AUTOR

Daniel Duque

CATEGORIA
Podcast

N’A CABINE #044: Mingote

17 Maio, 2024 - 11:57

Um dos novos nomes do DJing, conhecido pelo trabalho a solo ou pelo que desenvolve na Ovelha Trax, Mingote assina o 44º episódio de N’A CABINE.

Até pode ter começado a dedicar-se ao DJing há poucos anos, mas Mingote é caso sério. Nascido na Covilhã e hoje baseado no Porto, o patrão da Ovelha Trax mostra neste episódio por que razão tem chamado tanto a atenção nos últimos tempos.

Associado por muitos a electro, embora longe de se cingir a isso, a aventura passa também pela produção, tanto que tem alguns temas lançados pelo seu próprio selo e pela ELBEREC. Recentemente, por exemplo, Rui Vargas passou um desses no Música com Pés e Cabeça, na Antena 3. Apesar disso, é como DJ que se tem afirmado, de tal forma que já passou por espaços como Gare, no Porto, ou Lounge, em Lisboa. Este verão, estreia-se no Neopop ao lado de AlFaer em b2b.

Neste episódio, ao longo de 1h, Mingote vai de Faith (Vox Mix), de Paul St. Hilaire e René Löwe, até Maintain, de Cybotron, passando por temas como Faun, de Cousin, ou Tone Circle e Xana, ambos de Al Wootton. Uma mistura envolvente e reconfortante – ideal para ouvir em casa e não só – de aura ambient, dub, breaks ou polirritmia. Caso sério, reiteramos.

Podes falar um bocadinho sobre o teu percurso? Quem é o Mingote e como é que ele decide ser DJ?
O Mingote é alguém bastante reservado, para te ser sincero! Comecei a minha jornada em 2020, quando, devido a pandemia, decidi fazer um curso de mixagem. Sentia uma vontade crescente de partilhar com os outros o que realmente me anima. Com o fim da pandemia, comecei a tocar no Companhia Club da minha cidade, um lugar que frequento desde os meus 15/16 anos e que foi uma grande fonte de inspiração para mim, fazendo-me apaixonar pela vida noturna e onde também aprendi bastante. Afinal, a escola começa do outro lado da cabine.

Até então, nunca tinha tocado em “festas”, embora a paixão pela música já existisse desde cedo. Apesar de a Covilhã ser um lugar pequeno, sempre me esforcei para me adaptar e mostrar ao público algo com o qual me identifico e tento conectar. A autenticidade vem antes da perfeição e há experiências e pessoas para vivê-la contigo.

Há algum momento ou influências que consigas recordar como marcantes?
Sim, como mencionei antes, a influência musical começou cedo, principalmente por causa do meu pai e das conversas sobre música, ele sempre leu muito sobre vários temas relacionados com cultura e então transmitia também parte desse conhecimento para mim. Conheci com ele artistas como King Crimson, Blur ou New Order, entre outros. Das descobertas de novos temas, ao tentar adivinhar os nomes dos artistas das bandas, foi algo que me ajudou sem dúvida a crescer e a ganhar o “gostinho” pela arte. Já a minha irmã também teve um papel importante, então um agradecimento especial a ela por manter o meu bom gosto musical desde o início!

Na altura, foi também quem me apresentou ao conceito de “clubbing”. Surgiram então as minhas primeiras festas “SUB WAY”, organizadas por uns amigos na altura e até hoje influências, que eram sempre festas que não falhavam e em que sabia que, ao meu redor, havia sempre aquela equipa de malta que se organizava para estar presente.. Isso foi sem dúvida das primeiras escolas e uma fase crucial para o meu interesse pela música eletrónica. Ter experienciado isto foi fundamental e ter a oportunidade e privilégio de ter uma casa com a estrutura da Companhia foi algo que realmente enriqueceu a minha experiência.

Como é que olhas para o papel de DJ? Enquanto um, o que procuras fazer em cada momento?
Acho que a essência do nosso trabalho é criar e transmitir sensações, o pessoal procura também momentos para relaxar e se poderem libertar dos stresses do cotidiano. No fundo, tento proporcionar isso, criar momentos que marquem quem está a ouvir. Gosto de variar nos sets e adaptar a música ao ambiente, sempre com o objetivo de criar emoções fortes e deixar uma lembrança duradoura da primeira à última faixa, para que as pessoas sintam que valeu a pena e queiram voltar.

Nesse sentido, o que decidiste preparar para este podcast?
Para este podcast, decidi fazer algo mais fora da caixa e com géneros que têm influenciado ultimamente. Embora tenha incluído temas que fazem parte da minha essência, optei por sair um pouco da minha zona de conforto e incluir sons mais dubby breaks e ambient, algo que tenho apreciado bastante e com o que me identifico em vários aspectos. São atmosferas interessantes de explorar e de certa forma também outra parte de mim, eu acho, ahah.

Um dos trabalhos pelos quais és conhecido é a Ovelha Trax. Podes explicar aos nossos leitores como começou essa editora e qual é o foco dela?
A Ovelha Trax começou em 2021, quando eu e o Pedro, que também é meu parceiro na editora, decidimos criar um projeto focado num estilo que não víamos com destaque o suficiente em Portugal. Além disso, tínhamos o objetivo de apoiar pequenos “grandes” produtores. O nosso foco era também o de criar uma comunidade, que agora se tornou internacional, que unisse artistas mais estabelecidos com aqueles que têm menos visibilidade. Queremos mostrar que há muito talento por aí e que sem dúvida merece mais oportunidade e visibilidade. Por isso, não podemos deixar de os apoiar. Estabelecer-nos dentro desta comunidade e ter a oportunidade de colaborar com diversos produtores e artistas que nos apoiam, e que são também fonte de inspiração para nós, tem sido um caminho gratificante.

Não te ficas pelo DJing e tens também algumas faixas espalhadas por lançamentos da Ovelha Trax e da ELBEREC. Como tem sido essa aventura? É algo em que tens investido o teu tempo?
É um equilíbrio entre sim e não. Como tenho trabalho a full time, às vezes torna-se difícil gerir o tempo para a produção. No entanto, tenho tentando manter o foco em projetos que realmente sinto que têm potencial. Em breve, vou lançar uma faixa através de uma editora muito especial (ainda não posso adiantar muitos detalhes ahah), tenho também alguns projetos em desenvolvimento com amigos próximos, malta que me ajuda sempre e dá um feedback construtivo. Em suma, sei que vão estar lá presentes e apoiar-me no que faço sempre.

Obrigado por este momento, Mingote! Para terminar, tens alguma mensagem ou palavras finais?
Obrigado pelo convite novamente e a todos os que têm apoiado o meu trabalho e contribuído para o meu crescimento, espero que esta horinha acrescente algo de positivo ao vosso dia!

Fotografia por @kmomillax

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