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Sónar Lisboa: 10 atos que não queremos perder

24 Março, 2023 - 16:12

O Sónar Lisboa 2023 está quase a chegar e escolhemos 10 atos que queremos mesmo ouvir.

Não falta muito para a segunda edição do festival na capital portuguesa. O Sónar Lisboa 2023, que abre caminho para as celebrações do 30º aniversário da organização, acontece de 31 de março a 2 de abril, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.

Com o ciclo Sónar+D a tomar conta de dois espaços no parque, o festival terá a música dividida em quatro palcos: SonarClub, SonarPark, SonarVillage e SonarHall. Por lá, os nossos destaques passam por atos nacionais e internacionais que, por um motivo ou outro, merecem toda a nossa atenção.

É claro que estas escolhas são apenas uma amostra daquilo que vais poder ouvir no Sónar Lisboa em 2023. Por exemplo, Ana Pacheco, Francisca Urbano, Mingote, Yen Sung e Vil são cinco nomes nacionais que tens mesmo de apanhar, nem que seja para os conhecer caso nunca os tenhas ouvido.

No leque de internacionais, Max Cooper (live) certamente irá encher as medidas a muitos, bem como Sofia Kourtesis (DJ), Or:la, o espetáculo AV exclusivo de I Hate Models, VTSS, Colin Benders (live), Peggy Gou, Astra Club, o concerto de WhoMadeWho, o DJ set de Chet Faker ou o b2b entre Cormac e fka.m4a.

Fica a par dos horários para o Sónar Lisboa 2023 aqui. No site oficial, podes encontrar bilhetes e outras informações.

Enquanto não chega a festa, os 10 atos que não vamos querer perder:

Catarina Silva (Sexta-feira às 22h, Sonar Club)

Se vais ao Sónar e ainda não ouviste Catarina Silva, tens aqui a oportunidade ideal. O ponto negativo é que vai tocar apenas 1h a abrir o primeiro dia, mas acreditamos que a jovem tem mais do que capacidade para agarrar nesse horário com todo o engenho.

Catarina Silva é um dos nomes mais especiais da nova escola. As passagens cada vez mais regulares por diferentes clubes do país não são por acaso: a DJ de Santo Tirso sabe o que faz na cabine. Isso talvez se deva à história que partilha com o coletivo bracarense Dark Sessions ou à proximidade e trabalho na Alínea A, mas acima de tudo pela vontade e olhar atento que tem.

Desta DJ, podes esperar tudo: breaks, electro, house ou techno, mas sempre com coesão e paixão. Tudo menos o que a pista não precisa, claro. DD


James Holden live (Sexta-feira às 23h, Sonar Hall)

Lisboa é a primeira cidade a receber a apresentação ao vivo de “Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities”, o novo álbum de James Holden que está agendado para dia 31 de março. Segundo o próprio, aliás, é o disco mais sincero que compôs até à data.

Patrão da Border Community, label pela qual lança o novo disco e que já editou nomes como Nathan Fake, James Holden sabe caminhar por várias estradas, sejam elas mais etéreas ou mais festivas. Em Lisboa, no Sónar, o inglês de álbuns tão aclamados quanto “The Inheritors” (2013) vai mostrar a honestidade por trás da sua música, num momento que se espera tão íntimo quanto o iminente disco. DD

Skream b2b Mala (Sexta-feira às 3h, Sonar Hall)

O Sonar Hall vai entrar numa cápsula do tempo e recuar aos anos 2000, onde o dubstep dava os primeiros passos como género alienígena e aos poucos se entranhava nos ouvidos dos amantes da bass music. E muito o deve a estes dois pioneiros, Skream e Mala.

Estes colossos voltam a unir-se numa espécie de tributo às suas raízes, num b2b que não é novo, mas que é sempre bem-vindo. Mala, o mais veterano dos dois, é dono de uma das editoras mais relevantes no género, a Deep Medi Music, e foi responsável por muitos dos lançamentos de Skream. É um dos nomes mais respeitados na cena, não só pela sua fidelidade e consistência após tantos anos, como também pelo seu contributo inegável à proliferação do dubstep.

