de ser a sua vez. Depois de criar o ambiente nos primeiros minutos, o britânico ofereceu uma viagem espacial cheia de melodia e detalhe, chegando até a proporções épicas. A exploração sonora de Cooper era tal que ainda houve tempo para, perto do fim, atingir batidas drum’n’bass, mas tudo terminou com a sua profunda Resynthesis.

Como se não bastasse, o francês Alexkid e os “nossos” Briosa e Diana Oliveira deram música durante toda a noite, já fora do Parque de Santo António, no after oficial da primeira edição de PARQ. Edição essa que, com tamanho sol e excelência musical, levanta uma questão: como é que não foi mais gente até o PARQ?


Fotografia por André Teixeira

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