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Cinco atos que não queremos perder no Elétrico

23 Julho, 2019 - 11:15

Daniel Duque, Francisca Urbano e Rui Castro sugerem cinco artistas para ouvir com atenção no Elétrico este fim de semana.

É já esta sexta-feira que o festival Elétrico regressa ao Parque da Pasteleira, no Porto, para a sua segunda edição. Num evento de três dias cujo tema é a sustentabilidade, há espaço para música, bem-estar, arte ou até para crianças.

No primeiro dia, Janus Rasmussen (live) dos Kiasmos, Levon Vincent e Marcel Dettmann são três excelentes convidados internacionais, mas o inevitável destaque vai para os Inner City, banda de Detroit formada em 1987.

Depois, o Porto recebe atos como D’Julz b2b Magazino, o romeno Petre Inspirescu, o trio francês Apollonia, o britânico Matthew Herbert ou até o “nosso” Rui Vargas, que será novamente o responsável por encerrar o festival na noite de domingo. Mas há outros artistas que queremos destacar para esta edição de Elétrico.

Podes consultar os horários para o evento aqui e as nossas sugestões abaixo.

Inner City (sexta-feira às 22h)
O mítico grupo norte-americano é um dos cabeças de cartaz do festival, e talvez o mais aguardado do primeiro dia, sexta-feira 26. A banda nasceu em Detroit em 1987 pelas mãos de Kevin Saunderson e Paris Grey, e rapidamente se destacou pela sua abordagem inovadora à música que até então se ouvira em Detroit, ao juntar elementos inesperados (como vocais, um lado jazz ou até pop) a sonoridades típicas da cidade. A banda é considerada como uma das responsáveis por ter levado o som de Detroit às massas, com os hits Good Life ou Big Fun a chegarem a todos os clubes dos Estados Unidos e da Europa. Do núcleo original, mantém-se apenas Kevin Saunderson, que se faz acompanhar pelo seu filho Dantiez e por alguns convidados, que irão, com certeza, revisitar os temas mais clássicos da banda. A passagem dos Inner City pelo Parque da Pasteleira faz parte da digressão europeia intitulada de The Good Life Tour e é, simplesmente, imperdível.

Maayan Nidam (sábado às 18h)
Desde o álbum de estreia, Nightlong, no qual alia música cubana a eletrónica, até o recente Sea Of Thee, longa-duração de excelência lançado na Perlon, a passar pelos seus dj sets e live acts, a artista também conhecida por Miss Fitz tem-se revelado como um dos mais curiosos nomes a surgir na cena alemã – uma notável escolha para o final de tarde deste sábado, diga-se de passagem. Maayan Nidam, que recentemente fundou a sua editora Hellium, irá atuar em formato live no Parque da Pasteleira, onde promete agarrar os ouvintes com as sonoridades mais minimal (e não tão habituais) que definem o seu perfil. Para ouvir e absorver de olhos fechados.

Kerri Chandler (sábado às 23h)
O veterano de New Jersey é uma escolha óbvia – tão óbvia que o poderíamos deixar de parte para dar prioridade a outros nomes. Mas uma vez que o fundador da Madhouse Records e da Kaoz Theory será o responsável por encerrar as festividades na noite de sábado, é impossível resistir a este destaque. Mais do que um ícone da house music, Chandler é simplesmente magnânimo – olhe-se, por exemplo, para o episódio em que Kaspar lhe faz chegar o seu Epicurismo EP em pleno Lux Frágil e o americano toca Brand New Meaning logo de seguida, para o facto de aceitar o convite da Mixmag para abrir, pela primeira vez, uma caixa de discos que o seu pai lhe deixara antes de falecer, ou até para o momento em que oferece 2GB de música gratuita. No entanto, isto são só palavras. A garantia é a música deste sábado naquele que será, provavelmente, um dos momentos mais memoráveis de todo o festival. Com sorte ainda canta Rain para nós.

Theo Parrish (domingo às 17h)
Nascido em Washington, criado em Chicago e baseado em Detroit, Theo Parrish reúne o melhor destas cidades na sua música. Estudou Belas Artes, e foi em 1994, enquanto estudante do Kansas City Art Institute, que começou a produzir música. Com Moodymann e Rick Wilhite, Parrish fundou os 3 Chairs, grupo com quem lançou um longa-duração e uma série de EPs; com Omar Smith e Marcellus Pittman, criou os T.O.M. Project. Mas o veterano foca grande parte da atenção nos trabalhos a solo e na sua Sound Signature. Foi nessa editora que lançou o seu mais recente American Intelligence, álbum mais direcionado para o house e deep house, mas que não deixa de parte o soul que lhe é típico. Este sábado, Theo Parrish está finalmente de volta a Portugal para um set de três horas, num regresso em que certamente iremos ouvir autênticas relíquias – daquelas que dificilmente temos oportunidade para ouvir regularmente pelo país fora.

Moodymann (domingo às 20h)
Num mundo de eletrónica cada vez mais homogéneo, Moodymann surge envolto de um estatuto e carisma que o evidencia e destaca dos demais – uma rockstar dos tempos modernos, se quisermos defini-lo assim. O seu nome é sinónimo da cidade que orgulhosamente representa, Detroit, e é facilmente confundido com groove, soul e mistério. Mas mais do que um mero músico, Moodymann é uma voz ativa de contestação ao conformismo, corporativismo e comercialismo da música eletrónica, defendendo que a música deve ser maior do que o artista e não o contrário. Tem uma aversão, por vezes contraditória, à publicidade e à exposição mediática, e apesar disso – ou talvez por isso – tem-se destacado dos outros produtores, tornando-se na figura enigmática admirada e respeitada pelas máximas entidades da cena. Fiel ao seu método de produção, o Detroiter recorre frequentemente a samples de soul clássico, funk, jazz, disco e a rearranjos de riffs que, em conjunto com as suas típicas basslines bem graves e vocais subtis, formam o house que lhe é intrínseco. O mais recente trabalho, Sinner, surgiu sob o seu mistério característico antes de a edição digital ter sido disponibilizada ao mundo a 21 de junho. Domingo é dia de testemunhar e apreciar a lenda em todo o seu esplendor.


Direitos de imagem reservados (Theo Parrish por Violette Esmeralda; Moodymann por Mathias Schmitt)

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