Já Skream gosta de vaguear mais entre géneros, sendo atualmente mais conotado a outros estilos musicais, como o techno ou o house, mas a sua discografia não deixa negar a ligação profunda que tem ao primeiro amor, tendo sido um dos maiores responsáveis pela origem do género com o seu hit Midnight Request Line, em 2006, e o boom do dubstep nos primeiros anos da década de 2010.

Vai ser interessante ver o enquadramento no restante alinhamento da noite, dada a ousadia que a curadoria do Sonar teve em colocar um set tão específico entre artistas como VTSS e Kink. Mas é este tipo de risco e desconstrução dos cânones típicos que esperamos de um festival como o Sónar. RC


DJ Nigga Fox live (Sábado às 18h, Sonar Village)

DJ Nigga Fox é um dos grandes que temos por cá. Porta-estandarte do verdadeiro som da diáspora que se ouve em Lisboa, Rogério Brandão é um mestre da batida (e de muito mais), com uma vertente rítmica incrível e imperdível. No Sónar, o destaque vai para o facto de atuar em formato live.

Responsável por discos tão incríveis quanto “Cartas Na Manga” (2019), Brandão é capaz de pôr o mundo a dançar – e que o digam os vários países que já o receberam. Um dos maiores exemplos do output incontornável da Príncipe, DJ Nigga Fox promete agitar corpos, sim, mas também todos os cérebros graças aos ritmos possantes e exploratórios que ninguém vai querer perder. DD

SHERELLE b2b Kode9 (Sábado às 19h, Sonar Village)

Só de pensar neste b2b já temos o ritmo cardíaco a disparar. Por um lado, SHERELLE, que (para a maioria) rebentou na cena quando a passagem por um Boiler Room em 2019 chamou a atenção de todos. Desde então que tem passado em tudo o que de mais relevante existe na cena eletrónica e, embora já tenha partilhado cabine com Kode9, nunca ambos partilharam um set ao vivo. E este veterano, por sua vez, é responsável pela proliferação do intitulado “hardcore continuum” na sua editora seminal Hyperdub e um dos maiores connoisseurs da cena bass.

Tudo isto torna o hype gigantesco. A curiosidade para saber como é que o público nacional os vai receber também, já que muitas vezes está pouco habituado a estas sonoridades. Dado o historial de ambos, é bem provável que assistiremos a um festim onde a desconstrução contemporânea da bass music esteja representada da melhor forma, com Lisboa a poder auferir de toda a sabedoria rave que ambos possuem. Footwork, juke, jungle, UK garage, dubstep, drum’n’bass (…), esperamos tudo e queremos tudo!

Venha a nós o vosso bass, assim de Chicago como do UK. RC


Héctor Oaks live (Sábado às 2h, Sonar Club)

Não quisemos ir pelas escolhas mais óbvias nesta lista, mas Héctor Oaks acaba por ser uma delas. Possivelmente um dos nomes mais reconhecidos no cartaz, este DJ e produtor é um dos maiores casos de sucesso a sair de Espanha em anos recentes. Há motivos para tal, pois claro, como é caso da habilidade para os pratos.

Mas não foi por isso que o escolhemos como um dos atos que não vamos querer perder. A escolha recai sobre o facto de Héctor Oaks regressar ao Sónar Lisboa para um live act, um formato que nunca ouvimos do espanhol, num momento que assinala até, senão a primeira, uma das primeiras atuações nestes moldes.

Que o residente das festas Herrensauna é capaz de nos deliciar com discos rápidos e enérgicos e com temas tão distintos quanto Take A Shot (como ouvimos no festival Neopop), Billie Jean (ouvido na festa de carnaval do Neopop no Porto) ou Lose Yourself, já todos sabemos. O que ainda não sabemos é o que esperar deste live act e, por isso, vamos estar de ouvidos bem abertos. DD

Throes + The Shine (Sábado às 5h, Sonar Hall)

Os estrangeiros que passem pelo Sonar Hall no final da noite de sábado talvez não conheçam Throes + The Shine, mas por cá é um nome bem sonante. Trio luso-angolano de eletrónica de dança com muita africanidade, kuduro, pitadas de rock, energia abundante e muito mais, o projeto continua a pôr tudo a mexer mais de 10 anos após “Rockuduro”, álbum de estreia com título autoexplicativo.

