Daniel Duque e Rui Castro falam sobre aqueles que, para nós, foram os melhores lançamentos do mês de outubro.
Lake Haze – Glitching Dreams [E-Beamz, 4 de outubro]
Depois de levar a sua música a editoras como a Unknown To The Unknown e a Crème Organization, o português baseado na Holanda está de regresso à britânica E-Beamz com “Glitching Dreams”, o seu primeiro álbum. Descrever este trabalho não é fácil; afinal, Gonçalo Salgado vai muito além de uma simples fórmula, explorando sonoridades que passam pelo acid, electro, breakbeat, IDM, jungle e techno. Mas uma coisa é certa: “Glitching Dreams” é um disco etéreo e sonhador de escuta obrigatória.
Depois de levar a sua música a editoras como a Unknown To The Unknown e a Crème Organization, o português baseado na Holanda está de regresso à britânica E-Beamz com “Glitching Dreams”, o seu primeiro álbum. Descrever este trabalho não é fácil; afinal, Gonçalo Salgado vai muito além de uma simples fórmula, explorando sonoridades que passam pelo acid, electro, breakbeat, IDM, jungle e techno. Mas uma coisa é certa: “Glitching Dreams” é um disco etéreo e sonhador de escuta obrigatória.
DJ Nigga Fox – Cartas Na Manga [Príncipe, 5 de outubro]
O DJ e produtor Rogério Brandão está mais forte do que nunca. E quem melhor para editar o seu primeiro longa-duração se não a Príncipe, label que lançou os três EPs que antecederam a passagem de DJ Nigga Fox pela Warp Records, com “Crânio”, em 2018? É claro que ao longo das nove faixas de “Cartas Na Manga” se escutam influências africanas – Brandão é natural de Luanda – mas este disco é muito mais do que isso. As lojas catalogam o trabalho com etiquetas como experimental, ghetto, techno; nós, como um trabalho maduro e altamente viciante.
O DJ e produtor Rogério Brandão está mais forte do que nunca. E quem melhor para editar o seu primeiro longa-duração se não a Príncipe, label que lançou os três EPs que antecederam a passagem de DJ Nigga Fox pela Warp Records, com “Crânio”, em 2018? É claro que ao longo das nove faixas de “Cartas Na Manga” se escutam influências africanas – Brandão é natural de Luanda – mas este disco é muito mais do que isso. As lojas catalogam o trabalho com etiquetas como experimental, ghetto, techno; nós, como um trabalho maduro e altamente viciante.
Ryan James Ford – Eastern Exposure [Dream Ticket, 8 de outubro]
É difícil não considerar este “Eastern Exposure” como um dos lançamentos mais interessantes do mês de outubro. Editado pela Dream Ticket, sub-label da Carpet & Snares gerida por Roy, o EP é o novo disco de 2019 do fundador da Shut e sucede trabalhos como “Face Me” e “Out of the Wreckage”, lançados pela Clone Basement Series e pela sua label, respetivamente. Mais uma vez, Ryan James Ford baseia-se numa receita cujos ingredientes vão do electro ao breakbeat, resultando numa deliciosa refeição de cinco faixas. É ouvir (e repetir vezes sem conta) para crer.
É difícil não considerar este “Eastern Exposure” como um dos lançamentos mais interessantes do mês de outubro. Editado pela Dream Ticket, sub-label da Carpet & Snares gerida por Roy, o EP é o novo disco de 2019 do fundador da Shut e sucede trabalhos como “Face Me” e “Out of the Wreckage”, lançados pela Clone Basement Series e pela sua label, respetivamente. Mais uma vez, Ryan James Ford baseia-se numa receita cujos ingredientes vão do electro ao breakbeat, resultando numa deliciosa refeição de cinco faixas. É ouvir (e repetir vezes sem conta) para crer.
Photonz – Nuit [Dark Entries, 11 de outubro]
A cada lançamento, Marco Rodrigues afirma-se como um dos mais interessantes produtores do país. Ora nos presenteia com techno, ora com electro, ou até com outras sonoridades, Photonz sabe o que está a fazer quando está em estúdio. Em 2018, o lisboeta já havia passado pela Dark Entries com o notável EP “Etheric Body Music” e, agora, regressa à editora de São Francisco com o seu primeiro álbum, “Nuit”. Neste disco, Rodrigues prova o seu ecletismo ao longo de 11 faixas e, mais do que isso, apresenta uma história coesa e coerente que dificilmente passa ao lado do ouvinte mais exigente.
A cada lançamento, Marco Rodrigues afirma-se como um dos mais interessantes produtores do país. Ora nos presenteia com techno, ora com electro, ou até com outras sonoridades, Photonz sabe o que está a fazer quando está em estúdio. Em 2018, o lisboeta já havia passado pela Dark Entries com o notável EP “Etheric Body Music” e, agora, regressa à editora de São Francisco com o seu primeiro álbum, “Nuit”. Neste disco, Rodrigues prova o seu ecletismo ao longo de 11 faixas e, mais do que isso, apresenta uma história coesa e coerente que dificilmente passa ao lado do ouvinte mais exigente.
