25 anos depois da última passagem pela cidade, Carl Cox viajou até ao Porto para apresentar o seu “hybrid live” aos portugueses.
Lenda, pioneiro, nome indissociável da música de dança. Constantemente elogiado pelos pares, amado por fãs de todo o mundo, respeitado por todos. Goste-se ou não, o estatuto de Carl Cox é inegável. Neste mês de setembro, o muito esperado regresso ao Porto.
Num evento organizado pela eXperience, este não foi um retorno qualquer. Estamos a falar de um homem de 62 anos que começou a colecionar discos com 13, tocou e organizou festas desde cedo e que foi um dos primeiros fenómenos do DJing à escala mundial. Nos últimos tempos, Carl Cox tomou a decisão de “progredir e dar mais um passo em direção ao desconhecido”, referia o próprio no ano passado.
25 anos após a passagem pelo Rocks, em Vila Nova de Gaia, foi com essa nova faceta que se apresentou no Porto. Durante três horas, mostrou de que é feito o formato híbrido e ele próprio em palco – “oh yes, oh yes!”. De miúdos a graúdos um pouco de todo o país, cerca de 10 mil pessoas rumaram ao Parque Oriental da cidade para este momento.
Neste formato, Cox anda à volta do portátil, com Ableton Live, e de maquinaria como um synth Avalon, o drum synth LXR-02 da Erica Synths, Moog Subharmonicon, SOMA Pulsar-23 ou a reconhecida Roland TR-8, que acabaria por ser a máquina mais fácil de identificar. Tudo isto é usado enquanto passa faixas, às quais é dada outra pujança e dinamismo com estes instrumentos, que muitas vezes servem ainda para apoiar e dar outra magia a transições entre temas.
Que o veterano respeita toda a história e colegas já sabemos. Dúvidas houvesse, ele mostra isso em palco. No Porto, ao longo do set, foi um pouco a todo o lado, tirando o chapéu e homenageando muitas das pessoas e movimentos que fizeram e fazem parte da história da música de dança. Passou pelo acid (como pelo seminal DJ Pierre), Detroit (por exemplo Census, da saudosa K-HAND), clássicos (de Sunshine, de Tomaz vs Filterheadz, a Talking to You, de Josh Wink), casos mais recentes (Lavish, de TWR72) ou outras que, deste lado, são algo mais maçadoras (Reverie, de Nicole Moudaber).
Nesta atuação, que foi acompanhada por uma transmissão vídeo bem executada nos ecrãs, Cox tocou ainda pelo menos um tema do seu último álbum, See the Sun Rising. “Electronic Generations” é o primeiro longa-duração do britânico em mais de 10 anos e é precisamente um marco nesta nova fase que o Porto teve a honra de presenciar.
Esta festa da eXperience contou com outros quatro live acts antes de Carl Cox e abriu com os portuenses Scienza X, sucedidos depois por Christopher Coe. Só chegamos a tempo de KiNK e Marc Romboy: o primeiro sempre enérgico e inigualável, entre house e techno, a piscar o olho até ao garage e a faixas como o seu remix de Running, dos Moderat; o segundo mais aborrecido, centrado naquilo que vulgarmente se chama de house e techno melódico, e que acreditamos que deveria ter antecedido KiNK, dada a quebra na energia que se sentira alta.
Apesar das queixas lidas sobre o Parque Oriental da Cidade do Porto ainda antes do evento, a verdade é que a organização do parque nos pareceu bem feita, com fluidez de circulação e à vontade para aquele mar de gente dançar. Ainda assim, há pontos negativos a apontar, como é caso do pó que se sentiu ao longo da festa, da pouca sombra em boa parte do dia ou dos preços incomportáveis para a realidade portuguesa (nomeadamente a água a 5€).
O mais importante foi mesmo Carl Cox. E esse parece não falhar.
Fotografias cedidas pela organização
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