Igor Domingues, Marco Castro e Mob Dedaldino editaram “Aqui” no ano passado, disco que sucedeu “Enza” (2019). Esse último, note-se, foi outro dos trabalhos dos Throes + The Shine que teve direito a um álbum de remixes, com convidados que vão desde Dj Ademar a Rompante. Mais uma prova, claro, da vontade de fazer dançar.

Por isso, e tendo em conta que será a fechar um palco (5-6h), esta é uma escolha obrigatória para nós. Ouvir a energia deste trio a tocar ao vivo num horário não tão habitual para a banda? Sim, por favor. DD

King Kami (Domingo às 14h, Sonar Club)

King Kami é um nome em constante crescimento que conquista corações e ouvidos em Lisboa semana sim, semana sim. Munida do baile funk, do brega, tecnobrega, drum’n’bass e as mil e uma fusões à la SoundCloud, não há uma pessoa que se tenha arrependido de, naquela noite, ter escolhido ir ouvi-la em vez de outro artista qualquer.

Começou nos espaços mais underground lisboeta como a Aposentadoria, quando pertencia ao duo Cara//Vag//Yo, mas com o passar dos anos acabou por quebrar todas as salas em Lisboa, Porto, arredores, festivais como o Primavera Sound (que a confirmou de novo este ano) e agora também pela Europa, tendo passagens recentes por Bordéus e Barcelona.

Atualmente tem também a Aperreada, a sua residência mensal no Musicbox. Kami explora não só os géneros mais puros da música de dança brasileira contemporânea como também todos os herdeiros dela que exploraram caminhos diferentes como o techno, o electro, o drum’n’bass, e também as ondas que vêm no sentido inverso e são apropriadas pelos ritmos do baile funk para ganharem uma nova vida. Se tem King Kami, o dia vai ser bom. Eficácia 100%. FC


Cinthie live (Domingo às 18h30, Sonar Village)

Ter crescido na Alemanha e vivido grande parte da vida em Berlim já é meio caminho andado para perceber da poda. No caso de Cinthie, isso é mais do que certo. A alemã responsável por um dos últimos DJ-Kicks conhece discos até mais não e isso é evidente a cada atuação, como no caso das recentes passagens por Plano B e Lux Frágil.

No Sónar, no entanto, Cinthie apresenta-se em formato live, razão principal para ser uma das nossas escolhas para esta lista. Da patroa da label 803 Crystal Grooves e da loja de discos Elevate Berlin esperamos por muito house, sim, mas também pitadas de techno e tanto mais. De Chicago a Berlim, de Detroit a Bristol, esta atuação promete ser um dos destaques do festival. DD

Violet b2b Photonz (Domingo às 23h30, Sonar Club)

De encerramentos destes gostamos nós. No ano passado, Violet e BLEID fecharam o Sónar Lisboa da melhor maneira. Em 2023, a patroa da naive volta a assinar um b2b cheio de cumplicidade para rematar o festival, desta feita ao lado de Photonz. Formatos destes são sempre interessantes para ver como dois DJs respondem ao desafio, mas é possível que Violet e Photonz pareçam um só no Sonar Club.

Juntos há vários anos – na cabine ou em projetos como Rádio Quântica, mina ou o mais recente e essencial Planeta Manas – Violet e Photonz trilham também os seus próprios caminhos. Inês Coutinho toca um pouco por todo o lado e, além da sua naive, destaca-se não só pelo DJing, mas também por discos como o álbum de estreia, “Bed Of Roses” (2019), ou o imprescindível “HEART/BREAK HARD/CORE”, um dos nossos favoritos de 2023 até à data.

Marco Rodrigues é outro que tal. Capaz de assinar histórias brilhantes, como a que contou recentemente no lisboeta Vago, e produções tão incríveis como as de “Nuit” (2019), “Planetary Spirit” (2022) ou até as que fez ao lado de Shcuro e Yen Sung, este DJ e produtor é um nome essencial no panorama atual do nosso país, ele que está também prestes a voltar a colocar a saudosa One Eyed Jacks no mapa.

A melhor parte deste momento será certamente o gosto apurado de ambos. Podes esperar por tudo que há do bom e do melhor no mundo dos breaks, do house, do techno e de tudo mais, sempre com a possibilidade de viajarmos por temas clássicos ou outros escondidos que nem sequer reconhecemos. Magia garantida. DD

Textos por Daniel Duque, Francisco Couto e Rui Castro. Imagem por Catarina Ribeiro.

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