AUTOR

Daniel Duque

CATEGORIA
Entrevista

Nørbak: “Não estou preocupado em ver o ‘Flesh to Ashes’ a bombar em pistas”

29 Janeiro, 2021 - 11:58

O primeiro álbum da promessa que se tornou certeza saiu esta sexta-feira. Desde Amarante, Nørbak mostra agora o seu trabalho mais pessoal até à data.

Artur Moreira conheceu o techno por meio de amigos e rapidamente ficou rendido a esse mundo, mas o amarantino não quis ser mero espetador. Decidido a conhecer mais, Nørbak procurou e estudou, numa jornada pessoal que levá-lo-ia até ao ponto em que se tornaria numa jovem promessa do cenário português, tanto nos decks como em estúdio.

2020 foi prova da sua afirmação no circuito internacional, embora já chamasse a atenção em anos transatos. Logo em janeiro, estreou-se pela MindTrip, de Pfirter, e desde então passou por selos como a Grey Report, num EP ao lado de Temudo, e a Soma, pela qual lançou “Comfort The Disturbed” e “Struggle In Vain”.

Agora, abre este novo ano com o seu primeiro longa-duração, “Flesh to Ashes”, editado pela Warm Up, de Oscar Mulero. Dedicado à memória do seu pai e disponível em vinil e digital, este álbum é o seu trabalho mais pessoal, tanto que o membro da Hayes não está “preocupado se vai bombar em pistas”.

Artur Moreira quer que este seja um LP “intemporal”, e talvez seja por isso que, aliado ao seu techno mental e visceral, há aqui novas explorações sónicas que dão, desde já, pistas para uma nova fase que o DJ e produtor quer começar na sua carreira. “Quis fechar um ciclo e não havia melhor maneira de o fazer senão com um álbum”, conta-nos nesta entrevista.

À conversa com A Cabine, Artur Moreira fala sobre o seu “Flesh to Ashes” e sobre uma série de outros tópicos, que vão desde o seu início até ao futuro, passando por assuntos como a música que o tem acompanhado ou até a inspiração e gratidão que tem sentido ao longo da sua história como Nørbak.


Stream: Spotify, Apple Music, TIDAL

Já passaram uns quatro anos desde que começaste a lançar por labels como a 91 Records e a Underdub. Que recordações tens desse tempo e desses primeiros lançamentos?
Era uma altura em que ainda estava à procura do que queria fazer. Artisticamente sentia-me um bocadinho perdido – olhando para trás, é um pouco essa a sensação que fica. Por outro lado, havia um mundo por descobrir, e isso infelizmente é uma coisa que já não sinto tanto hoje em dia, agora que já sei mais coisas do que quando comecei, naturalmente. Às vezes acaba por não ser tão empolgante voltar a fazer música quando é altura de fazer música. Com o passar dos anos, parece que a inspiração é uma coisa um bocadinho mais instável para mim do que nessa altura, em que era muito mais constante. Agora, se for preciso, fico provavelmente um mês sem fazer música e depois passo uma semana, de manhã à noite, a fazer umas 20 músicas, algo assim do género.

Na arte, há quem toque nesse pormenor de nos começarmos a sentir dentro de um certo padrão. Isto é algo que sentes? É algo que te tira o à vontade para produzir livremente, por exemplo?
Talvez. Não sei arranjar uma explicação em específico para este fenómeno. Já tentei pensar muitas vezes no que é que poderia ser, e é um bocadinho difícil arranjar uma explicação. Inspiração é uma coisa que é difícil pôr por palavras o que se está a sentir quando não a tens – e o que estás a sentir quando a tens também. É um fenómeno muito estranho. Por um lado, até é fixe haver esta parte misteriosa e imprevisível no que toca a inspiração. Acabo por me surpreender sempre e acaba por dinamizar mais para não ser sempre tão monótono. É que apesar de o início ser algo muito mais estável, também era uma coisa muito mais monótona porque eu sabia que, à partida, se eu abrisse o Ableton ia conseguir fazer uma música. Agora, como as coisas mudam…

Por falar no Ableton: o que é que mudou no teu processo de produção desde então? Consegues definir alguns pontos que sintas que tenham mudado?
Sim. As minhas condições acabaram por melhorar um bocado naturalmente, mas depois começas também a treinar o ouvido. Começas a ouvir música das pessoas que tu gostas com mais atenção e não de forma tão superficial – e quando digo superficial não é com uma conotação negativa…

Falas de estar mais atento aos detalhes…
É, agora é estar mais atento aos detalhes. Antes ouvia para apanhar o todo, agora parece que tento desconstruir um bocadinho mais os elementos e a atentar mais à parte técnica do que antigamente, e isso acaba por influenciar a tua música. Já não é só uma questão de “gosto daquele synth, gosto daqueles pratos”, é uma questão de conjugar tudo de forma harmoniosa que faça sentido.

