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Diana A.

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Reportagem

LISB-ON: o relato de quem dançou (e se deitou) no jardim sonoro

11 Setembro, 2018 - 12:58

O LISB-ON Jardim Sonoro é um dos festivais mais importantes do ano em Lisboa. São três dias de música, todos diferentes, mas cada um com um toque especial. A quinta edição foi cheia de sorrisos, bolhas de sabão e boa música.

Durante o fim de semana o calor apertou na capital, mas nem isso foi impedimento para os participantes do LISB-ON Jardim Sonoro. No Parque Eduardo VII havia ventoinhas, onde os mais encalorados se puderam refrescar. Mais ainda, o evento tinha uma panóplia de espaços apetecíveis: camas de rede, camas elásticas e ainda um bar sobre rodas.

O LISB-ON começava às 14h normalmente, e cobria os vários momentos do dia com a banda-sonora mais apropriada. Os finais de tarde eram descontraídos. A música era já por si animada e vibrante, com toques de jazz, funk e soul. A relva era infinita e atrativa. Houve quem levasse o pano e fizesse um piquenique ou simplesmente quem preferisse aproveitar a música sentado. Esta foi a opção de muitas famílias, um dos públicos principais ao longo das tardes do festival.

No entanto, depois do sol se pôr, o techno (e não só) invadia as colunas do palco principal e uma nova viagem iniciava. E claro, ao longo dos três dias houve atuações que marcaram.

O lisboeta HNRQ, que tão bem conhecemos, foi o primeiro a pisar o palco principal do LISB-ON na sexta-feira. Seguiu-se um Todd Terje altamente instrumental e com muito ritmo. Não estávamos ainda na onda do techno, mas já havia uma energia dançante a querer emergir. Michael Mayer entrou suavemente ao final da tarde, mas foi fazendo a transição durante o seu set. No final já tinha a multidão em êxtase.

Uma boa preparação para quem viria depois: Radio Slave. Foi 1h30 de música de qualidade, com muito ritmo, boa seleção e, acima de tudo, boa mistura. Um set totalmente dançável. Escusado será dizer que Rødhåd terminou em grande, naquele que era um dos momentos mais aguardados pelos presentes. Assim, o final do primeiro dia foi garantido por mais um alemão, que, com o seu toque ímpar, levou a multidão numa viciante viagem. Quando acabou, ninguém queria acreditar.

Sábado era um dos dias mais esperados do LISB-ON. Afinal, St. Germain e Maceo Plex cobriram mais do que cinco horas do nosso dia. Antes disso, no entanto, Pedro e João Tenreiro aqueceram a tarde com uma vasta seleção. Um momento que nos demonstrou a química entre pai e filho nos decks.

St Germain dispensa apresentações, e chegou acompanhado por uma banda com diversos instrumentos, como saxofone, guitarras, instrumentos tradicionais do Mali ou teclados. É o cruzamento entre músicas do mundo e a música eletrónica. Foi assim a sua atuação, com diversos momentos. Terminou com ritmos dançantes, preparando o público para o que viria a seguir.

Maceo Plex começou um pouco mais tarde do que o suposto, mas isso não foi um problema. O seu set de 5h horas foi uma viagem por mundos hipnóticos e tribais. Começou-a da mesma forma que terminou: com um sample da música Riders On The Storm dos The Doors a correr pelos nossos ouvidos dentro. Pelo meio, também o dj holandês Young Marco, que tinha atuado no palco secundário, se juntou a Maceo para um b2b muito animado. No final do set, como não poderia deixar de ser, ainda houve tempo para êxitos como Solitary Daze e Mirror Me.

Já o último dia foi especialmente diversificado. Como sempre, o registo mais suave aconteceu durante a tarde. O primeiro do dia foi Liamba, ou Joaquim Quadros, também radialista da Vodafone Fm. Um set meio retro, ideal para o início de um domingo. O italiano Daniele Baldelli entrou às 16h30 e animou o público com a sua eletrónica suave que se fundia com outros estilos musicais, desde rock a afrobeat, mas muito cósmica e disco. O também veterano Mr. Scruff ofereceu um set tropical, passando hits como Oba, lá vem ela de Jorge Ben Jor e outras sonoridades com muito ritmo, que envolveram samba, MPB ou forró.

Já Larry Heard aka Mr. Fingers, na sua primeira vez em Lisboa, também não falhou. Em jeito de surpresa veio acompanhado pelo seu protegido Mr. White, que colaborou consigo nos vocais, e juntos deram voz a vários clássicos do house music. Sendo Larry Heard um dos “pais” do house, a sua atuação foi uma ode a essa categoria. Um live cheio de amor, que terminou com a sua música A Day in Portugal. Por essa altura, Margaret Dygas, também animava quem a ouvia da melhor forma no palco secundário.

Por fim, Kerri Chandler encerrou o LISB-ON Jardim Sonoro com um grande agradecimento ao seu público e um passeio pela multidão depois de nos ter dado uma lição de duas horas de house music. Destaque especial para o momento em que chamou Larry Heard ao palco para uma homenagem, convidando-o para tocar a música Can You Feel It nas teclas. Um momento cheio de simbolismo, pois esta música de Heard, datada de 1986, é considerada por muitos como o início do deep house.


Uma das questões mais problemáticas em anos anteriores, as filas, não o foi neste ano. O LISB-ON Jardim Sonoro não atingiu a sua capacidade máxima, certo, mas, se o tivesse feito, isso não teria sido um problema. Mais uma vez, foi implementado o sistema MB Way para facilitar a vida a todos. Mas estes fatores pouco interessam. O que interessa é que este foi um fim de semana em cheio, com felicidade bem evidente na cara de todos, boas vibrações e, acima de tudo, muita boa música.

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