Silvestre – Silvestre Is Boss [Secretsundaze, 11 de outubro]
“Silvestre Is Boss” começa com a slow jam de Jumping Intro, faixa onde o próprio profetiza o que aí vem – “Vai ser grande EP”. E, de facto, a mestria de produção está em clara evidência em Lights, onde o ritmo e os sons metálicos que acompanham se dissolvem num final a soar a versão lo-fi house de Never Leave You, de Lumidee. O breakbeat reggaeton enigmático de Fuego sofre um twist mais suave e tribal no remix do parisiense D.K, enquanto a polivalência do lisboeta baseado em Londres continua no electro de Paying The Rent e no funky house da faixa de encerramento do EP, Back To Hometown. “É preciso dizer mais o quê? Ganda disco”.
“Silvestre Is Boss” começa com a slow jam de Jumping Intro, faixa onde o próprio profetiza o que aí vem – “Vai ser grande EP”. E, de facto, a mestria de produção está em clara evidência em Lights, onde o ritmo e os sons metálicos que acompanham se dissolvem num final a soar a versão lo-fi house de Never Leave You, de Lumidee. O breakbeat reggaeton enigmático de Fuego sofre um twist mais suave e tribal no remix do parisiense D.K, enquanto a polivalência do lisboeta baseado em Londres continua no electro de Paying The Rent e no funky house da faixa de encerramento do EP, Back To Hometown. “É preciso dizer mais o quê? Ganda disco”.
Anunaku – Whities 024 [Whities, 18 de outubro]
O 24º lançamento da Whities assinala o primeiro trabalho de Guglielmo Barzacchini como Anunaku, produtor mais conhecido pelo seu alter-ego TSVI. Aliás, a editora londrina refere que este EP é uma “continuação” do álbum de estreia de TSVI, “Inner Worlds”, lançado há um ano, e consegue-se adivinhar o porquê de ser um considerado um seguimento desse longa-duração. Mas o que importa agora é Temples, Bronze Age e Forgotten Tales – o destaque vai para a segunda – faixas marcadas por uma forte exploração de instrumentos de percussão de todo o mundo, mas que não esquecem os ingredientes que marcam a música rave do Reino Unido.
O 24º lançamento da Whities assinala o primeiro trabalho de Guglielmo Barzacchini como Anunaku, produtor mais conhecido pelo seu alter-ego TSVI. Aliás, a editora londrina refere que este EP é uma “continuação” do álbum de estreia de TSVI, “Inner Worlds”, lançado há um ano, e consegue-se adivinhar o porquê de ser um considerado um seguimento desse longa-duração. Mas o que importa agora é Temples, Bronze Age e Forgotten Tales – o destaque vai para a segunda – faixas marcadas por uma forte exploração de instrumentos de percussão de todo o mundo, mas que não esquecem os ingredientes que marcam a música rave do Reino Unido.
Wanderwelle & Bandhagens Musikförening – Victory Over The Sun [Semantica, 21 de outubro]
A dupla holandesa Wanderwelle, composta por Phil van Dulm e Alexander Bartels, e o duo sueco Bandhagens Musikförening, de Isorinne e Hypnobirds, juntaram-se pela primeira vez em estúdio para deleitar a cena com um brilhante álbum intitulado “Victory Over The Sun”. Neste disco, há uma forte abordagem à música ambient, mas respira-se também muito dub techno – e, quem sabe, inspira-se em muito electro e IDM. Não se trata do típico lançamento da Semantica, mas damos graças à label de Svreca por ter editado este emocionante e magistral trabalho.
A dupla holandesa Wanderwelle, composta por Phil van Dulm e Alexander Bartels, e o duo sueco Bandhagens Musikförening, de Isorinne e Hypnobirds, juntaram-se pela primeira vez em estúdio para deleitar a cena com um brilhante álbum intitulado “Victory Over The Sun”. Neste disco, há uma forte abordagem à música ambient, mas respira-se também muito dub techno – e, quem sabe, inspira-se em muito electro e IDM. Não se trata do típico lançamento da Semantica, mas damos graças à label de Svreca por ter editado este emocionante e magistral trabalho.
Artilect – Rhythm Seeker EP [Samurai Music, 25 de outubro]
Ao vislumbrar este lançamento pensámos “Artilect e Samurai Music juntos? Isto vai ser bom”. Acabou por não ser uma previsão, mas sim um spoiler. O artista de Manchester faz parte de uma elite de produtores ousados – Loxy, Homemade Weapons, Paradox, The Untouchables, entre outros – que deambulam por entre o halftime mais sombrio e o jungle moderno, explorando as texturas rítmicas sem barreiras, algo que o drum‘n’bass permite. É o caso de Rhythm Seeker e de Mefo, duas faixas que comprovam esta atitude disruptiva face à norma habitual do género. Provavelmente, tocá-las ao vivo em Portugal, por exemplo, seria homicídio de pista. Mas talvez esteja na altura de sair da caixa.