Quanto tempo é que demoras a fazer uma música? Ou é incerto?
É extremamente incerto. Por exemplo, a última que eu fiz, há cerca de uma semana, estive uns três dias à volta dela, mas há cerca de um mês fiz um EP de seis faixas no período de três dias – e eventualmente acabei mesmo por fechá-lo numa editora. É muito instável, muito incerto. Lá está, é como eu disse no princípio: inspiração é um bicho difícil de controlar, diga-se assim.

Num campo mais pessoal, desde essa altura em que começaste a trabalhar nisto, o que é mudou na tua vida? Por exemplo, paraste de estudar e penso que ainda não voltaste.
Sim, parei de estudar, mas essa é uma decisão que, acima de tudo, surgiu por não estar contente com o que estava a fazer. Essa infelicidade do que estava a fazer, aliada ao facto de a minha parte da música estar a avançar, fez-me tomar essa decisão. Mas, a nível pessoal, acho que a maior mudança foi mesmo começar a ter umas ideias novas, começar a abrir um bocadinho mais os horizontes. Fez-me crescer muito como pessoa porque acabas por ter de lidar com muitas pessoas, com muitos feitios diferentes. Cada um tem a sua maneira de ser, cada um tem os seus aspetos positivos e, como uma pessoa que tem de lidar com imensa gente, tens de te adaptar. Nunca sabes bem o que te vai calhar, portanto tens de estar um pouco aberto a todo o tipo de pessoa, com os seus defeitos, virtudes e tudo mais. Tens de te saber adaptar e tentar tirar o melhor delas, e isso é um exercício que também me fez crescer imenso como pessoa.

De repente, vês-te com reconhecimento de outros artistas, lançamentos por boas labels. Tu pensas no que é que poderá ser o teu futuro? Ou vais deixando o dia-a-dia correr e não pensas que poderás eventualmente fazer disto vida?
Atualmente faço disto vida. Não é diretamente com a parte das datas, como é óbvio, mas tenho outros projetos em que trabalho e que conseguem sustentar financeiramente. Dou aulas neste momento, também ajudo algumas pessoas a guiarem-se artisticamente e tudo mais, e nesse aspeto não me posso queixar. As coisas que estão na minha mão e que estão diretamente relacionadas com o que eu faço, posso contar com elas. A parte de tocar não é algo que esteja diretamente relacionado comigo porque eu preciso que alguém me convide. É uma coisa muito instável e eu nunca contei muito com isso a 100%. E apesar de os últimos tempos me terem corrido muito bem, e eu sinto-me extremamente grato por isso, não posso tomar isso por garantido. Tenho sempre os meus planos à parte, mas, como é óbvio, como qualquer artista que exista, quero viver da música a 100%. Quero ter a liberdade financeira para o poder fazer. As coisas não são assim tão fáceis, especialmente agora.

“Tenho sempre os meus planos à parte, mas, como é óbvio, quero viver da música a 100%”, conta-nos Nørbak (fotografia por José Vieira)

Estava a perguntar numa lógica de curiosidade, como é que é isto de haver um salto repentino. É curioso.
É o tipo de coisa que, se calhar, não sinto tanto porque estou a viver as coisas. É mais gradual e é um bocadinho surreal para mim ainda. Sinto-me extremamente grato, mas tento não pensar muito nisso. Sou uma pessoa um pouco pessimista, toda a gente me diz que devia viver mais o momento, mas eu sou assim. Prefiro distanciar-me, não ficar demasiado contente com o bem que me acontece para continuar a ter aquela força para trabalhar, como quem ainda não fez nada.

