Esta semana celebrámos quatro anos de acabine.pt. Mas nem sequer cantámos os parabéns.
Não vou mentir: muitas vezes penso em desistir. Coincidir a vida profissional com esta publicação tem sido um dos maiores desafios que já tive nas mãos. Falo em nome pessoal pois a responsabilidade recai sobre mim. Mais ninguém tem a obrigação de estar aqui tanto quanto eu pois foi a isso que me comprometi desde início. Este é um projeto pro bono, pelo que ninguém senão eu terá de responder por nada.
Quando começámos a desenhar A Cabine, já há cerca de cinco anos, achámos que a dificuldade seria vir a ter força e tempo para cobrir mais do que aquilo que seriam as atenções e sonoridades iniciais. “Será que um dia conseguiremos dar atenção à cena trance do país?” era uma das muitas perguntas. Nunca achámos que a dificuldade seria antes cobrir e fazer o mínimo. E é isso que tem acontecido. Estou esgotado, admito.
Se há coisa que nos move é a música que se faz por cá. Os movimentos que existem, sejam estes de rave ou não. As editoras. As promotoras. Os coletivos. Os artistas importantes que fazem música e trabalho importante e que, no entanto, têm pouca ou nenhuma cobertura mediática por cá.
Acreditamos que temos um papel muito importante. E acreditamos que temos de o continuar a fazer. Não há outro meio com a nossa regularidade a cobrir música de clube. Não há ninguém a cobrir o techno fabuloso que se faz por cá (e que chega lá fora!), o house delicioso ou o drum’n’bass enérgico que se faz de uma ponta à outra do país.
Mas há quem cubra música (eletrónica também) de forma exemplar. O Rimas e Batidas é, possivelmente, o site de notícias independente mais rígido, regular e capaz. Constantemente tem boas peças a sair cá para fora, peças relevantes não só para o espectro mais associado a essa publicação (hip-hop) como a outros (eletrónica, jazz).
Sendo nós de tal forma pequeninos que nem conseguimos manter a nossa agenda atualizada ao pormenor – uma das coisas que precisamos de mudar urgentemente – acreditamos que uma boa forma para estar atento àquilo que se faz no país é aliar a leitura de A Cabine à de meios como Rimas e Batidas e Threshold Magazine. E mesmo que fôssemos grandes, claro, uma leitura transversal a diferentes publicações será sempre enriquecedora.
Esperaria eu alguma vez chegar ao fim de quatro anos de publicação e estar numa luta constante por arranjar pequenos espaços de tempo para manter atividade no site? Não. Esperava que por esta altura a fluidez fosse tal que o difícil seria decidir o que ficava de fora. Podemos vir a crescer, quem sabe, mas somos pequeninos. E somo-lo porque não há vida nem estofo. Porque se fôssemos maiores, não faltariam peças a chegar até vós a toda a hora. Até porque a música, trabalho e esforços que se fazem por cá merecem mais. São demasiado grandes e relevantes para não ser assim. São enriquecedores para qualquer ouvido e merecedores de toda a atenção.
Se queremos mudar e melhorar? Claro que sim. Se seremos capazes? Não sei. Mas espero que sim.
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