Ao vislumbrar este lançamento pensámos “Artilect e Samurai Music juntos? Isto vai ser bom”. Acabou por não ser uma previsão, mas sim um spoiler. O artista de Manchester faz parte de uma elite de produtores ousados – Loxy, Homemade Weapons, Paradox, The Untouchables, entre outros – que deambulam por entre o halftime mais sombrio e o jungle moderno, explorando as texturas rítmicas sem barreiras, algo que o drum‘n’bass permite. É o caso de Rhythm Seeker e de Mefo, duas faixas que comprovam esta atitude disruptiva face à norma habitual do género. Provavelmente, tocá-las ao vivo em Portugal, por exemplo, seria homicídio de pista. Mas talvez esteja na altura de sair da caixa.
East Of Eden – East Of Eden LP [Distant Hawaii, 25 de outubro]
Tu aí, que estás a trabalhar e precisas de um bom house para te alegrar o mood e pôr-te a mexer (sem histerismos ou devaneios), sente só este gourmet. O italiano Nicholas faz uso do seu pseudónimo East of Eden para lançar um álbum homónimo de nove faixas, que transbordam groove por tudo quanto é sítio – ou não fosse editado pela Distant Hawaii, sub-label da Lobster Theremin. Ouçam de fio a pavio, mas atenção ao breakbeat sublime de Yume Name Koto e de Dub House, e ainda ao tribalismo funk de Adventures In The Dream Tribe Pt. 2.
Tu aí, que estás a trabalhar e precisas de um bom house para te alegrar o mood e pôr-te a mexer (sem histerismos ou devaneios), sente só este gourmet. O italiano Nicholas faz uso do seu pseudónimo East of Eden para lançar um álbum homónimo de nove faixas, que transbordam groove por tudo quanto é sítio – ou não fosse editado pela Distant Hawaii, sub-label da Lobster Theremin. Ouçam de fio a pavio, mas atenção ao breakbeat sublime de Yume Name Koto e de Dub House, e ainda ao tribalismo funk de Adventures In The Dream Tribe Pt. 2.
EDND – Rupture Of Plane [Paraíso, 25 de outubro]
É por estas e por outras que A Cabine existe. Queremos fazer chegar aos portugueses aquilo que se faz pelo país, e o EP de estreia de EDND, também conhecida por integrar a dupla Roundhouse Kick, não é excepção. Neste “Rupture Of Plane”, escutam-se três faixas originais de Adriana Lourinho e um remix de Photonz, nas quais os mais variados elementos, desde as linhas de baixo até os ritmos, a passar pelas melodias, prendem-nos por completo aos auscultadores. Um trabalho que bebe muito da música techno, e não só, e que promete fazer vibrar pistas e sistemas de som por todo o país.
É por estas e por outras que A Cabine existe. Queremos fazer chegar aos portugueses aquilo que se faz pelo país, e o EP de estreia de EDND, também conhecida por integrar a dupla Roundhouse Kick, não é excepção. Neste “Rupture Of Plane”, escutam-se três faixas originais de Adriana Lourinho e um remix de Photonz, nas quais os mais variados elementos, desde as linhas de baixo até os ritmos, a passar pelas melodias, prendem-nos por completo aos auscultadores. Um trabalho que bebe muito da música techno, e não só, e que promete fazer vibrar pistas e sistemas de som por todo o país.
ZZY – Plastic Jazz [Lançamento independente, 25 de outubro]
Infelizmente, este projeto de José Veiga ainda não tinha chegado aos nossos ouvidos antes de “Plastic Jazz”. Desde 2017, ZZY levou três trabalhos à argentina Abstrakt Reflections, incluindo o seu álbum de estreia, Artificial Thoughts. Ainda assim, esse seu primeiro longa-duração tem uma abordagem diferente, quando comparado com o mais recente EP, explorando caminhos mais abstratos e experimentais. Neste “Plastic Jazz”, que destacamos como um dos mais interessantes de outubro, o músico José Veiga mistura influências e instrumentos do mundo jazz a outros recursos eletrónicos para compor um EP que é, além de consistente, muito agradável.
Infelizmente, este projeto de José Veiga ainda não tinha chegado aos nossos ouvidos antes de “Plastic Jazz”. Desde 2017, ZZY levou três trabalhos à argentina Abstrakt Reflections, incluindo o seu álbum de estreia, Artificial Thoughts. Ainda assim, esse seu primeiro longa-duração tem uma abordagem diferente, quando comparado com o mais recente EP, explorando caminhos mais abstratos e experimentais. Neste “Plastic Jazz”, que destacamos como um dos mais interessantes de outubro, o músico José Veiga mistura influências e instrumentos do mundo jazz a outros recursos eletrónicos para compor um EP que é, além de consistente, muito agradável.
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