Ainda nesta lógica mais pessoal: estando lá dentro, como é que tu vês o papel da Hayes?
A nossa visão é muito fácil de explicar. Nós tentamos promover techno bom, que realmente tem um contributo positivo para a cena. Tentamos marcar a diferença, seja pelos artworks, seja pela música em si, os textos… Tentamos marcar a diferença em detalhes que, se calhar, as pessoas nem reparam, mas que para nós são detalhes que contam imenso. Tentamos marcar a diferença pela forma como abordamos as pessoas nas nossas redes sociais, como promovemos os nossos lançamentos, por um estilo de techno que é uma coisa a pensar mais à frente, se for preciso também a pegar em elementos do que já se passou na história do techno, seja em que período for. Mas sempre a pensar no futuro, sempre com o intuito de impulsionar o projeto para a frente, sem estagnar nem ir para trás.

E este trabalho que vocês fazem, esta camaradagem que há entre vocês, é algo que te motiva a nível individual? Dá-te algum boost na vontade de fazer música?
Claro, sem dúvida alguma. E acho que qualquer um de nós vai dizer o mesmo. Este sentimento de pertencer a alguma coisa, fazer parte de uma equipa, fazer parte de algo que é maior do que nós individualmente. É algo que me motiva todos os dias e dá-me força para continuar, mesmo em tempos complicados como foram estes últimos meses. Ajudamo-nos uns aos outros.

Tocaste aí no ano passado. Olhando de fora, uma pessoa como eu vê que foi um ano em grande. Lançaste pela MindTrip, pela Soma, foste remisturado pelo Kwartz… Qual é o balanço que fazes de 2020?
Musicalmente, para mim foi um ano muito especial. Foi um ponto de mudança, a minha música começou a mudar um bocado. Assinei na Soma, o Lewis Fautzi convidou-me para fazer um remix para ele e durante a quarentena fiz imensa música de que me orgulho imenso e que, felizmente, vai sair durante este ano. Portanto, não foi um ano muito triste para mim. Há sempre aquela parte complicada, que é o facto de uma pessoa ter planos de ir ali ou acolá tocar. Era suposto ir à América do Sul e à Rússia e uma pessoa começa a ter sonhos de poder fazer isto a sério, mas acabou por não acontecer por causa disto tudo. Ainda assim, não me posso queixar das oportunidades que tive antes desta situação toda. Agora é esperar pelo futuro.

Olhando para 2021, vem aí o teu primeiro álbum, que vai sair pela Warm Up, pela qual já havias editado no passado. Como não estou bem a par, gostaria de saber como é que a tua ligação com o Oscar Mulero surgiu.
Isto começou tudo pelo primeiro disco que lancei em vinil, que foi na Affin, um split EP com o Svarog, “Aglar / Hara”. Passado duas, três semanas de esse disco ter sido editado, o Oscar Mulero tocou no Festival Forte e tocou essa música. Mandei uma mensagem a agradecer por ele ter tocado e ele respondeu “de nada, gostei muito desta música”. Passado alguns meses, editei o “Mara” na Dynamic Reflection, e ele andou a tocar uma das faixas originais desse EP durante muito tempo. Voltei a mandar mensagem, agradeci outra vez e sugeri que podíamos começar a pensar em assinar um EP pela Warm Up. Entretanto, enviei-lhe música e foi por aí, assinei o meu primeiro EP, o “Faktor”. A partir daí estivemos sempre em contacto – ele envia-me música, eu envio-lhe música, trocamos ideias.

A ideia do álbum: lembro-me que foi uma semana antes de eu ir para uma tour na China que lhe enviei um pack gigante de música que tinha acabado, com umas 20 faixas ou assim, e ele disse que queria pegar em algumas para lançar o meu primeiro álbum, em vinil e tudo mais. Fez-me um convite oficial e eu tive de aceitar, como é óbvio. Depois, estivemos alguns meses a trocar ideias – eu enviava-lhe músicas e ele dizia “gosto desta, não gosto, se calhar temos de ir mais por esta estética”. Daí acabámos por fechar o álbum. Por acaso foi bastante rápido e foi uma experiência muito enriquecedora para mim.

O que é que representa para ti este “Flesh to Ashes”?
É estranho falar nas coisas quando elas têm um peso grande para mim. Este álbum diz-me mesmo muito. Para mim, é um bocadinho a renascença. “Flesh to Ashes” vem da fénix, que morre e passa a cinzas antes de renascer. É como que um ciclo a acabar para começar outro ciclo. Em parte, revi isso por causa da morte do meu pai, senti que morreu uma pessoa de quem eu gostava muito, mas abriu portas para outra pessoa, eu, crescer e melhorar. Passar por essa merda, que me custou imenso, fez-me crescer enquanto pessoa.

