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N’A CABINE #040: Morsil

31 Março, 2023 - 14:01

A envolvência techno de Morsil marca o novo episódio do podcast N’A CABINE.

É um daqueles nomes que não anda por aí assim há tanto tempo, mas que rapidamente conquistou os ouvidos dos fãs de techno. Morsil, ou Célia Moreira, é a nova convidada de N’A CABINE para nos mostrar aquilo de que é feita enquanto DJ.

Como nos conta nesta entrevista, a aventura de Morsil pelo DJing começou em Inglaterra por uma espécie de acaso. Agora, de regresso ao país há algum tempo, está mais dedicada do que nunca. Tem tocado em espaços como Gare, no Porto, e Village Underground Lisboa, sempre a chamar a atenção pelo techno duro e mental que leva até aos cérebros que palpitam na pista. Mais recentemente, apostou, ao lado de SLNC, no projeto FORMA para tentar “ajudar a dinamizar a cidade onde [os dois vivem]”.

“Adoro a escuridão, o hipnótico, a textura e aquele balanço dos sub graves”, conta-nos. “Sempre que vou tocar tenho em atenção o espaço, a hora, quem toca antes e depois de mim e tento imaginar os momentos.” E é mesmo isso que procuramos nos DJs. Neste caso, Morsil imaginou um “peak time” para assinar o episódio que temos o prazer de receber:

Para começar, a pergunta da praxe: Quem é a Célia Moreira?
A Célia Moreira é uma rapariga de 29 anos de Paços de Ferreira. A irmã mais velha de dois irmãos, mãe de um gato – Óscar – e que também já viveu em Inglaterra. Sou licenciada em Criminologia, assim como também sou Diretora de Segurança, e neste momento trabalho numa empresa dedicada a softwares para a indústria do mobiliário. No tempo livre sou também a Morsil.

Como é que a Célia chega a Morsil? Lembras-te de como tudo começou e do processo até hoje?
Lembro e é uma história engraçada porque eu nunca pensei ser DJ e ainda menos estar ligada à cena da música eletrónica e do techno – aconteceu na minha vida. Enquanto vivia em Inglaterra tive a oportunidade de frequentar um curso de DJ, no final de 2018 – na altura era gratuito e fui para não ficar em casa e aproveitar a oportunidade para me integrar e conhecer pessoas onde vivia. O momento “eureka”, e que me fez mesmo começar a considerar tudo isto, foi ao ser uma das selecionadas entre os alunos das turmas para tocar na festa de final de curso – se os mentores, e DJs old school do hard house inglês, achavam que eu tinha a “cena” para isto porque é que eu não haveria de considerar a opinião deles? E foi assim que comecei a debruçar-me e a interessar-me cada vez mais e mudou a minha vida. Enquanto pessoa, enquanto Célia, fez-me crescer e aprender imenso sobre mim própria e vou ser sempre grata por ter acontecido.

Consegues referir influências que te tenham marcado ao longo dos anos?
As minhas grandes referências são Oscar Mulero e Planetary Assault Systems. Adriana Lopez, Dasha Rush, The Lady Machine e Helena Hauff as minhas referências no feminino. Nørbak e Temudo também o são, assim como toda a malta da Hayes, admiro imenso o trabalho deles. Contudo, como todo este mundo é de certa forma “novo” para mim, ando sempre na pesquisa e a tentar encontrar novos produtores assim como material antigo dos que gosto que nunca ouvi e é espectacular sempre que encontro grandes malhas, fico mesmo feliz.

Como é que te descreves enquanto DJ? E como é que interpretas, vês e preparas cada atuação?
Enquanto DJ prefiro espaços pequenos, que criem aquela vibe mais íntima e próxima. Adoro a escuridão, o hipnótico, a textura e aquele balanço dos sub graves. Sempre que vou tocar tenho em atenção o espaço, a hora, quem toca antes e depois de mim e tento imaginar os momentos. Preparo sempre pastas para cada atuação tendo isto em conta e depois na hora deixo-me levar, tentando traduzir a minha “cena” para a pista.

Tens apostado num novo projeto chamado FORMA. Consegues explicar-nos mais sobre isso, o teu papel e o que significa para ti?
A FORMA é um projeto meu e do Silêncio em que a melhor definição será “uma forma de criar”. A ideia passa sobretudo por organizarmos eventos mais no âmbito do deep, mas não exclusivamente, tentando ajudar a dinamizar a cidade onde vivemos – Paços de Ferreira – áreas ao redor, assim como trazer malta da cena que, não sendo tão conhecidos, são os que contribuem e ajudam a criar isto que é a rede da cena eletrónica portuguesa.

Obrigado, Célia. Para terminar, diz-nos: o que decidiste fazer para este podcast?
Já não gravava um podcast há algum tempo e estava com bastante vontade, sobretudo por ser para vocês que tanto contribuem para a divulgação e apoio da cena portuguesa. Basicamente fui à minha pasta de favoritas e tentei criar algo imaginando um peak time, transmitindo a minha essência. Espero que gostem e obrigada a vocês mais uma vez por tudo o que fazem e pelo convite.

Fotografia por Bruno Mesquita

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