Sempre quis dedicar alguma coisa ao meu pai, e este álbum foi uma excelente oportunidade para isso. Fez todo o sentido, alinhou-se tudo, até porque a minha música também vai mudar um pouco a seguir ao meu álbum. Quis fechar um ciclo e não havia melhor maneira de fechar senão com um álbum. A intenção que eu queria pôr, o contexto… bateu tudo certo. Por acaso foi das poucas coisas que correu bem na música sem grande pensamento por trás [risos].

Dizes que é dedicado à memória do teu pai. Isto era algo em que pensavas durante a concepção do trabalho ou foi depois de o terminares que pensaste “este álbum está uma peça que sinto que pode ser dedicada à sua memória”?
Eu sabia que o meu primeiro álbum – e eu sempre disse isto, sempre, desde o dia 1 – ia ser em memória do meu pai. Sempre soube, sempre tive certeza disso. Enquanto estava a fazer, claro que essa ideia ficou um pouco atrás da cabeça, mas sem querer que isso influenciasse demasiado a música. Permiti apenas que tivesse um certo impacto.

Aliás, houve imensa música que eu fiz, experimental, ambient e tudo mais, para entrar neste álbum, e nesses casos foi mesmo cheio de intenção atrás da cabeça. Muita acabou por não entrar no álbum, mas irei eventualmente lançar. Lá está, em algumas deixei que essa mistura de sentimentos – a raiva, o amor, a saudade, tudo – influenciasse demasiado a música e não ficou um produto como queria que ficasse, portanto tivemos de excluir algumas.

Como está, sim, foi feito com essa intenção. Isto vai ser dedicado ao meu pai, quero que esteja aqui de uma maneira como nunca estive. Acho que consegui fazer isso.

Sentes que é um lado mais “honesto” do que aquele que apresentaste anteriormente noutros trabalhos?
Honesto não diria, mas diria que é um trabalho muito mais pessoal. Com este álbum, não estou preocupado se este lançamento vai funcionar numa pista, por assim dizer, se bem que tem música que é de pista e tudo mais. Foi mais numa perspetiva conceptual. Até pode funcionar bem na pista, mas não foi feito para isso, enquanto num EP, por exemplo, tenho sempre mais esse objetivo, fazer música que funcione em pista. Neste álbum, decidi mesmo explorar sons, sound design sem pressão. Não estou preocupado se isto vai bombar em pistas, não estou preocupado com nada disso. Quero que seja intemporal, não quero que seja algo que esteja agora a bater e, se calhar, daqui a dois, três anos é esquecido.

É um trabalho descomprometido de expectativas do público. É teu.
Completamente. É uma coisa minha e não estou mesmo à espera que ninguém ande a tocar aquilo. Quero que seja uma coisa aceite por toda a gente. É algo meu, o meu trabalho, as minhas experiências, é uma coisa com grande sentimento para mim.

A estética “vai mudar um pouco”, mas “há um fio condutor entre o Artur de há quatro anos e o Artur de agora” (fotografia por André Teixeira)

Disseste há pouco que marcava um final de um ciclo. O que é que isso quer dizer? A tua sonoridade vai mudar?
Não vai ser nada drástico. Não vou começar a fazer rave techno nem nada do género [risos]. Vai mudar um pouco, estou a trabalhar com sonoridades diferentes e a estética em si mudou um pouco. Há um fio condutor entre o Artur de há quatro anos e o Artur de agora, não é tão drástico como vemos em alguns casos. É uma progressão que faz sentido. Foi uma progressão pensada e com o que realmente estava a sentir na altura. E agora estou a sentir que é a altura de mudar um bocadinho as coisas. Tive algum tempo naquela estética, agora estou a mudar um nada, e isso vai-se ver aí em alguns lançamentos que vou ter depois deste álbum.

Falaste da exploração de sonoridades mais ambient, mais experimentais. Podemos esperar por isso mais vezes ou não está necessariamente planeado?
Para já não tenho nada planeado, se bem que eu gostava de um dia debruçar-me bem sobre essa estética e tentar fazer uma coisa diferente. Mas, enquanto eu sentir que estou a fazer uma coisa que se calhar é parecido com o que anda aí, não me sinto capaz de editar aquilo e ficar contente com o resultado. Com tempo, sem pressão, já tenho algumas nessa estética que me agradam imenso e estão guardadas. Eventualmente vão ser lançadas, mas tem de fazer tudo sentido e sem pressão.

Quando estás pelo Ableton, aventuras-te noutros estilos, nem que seja numa lógica de diversão?
Sim, sim. Claro. Ultimamente é o que tenho feito mais até. Sei lá, faço jungle, breaks, drum’n’bass vou tentando, mas caio um bocadinho mais para o jungle. E umas cenas algo viradas para Burial. Gosto mesmo de experimentar com esses géneros todos, mas não fujo muito do ambient, experimental e destes que disse.

Já que estamos a falar destes outros géneros, pergunto: o que é que tens ouvido?
Tenho ouvido imenso Roly Porter, imenso The Soft Moon, estou sempre a ouvir uma mixtape que o Regis fez há uns anos em nome próprio. Esta é sempre uma constante, esta e The Soft Moon são duas constantes. Pelo menos uma ou duas vezes por mês tem de ser [risos]. Mas sim, é por volta disto, infelizmente agora não tenho tido muito tempo para procurar música. Com esta parte das aulas, e depois também há coisas para fazer na editora e tudo mais, infelizmente não estou com muito tempo. Para o próximo mês já devo estar mais folgado e faço questão de investigar tudo que se passa à volta.

Quando ouves estas coisas de que gostas particularmente também estás com o ouvido atento, como falaste há bocado? Ou deixas-te levar e estás só a curtir?
Depende. Se houver alguma componente bastante óbvia que tenha elementos eletrónicos, como sintetizadores que saltem muito à vista, ou até que eu repare que tiveram algum computador ou um DAW ali a trabalhar no arranjo dos ritmos ou algo assim, o meu cérebro ativa logo essa parte de que falei. Agora se for algo como Linda Martini, é aquele tipo de música que estou completamente desligado, não estou a tentar analisar nada demasiado, como faço com a música techno.

Mudando de assunto: agora tens atuado como residente do Física e Química, na Antena 3. Enche-te de orgulho? Como é que vês esta oportunidade?
Sinto-me muito orgulhoso, como é óbvio. É sempre bom dizer à minha mãe “olha vou gravar ali o programa para a Antena 3, está bem”? [risos]. Orgulho-me imenso, sinto que é um bocadinho legitimar o meu trabalho. Já não é assim tão brincadeira quanto isso quando tens a responsabilidade de fazer um programa, tens de fazer o guião para o programa, tens de planear tudo direitinho, tens de recolher música, tens de ser um pouco neutro e mostrar um bocadinho de tudo… É uma responsabilidade diferente e de que gosto imenso. Estou muito grato pela oportunidade e, a cada passo, agradeço ao Rui [Estêvão]. Enquanto tiver disponibilidade para isso, e enquanto o Rui também tiver interesse, hei de continuar a fazer durante o tempo que fizer sentido.

Para terminar, queria também perguntar se tens planos para 2021.
Em termos de lançamentos, tenho o ano praticamente todo feito. Estou só a limar umas arestas para um EP que tenho na Hayes, que é o único que me falta fechar a 100%. Tirando isso, tenho ainda um ou outro remix ainda por acabar, mas expectativas não tenho muitas. Por exemplo, na parte das datas nem sei o que dizer. Espero que pela altura do verão uma data ou outra apareça para matar a saudade.

Vais estrear-te por novas editoras ou vais andar um bocadinho à volta do mesmo?
Vou. No final deste ano, vou estrear-me numa editora que já há muito tempo procuro. Provavelmente foi a primeira editora a que enviei uma demo há muitos anos, foi a editora que mais tentei desde o primeiro dia em que comecei a fazer música. E finalmente consegui.

Isto acaba por significar que o teu trabalho está a ser reconhecido por alguém ou por alguma coisa que sempre procuraste, não é?
Sim, e fiquei muito feliz quando recebi a notícia de que o EP foi assinado. Liguei logo à minha mãe e fiz uma festa.

Fotografia de capa por Diogo Almeida

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